Considerações sobre o massacre de Realengo (original) (raw)
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O massacre de Realengo na retrospectiva de Veja: entre a memória e o esquecimento
O presente trabalho versa sobre tensões entre memória e esquecimento presentes nas narrativas jornalísticas. Busca-se compreender, à luz dos conceitos ricoeurianos de “dever de memória” e “abuso de esquecimento”, os desafios e contradições suscitados pelo trabalho de memória operado pelo jornalismo. Para tanto, observa-se analiticamente um episódio da cobertura do massacre de Realengo feita pela revista Veja que se desdobrou em duas edições: a de 28 de dezembro de 2011, em que o periódico apresenta a Retrospectiva de 2011 e dedica uma matéria à tragédia ocorrida no Rio de Janeiro; e a de 4 de janeiro de 2012, na qual a revista publica a carta de uma professora, testemunha do assassínio, que critica o gesto de lembrança/esquecimento da revista, tensionando esse trabalho jornalístico de memória já tão comum no universo midiático. Tira-se, ao final, algumas lições a respeito do jornalismo como instância mediadora de memória e, por isso, sujeita aos dilemas da reminiscência, relativos sobretudo à tessitura da memória frente à textura da experiência dos acontecimentos.
Jornalismo, memória, esquecimento: o massacre de Realengo na retrospectiva de Veja
O trabalho versa sobre tensões entre memória e esquecimento presentes nas narrativas jornalísticas. Busca-se compreender, à luz dos conceitos de “dever de memória” e “abuso de esquecimento”, de P. Ricoeur, contradições evidenciadas pelo trabalho de memória operado pelo jornalismo. Para tanto, observa-se episódio da cobertura do massacre de Realengo feita pela revista Veja que se desdobrou em duas edições: a de 28 de dezembro de 2011, em que o periódico apresenta a Retrospectiva de 2011 e dedica uma reportagem à tragédia ocorrida no Rio de Janeiro; e a de 4 de janeiro de 2012, na qual a revista publica a carta de uma professora, testemunha do assassínio, que critica o gesto de lembrança/esquecimento de Veja, tensionando aquele trabalho jornalístico de memória. Aborda-se, ao final, o jornalismo como instância mediadora de memória e, por isso, sujeita aos dilemas da reminiscência, relativos à tessitura da memória frente à textura da experiência dos acontecimentos.
A morte estampada nas capas de jornais: uma análise semiótica do "Massacre de Realengo"
Revista Estudos das Linguagens, 2017
Resumo: A cobertura jornalística de fatos de forte apelo emocional, como mortes trágicas e/ou violentas, suscita uma importante reflexão acerca dos limites entre o que se considera um modo de noticiar moderado ou sensacionalista. O estabelecimento de categorizações duras entre os dois perfis editoriais pode ser frágil. A fim de verificar essa hipótese, este trabalho analisa como doze jornais impressos brasileiros repercutiram o caso conhecido como "Massacre de Realengo" nas capas do dia seguinte ao fato. No episódio, doze estudantes de uma escola municipal da cidade do Rio de Janeiro foram assassinados por um ex-aluno, que se matou em seguida. A análise semiótica permitiu a identificação de marcas textuais e apelos estéticos característicos do jornalismo dito sensacionalista em todos os veículos examinados. Além disso, possibilitou observar a proximidade de O Globo ao polo mais apelativo de um continuum traçado com as capas, em uma gradação qualitativa de efeitos de sentido. O posicionamento do veículo, reconhecido no mercado por adotar um perfil de maior sobriedade, configurou uma quebra de expectativa. Os resultados mostraram que as fronteiras nítidas entre os entre os estilos enunciativos moderado e sensacionalista se desfazem na dimensão pragmática e complexa da práxis jornalística.
