Escravidão, mortalidade e doenças: notas para o estudo das dimensões da diáspora africana no Brasil. In: XIX Encontro Regional de História - Anpuh-SP, 2008, São Paulo. Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, violência e exclusão, São Paulo, 2008. (original) (raw)
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Recuperar uma história dos corpos envolvidos em tão duras condições de subalternidade e, ao mesmo tempo, rever as narrativas propostas por uma história da medicina monopolizada pelo saber médico masculino, eurocentrado e aparentemente vitorioso, é um limite que começamos a alcançar por meio de novos estudos e abordagens, presentes neste livro. Os textos também nos ajudam a entender práticas dos próprios escravizados que cuidavam de seu corpo a partir de ensinamentos trazidos de seu continente e experiências pregressas. Voltamos, portanto, nossos olhos, mais uma vez, para corpos escravizados, mas neles descobrimos horizontes de experiências das durezas da escravidão e das alegrias das vivências sociais, comunitárias, familiares e amorosas.
A diáspora africana na América Latina, tolerância opressiva e perspectivas de transformação
Revista Extraprensa, 2010
A violência étnico-racial é o elemento fundante do modelo de relações sócio-políticas na América Latina. Diante disto, os mecanismos de poder e resistência se expressam em uma práxis de caráter racial, constituindo arquétipos como o mestiço que, de forma ambivalente, tanto servem para os projetos de subjugação política como determinados projetos de afirmação nacional. É no campo dos embates étnico-raciais que também surgem as possibilidades de subjetividades políticas alternativas no continente.
disciplina as discussões versaram em torno da experiência do povo negro nas américas, objetivando contemplar, dentro dos limites da carga horária, as vivências que se denrolaram em países da América do Sul e Central, trazendo à luz narrativas pouco estudadas e/ou desconhecidas pela historiografia contemporânea brasileira. Neste sentido, o texto aqui em questão, seguirá pela mesma lógica, onde o principal objetivo é discutir a experiência diaspórica do povo negro com ênfase na construção das territorialidades como estratégia de resistência. Como base, utilizei, além dos textos de Joseph Miller (1997), Marquese e Parron (2011) e Klein (2012)-trabalhados na disciplina-, bibliografias que tratam, mais especificamente, dos conceitos de diáspora, resistência e territorialidade, com Sack (2011).
A arqueologia da diáspora africana nos Estados Unidos e no Brasil: problemáticas e modelos
Afro-Ásia - Centro de Estudos Afro-Orientais, 2014
This article presents an overview of the main issues that have been discussed on the subject of Archaeology of African Diaspora in the United States and in Brazil, adding, when pertinent, information on the contexts of the Caribbean. The goal is to furnish a wide overview on the development of the field over the last forty years, as well as to discuss the changes in the theoretical models used to explain the social dynamics of African populations within the diaspora.
Verificamos importantes avanços na historiografia atual sobre a escravidão. Sob diversos ângulos vemos muitos autores debruçarem-se sobre as múltiplas características dos universos sociais escravistas em áreas urbanas e rurais, examinando o cotidiano, os arranjos familiares e as sociabilidades diversas nos dois lados do atlântico. Avançou assim, através de temáticas mais amplas que vem sendo investigados pela historiografia sobre a escravidão, estudos da formação da família, entendendo outros aspectos da agency 1 e da cultura escrava. 2 Além disso, inúmeros aspectos da cultura material africana, vistos como cruciais para a formação de laços de solidariedade e identidades entre os escravos, passam a ganhar destaque. Logo, padrões de mortalidade e morbidade no interior das senzalas podem ser analisados considerando a experiência escrava e a complexa rede de significação tecida no universo do trabalho. Como apontou Slenes: "é possível recuperar no olhar branco um lar negro coerente com os novos dados demográficos", mas antes é preciso conhecer "o espaço marcado pelo encontro entre a herança cultural africana dos escravos e sua experiência no cativeiro" (SLENES, 1999: 142). Deste modo, inseridos neste movimento de revisão historiográfica, para além das leituras caricatas a respeito da saúde e doença entre a população cativa, propomos demonstrar -numa perspectiva historiográfica --como as análises em torno das doenças * Mestranda do Programa de Pós-graduação de História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Bolsista da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). 1 Pensamos aqui nas perspectivas de E. P. Thompsom, particularmente nas suas noções de experiência que possibilitará apreender a agency e as relações senhor-escravo. De forma clássica, Thompson alertou em a Miséria da teoria sobre os problemas teóricos diante da expulsão analítica da agência humana da história, desconsiderando os sujeitos e as experiências do processo histórico. Ver: THOMPSON, E. P A miséria da teoria, ou um planetário de erros: uma crítica ao pensamento de Althusser. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. 2 Ver importante análise em: SLENES, R. Na senzala uma flor: as esperanças e as recordações na formação da família escrava-Brasil Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.