RITUAL DE INICIAÇÃO MASCULINA DOS WAIMIRI-ATROARI (original) (raw)
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CONSIDERAÇÕES SOBRE A INICIAÇÃO MAÇÔNICA DE VOLTAIRE
ROGERIO HENRIQUE CASTRO ROCHA, 2023
“The Extraordinary Initiation of Voltaire” is a video, in the form of a narrative, that has been recurrently broadcast on social networks (Whatsapp and Telegram) that bring together the Brothers of the Order. From various aspects, as we intend to demonstrate, some reflections on the video are justified, which is why they constitute the objective of this text. Why is Voltaire worthy of this dignity? What are the underlying purposes of the initiative? Would a critical assessment be in order? To these, as well as to other questions, it is hoped that some contributions will be made throughout the article.
MEMÓRIA E AUTORIA FEMININA EM OITEIRO
2010
O romance Memórias de Branca Dias (2009), de Miguel Real, apresenta os elementos pelos quais Linda Hutcheon (1991) define o conceito de metaficção historiográfica. Neste sentido, fundamentamos a leitura crítica deste romance pelos estudos que indicam o romance histórico contemporâneo como uma releitura crítica do passado. Miguel Real traz para uma escrita reflexiva em relação à Inquisição portuguesa, redimensionando a figura histórica de Branca Dias. Outrossim, também a coloca em evidência muito mais que os personagens masculinos da narrativa. Somando estes aspectos, e mais, ao considerarmos os estudos de Maria de Fátima Marinho (1999) sobre a evolução do subgênero romanesco em questão, bem como os estudos de Cristina Vieira (2008) sobre a personagem romanesca, lemos a figura de Branca Dias, nesta ficção, como uma representação da mulher judia que lutou pela vida e pela liberdade, visto que, a partir metaficção historiográfica passou-se a ter um novo enfoque para figuras antes marginalizadas ou apagadas das narrativas históricas. Evidenciar estes aspectos, através da leitura do romance de Miguel Real, com um olhar que também traz à tona questões de gênero para a protagonista feminina é o nosso intento neste artigo.
Durante quatro anos vivi uma experiência que mudou para sempre o rumo que minha vida tomou. Tenho 47 anos, sou natural da cidade de Volta Redonda e vivo desde os meus dezoito anos no Rio de Janeiro para onde vim a fim de ingressar na universidade em 1980. Um colega de infância havia se mudado para a Amazônia e estava trabalhando junto a um projeto da Funai que tinha por objetivo a montagem de um programa de assistência que minimizasse os problemas criados para o grupo indígena Waimiri-Atroari pela construção da hidrelétrica de Balbina no estado do Amazonas, a cerca de 150 quilômetros de Manaus, que alagaria parte da reserva onde vivem. Era o ano de 1987, Manaus vinha, há anos, enfrentando um grande déficit de energia elétrica e a construção da hidrelétrica surgiu naquela década como uma das possíveis soluções para o problema, apesar dos protestos de pesquisadores, ambientalistas e toda a sociedade civil, que reconhecia nela um empreendimento de alto custo financeiro e ambiental. Vivíamos no período de transição da ditadura militar e decisões sobre esse tipo de empreendimento eram tomadas de forma autoritária, unilateralmente e à revelia dos protestos da sociedade civil.
Muiraquitã: Revista de Letras e Humanidades, 2016
O objetivo do presente trabalho é abordar a partir de uma experiência etnográfica vivida por um casal de missionários ligados à igreja católica entre os anos de 1985 e 1986 junto aos índios Waimiri-Atroari na aldeia Yawará em Roraima, a produção de fon-tes escritas baseadas na reconstrução da memória e alguns relatos orais deste grupo. No âmbito da história, ainda são escassos, até o presente momento, no Brasil estudos relacionados com mais profundidade a essa temática, ainda distante de se pretender chegar a uma resposta definitiva sobre essa questão, o texto objetiva ressaltar alguns aspectos teóricos e metodológicos rela-cionados ao trabalho dos missionários, que se basearam no método de Paulo Freire para tentar alfabetizar os indígenas, além disso, os relatos orais feitos anos depois por um dos missionários corroboraram com as memórias da época, onde os índios produziram um novo tipo de fonte, baseados em uma fatídica experiência genocida vivida por eles durante o regime civil-militar, mas que demonstrou a organização social do grupo, além de caracterizar-se como uma forma de resistência cultural. PALAVRAS-CHAVE Índios Waimiri-Atroari. Memória. Trabalho missionário. Resistência.