Thoughts about the Realengo school massacre
Estudos De Psicanalise, 2012
Considerações sobre o massacre de Realengo Considerações sobre o massacre de Realengo Thoughts about the ealengo school massacre Anchyses Jobim Lopes Introdução "Massacre de Realengo" é como cou conhecido o assassinato em massa ocorrido em 7 de abril de 2011, por volta das 8h30 da manhã, na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro. Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, entrou na escola, onde havia estudado dez anos antes, dizendo que iria apresentar uma palestra. Já numa sala de aula, armado com dois revólveres, começou a disparar contra os alunos presentes, matando doze deles. Não há relatos precisos sobre a duração do evento, mas algum tempo ocorreu até que um sargento da polícia, avisado por um estudante que conseguiu fugir da escola, foi capaz balear Wellington na perna. O atirador se suicidou com um tiro na cabeça
«Massacre de Realengo»: as emoções na carta de suicídio do brasileiro Wellington Oliveira
2019
O artigo tem o objetivo de analisar os efeitos visados de emoção evocados pela carta de suicídio de Wellington Menezes de Oliveira, autor do crime que ficou conhecido no Brasil como «Massacre de Realengo». Partimos do pressuposto de que a chacina e a carta operam como um ato enunciativo conjunto, produzido pelo executor do crime no intuito de inscrever o seu dizer. Consideramos, nesse sentido, que as relações entre emoções e representações sociais podem levar a (re)ações emocionais a partir das regras sociais interiorizadas pelos sujeitos. No âmbito da conformação histórica das subjetividades, calcamo-nos na perspectiva de Foucault (2002; 2004), e no que tange à construção social das emoções, aos efeitos visados de emoções, ao discurso político e ao discurso midiático, ancoramo- -nos, principalmente, nas contribuições de Charaudeau (2006; 2007; 2008a; 2008b).
2021
O presente trabalho e o resultado de uma reconstrucao do “Massacre de Realengo” e do crime de feminicidio em suas atuais configuracoes, tomando-se como base os conceitos relacionados ao feminicidio em suas atuais configuracoes e a violencia de genero nas relacoes interpessoais, bem como, na analise das Leis no 13.104/15 e 11.340/2006 para alem do direito positivado. Em 2011, ocorreu o “Massacre de Realengo”, no qual um ex-aluno adentrou a sua antiga escola e realizou disparos contra alunos, deixando doze vitimas fatais e treze feridos, sendo dez das vitimas fatais e dez dos feridos do sexo feminino. A epoca, a motivacao do crime foi retratada como suposto bullying sofrido pelo autor. Contudo, ha indicios de que seu foco seria matar meninas, vez que estas foram vitimadas na cabeca, enquanto os meninos receberam tiros em seus membros. Em 2015, a Lei 13.104 tipificou a qualificadora do feminicidio, fato que acarretou em maior visibilidade do tema, criacao de nova linguagem juridica e d...
Realengo e a Escola Militar: um estudo sobre memória e patrimônio urbano
Mosaico, 2009
Descreve-se o desenvolvimento de Realengo, subúrbio do Rio de Janeiro, e suas referências à Escola Militar, que lá funcionou entre 1913 e 1944. O patrimônio material da escola e os relatos de antigos integrantes e de moradores do bairro sustentam a análise da constituição dos espaços militares na região, tomados como pontos de articulação de questões relacionadas à patrimônio e memória. Observa-se que os espaços estudados ilustram o conceito de lugares de memória, considerando o ambiente como suporte da memória coletiva.
Considerações sobre a violência fria
Cadernos do CRH, 2016
Os autores discutem o conceito de vulnerabilidade e o aplicam ao horizonte da política, propondo tratar de vulnerabilidade política e relaciona-la com o que chamam de “violência fria”, ou seja, aquela cujos agentes conseguem blindagem institucional de modo a reduzir ou anular sua imputabilidade, por conta da dilação dos efeitos da ação predatória e da impessoalidade da sua relação com as vitimas, mas também por via de pressões sobre governos e agencias de controle. A propósito, discutem a problemática da cidadania em quadro de grandes desigualdades e examinam fatores que tornam populações mais ou menos vulneráveis politicamente a danos socioambientais. Entre esses fatores, consideram a manipulação do planejamento urbano e regional com a limitação de seu caráter participativo e interferências de interesses privados na máquina pública, nesse policy-making. A propósito, examinam também a recorrente confusão proposital entre ‘interesse de governo’ e ‘interesse público’.