RITUAIS DE INICIAÇÃO E RELAÇÕES COM A NATUREZA ENTRE OS MBYA-GUARANI
Os primeiros indícios de que os ritos de puberdade, mantidos zelosamente ocultos aos olhos dos brancos, ainda eram realizados entre os Mbya, chegaram a mim por acaso a partir da mudança no comportamento das moças. Em certas ocasiões, algumas delas, que tinha visto na minha última estadia em campo com seus cabelos compridos e comportamentos ainda de crianças, segundo as regras sociais mbya, mostraram mudanças radicais no momento de meu retorno à aldeia alguns meses depois. Encontrei-as não apenas com o cabelo cortado rente ou quase raspado em alguns casos, mas também esquivas e com atitudes distintas; pareciam mais sérias e circunspectas. Algumas, tendo ainda o cabelo curto, estavam morando com algum adolescente e já nos primeiros meses da gravidez.
RITUAL MAPIMAÍ: CRIAÇÃO DO MUNDO DOS PAITER SURUÍ
This article portrays the culture of Paiter Surui, specifically about their reality and the origin of their universe, which is played on festive and ritual representations that keeps alive their identity. Among various existing rituals, the Mapimaí explains the origin of the world and represented by several days. Representative symbols Mapimaí in 2011, the object of this research, the harpy eagle, the forest and the river, but these symbols are given new meanings - and not lose its largest sense, from event to event. Kaban The group owner of “chicha” and host of the event, led the ritual, and chose the village Apoena Meireles located in Rondolândia, Mato Grosso, to be the locus of its representation. The ritual is performed with the maize beer drink that can be made from manioc, yams, corn or yams prepared and fermented in advance. It is made painting a wooden trunk (throne) on which the guests by the owner of “chicha” will sit. Made all the preparations, the Gamep, Gamir, Makor and Kaban groups meet, challenge each other to drink “chicha” to bear no more. Couples dance in a circle holding hands or embracing each other under the sound of flute and song whose lyrics address the role of the harpy eagle, forest and river - as elements of identity construction - and the letters are not repeated. In short, the intent of the ritual event is to strengthen the union between Paiter Suruí.
O Território Dos Waimiri-Atroari Eo Indigenismo Empresarial
Ciências Sociais Hoje, 1993
Os Waimiri-Atroari, grupo indígena da família lingüística Carib, que se autodenominam ki?in'ja (gente) [1], habitam uma região de floresta tropical no norte do Amazonas e sul de Roraima, nas bacias dos rios Alalaú, Camanaú, Curiuaú e o igarapé Santo Antônio do Abonari. Após uma longa história de invasões violentas [2] do seu território, estreitamente relacionadas às flutuações dos preços no mercado internacional de produtos florestais como castanha-do-pará, balata, peles de ariranha e jacaré e madeira, a população dos Waimiri-Atroari foi reduzida a um ponto baixo de aproximadamente 332 pessoas em 1982 (Baines, 1991a:78) [3]. A partir de 1983, a população vem-se recuperando rapidamente, sobretudo no período de 1983-87 [4] e, em 1991, alcançava cerca de 500 indivíduos. Com pequenas variações de dialeto entre grupos locais, os Waimiri-Atroari falam a mesma língua. Até a metade deste século eram esporádicas as invasões por regionais, tanto as espontâneas como as dirigidas pelo governo local, e a ocupação permanente do território indígena restringia-se ao vale do rio Jauaperi. A partir do final da década de 1960, o Governo Federal iniciou uma ocupação maciça do território Waimiri-Atroari através de grandes projetos de desenvolvimento regional. Nos anos 1972-1977 esse território foi cortado pela estrada BR-174 que liga Manaus a Boa Vista, seguida da implantação da mina de estanho de Pitinga, do Grupo Paranapanema [5], a construção da hidrelétrica de Balbina pela Eletronorte [6], e coloni
Imagens de liderança indígena e o Programa Waimiri-Atroari
Interethnic@ - Revista de Estudos em Relações Interétnicas
A situação dos Waimiri-Atroari tem sido marcada pelas pressões exercidas por duas grandes empresas sobre a área, a Mineração Taboca S.A. do Grupo Paranapanema, e a ELETRONORTE, que resultou numa atuação por parte das administrações locais que chamo "indigenismo empresarial" (Baines, 1993), em que o poder econômico de grandes empresas sobrepuja o da FUNAI. O programa indigenista decorrente de um convênio entre a FUNAI e a ELETRONORTE vem sendo apresentado, nas campanhas publicitárias desta empresa, como um modelo de indigenismo, os líderes Waimiri-Atroari desempenhando um papel fundamental para imbui-lo de autenticidade e uma retórica de autodeterminação indígena. A partir da implantação do PWA, o presente artigo destaca o papel da mídia na construção de imagens dos líderes Waimiri-Atroar