Confronto político e mídia digital: investigando o “nós” da ação coletiva (original) (raw)
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Confecom: processo decisório e ação dos grupos de mídia
RESUMO: A Confecom foi o maior evento realizado desde a constituição de 1988 de discussão sobre políticas públicas no setor da comunicação. É necessário compreender o resultado do processo decisório da conferência a partir da cisão do campo empresarial para elucidar os rumos do setor no período pós-confecom, tratando especificamente dos temas televisão digital e convergência midiática. Para isso é feita uma análise do processo e percursos da atuação dos diferentes setores envolvidos, além de mapear seus interesses, observando as propostas aprovadas e rejeitadas e como foi sua apreciação. A pesquisa é feita através da observação documental e bibliográfica das propostas aprovadas e rejeitadas pela Confecom.
"Nós somos Anonymous": Movimentos Sociais e novas formas de ação coletiva
O artigo propõe o debate sobre a ação coletiva de movimentos sociais através da internet e de seus canais de comunicação em rede, bem como a sua apropriação destes na garantia de direitos. Este trabalho tem como base a atuação do movimento Anonymous, que ganhou notoriedade internacional a partir do ano de 2008, sendo considerado o maior expoente do chamado hacktivismo. Introdução Ao longo das duas últimas décadas passamos a vivenciar mudanças significativas que perpassam do mundo dos negócios ao ensino, das relações sociais a cultura. Estas transformações das sociedades industriais, provocadas pela internet, possibilitaram uma ampliação nas relações de trabalho, nos mercados e na construção efetiva de uma rede de comunicação global, amparada pelas inovações que vieram a reboque com a pluralização da tecnologia. Como consequência da ampliação dos canais de comunicação, a vida cotidiana dos centros urbanos também é alterada, de modo a conduzir novos fluxos de informação antes pouco acessados pelo grande público, ainda que permaneçam de forma desigual. A partir desta nova dinâmica, surgem novos grupos voltados à promoção do engajamento coletivo e da participação dos usuários através do exercício da cidadania. Por todo mundo, porém, particularmente no mundo em desenvolvimento, centenas de experiências menos conhecidas puseram on-line os interesses, preocupações, valores e vozes dos cidadãos, até então isolados uns dos outros e de suas instituições locais (CASTELLS, 2003, p. 119). Esta configuração possibilitou uma nova fase de interação global entre os usuários da internet, que passaram a ter novos ambientes de informação e colaboração por meios digitais: é o início de uma etapa onde ferramentas de conscientização e participação política trazem informações ao público e tornam ainda mais o ciberespaço um ambiente de uso interativo, recíproco, comunitário e intercomunitário (LÉVY, 1999).
Explorando o Ciberespaço Russo: Ação Coletiva Digitalmente Mediada e a Esfera Pública Interconectada
Law, State and Telecommunications Review, 2014
Propósito – Este artigo sintetiza os principais achados de um projeto de pesquisa de três anos para investigar o impacto da Internet sobre a política, a mídia e a sociedade russa. Metodologia/abordagem/design – Empregamos múltiplos métodos para estudar atividades online: o mapeamento e estudo da estrutura, das comunidades e do conteúdo da blogosfera; um análogo mapeamento e estudo do Twitter; a análise de conteúdo de diferentes fontes midiáticas, utilizando tanto abordagens automatizadas quanto abordagens baseadas em avaliação humana; e uma enquete com blogueiros; métodos esses expandidos por mapeamento de infraestrutura, por entrevistas e por investigações de contexto. Resultados – Constatamos a emergência de uma vibrante e diversa esfera pública interconectada, que constitui uma alternativa independente ao mais rigidamente controlado espaço midiático e político offline, e verificamos o uso crescente de plataformas digitais na mobilização social e na ação cívica. Implicações prátic...
Dialogos entre o publico e o privado digital
DIÁLOGOS SOBRE A RELAÇÃO ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO NO BRASIL E AMÉRICA LATINA, 2021
Este livro apresenta a pesquisa “Implicações da relação público-privado para a democratização da educação na América Latina: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Uruguai e Venezuela”, realizada pelo Grupo de Pesquisa Relações entre o Público e o Privado na Educação (GPRPPE) está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS. Considerando a conjuntura histórica de redefinições do papel do Estado e o período particular de avanço da privatização e do conservadorismo em países latino-americanos, é fundamental coletivizar os resultados de pesquisa acerca das implicações das relações entre o público e o privado para a democratização da educação nestes países. Assim, este livro apresenta análises acerca da relação entre o público e o privado na educação nos países latino-americanos e suas implicações para a democratização da educação. São várias as formas como o privado tem atuado no setor público. A relação entre o público e o privado é complexa e multifacetada e tem se apresentado de diferentes formas e com linhas divisórias tênues na América Latina, implicando no recente processo de construção da democracia. Destacamos o termo relação entre o público e o privado, pois os países latino-americanos que integram a pesquisa viveram contextos contraditórios de avanço nos processos democráticos e de conquista de direitos, ao mesmo tempo em que se intensificavam os processos de privatização ocorridos internacionalmente. As diferentes formas de materialização da privatização do público, nesse sentido, serão apresentadas neste livro, assim como as relações com a democratização.
Poder digital: O papel das redes sociais nos movimentos de contestação política
Durante a chamada Primavera Árabe, o poder das redes sociais para impulsionar movimentos de protesto social foi reconhecido no mundo inteiro. Um dos exemplos, foi o papel assumido pelas redes sociais nas recentes revoluções árabes (Médio Oriente e Norte de África), tendo sido considerado, por vários analistas políticos, como um notável factor de mudança social e política. Escrutinando o passado próximo, apontam-se exemplos de países como o Egipto, a Tunísia e a Líbia, onde antigos governantes foram depostos, em prol da liberdade do povo. Porém, mesmo em países de regimes democráticos consolidados, como os EUA, Reino Unido, Grécia, Espanha e Portugal, as redes sociais têm servido como catalisador de descontentamentos, como vimos recentemente em manifestações ocorridas em praticamente todas as capitais do mundo ocidental. O papel das redes sociais na dinâmica dos movimentos contestatários modernos é o argumento deste artigo, pretendendo-se, como objectivo principal, analisar, de forma descritiva, a relação actual entre a Internet, em particular as redes sociais, e os movimentos sociais. Procura ainda dar resposta à questão central levantada: “Qual o poder das redes sociais na dinâmica dos movimentos de dissidência política?” e reflectir, até que ponto foram as redes sociais e respectivas características, a causa do ressurgimento dos movimentos de protesto social, neste inicio de século. Por outro lado, procura-se caracterizar e entender os movimentos sociais modernos, o que os move e quais as afinidades entre os seus participantes. Um dos pontos fulcrais deste trabalho consiste em saber como é que, pessoas das mais díspares classes sociais e formação académica, se ombreiam em espaços públicos urbanos, a maior parte deles arriscados, à procura de algo comum, de algo que para todos eles faz sentido. E é esse lado comum, esses interesses partilhados, que também se procurarão dar a conhecer neste trabalho. O Professor Rogério de Andrade disse um dia, que para escrever um qualquer texto com sentido, o autor teria de cuidar com precisão da consequência de cada uma das suas palavras e imaginar uma enorme espada, de lâmina assaz afiada, perfilada por cima da sua cabeça, pronta a desferir o golpe mortal em caso de uma má prosa. A alegoria está feita e a ser levada à risca, esperando-se que os ventos sejam favoráveis a esta navegação de águas profundas, mas ao mesmo tempo puras e cristalinas.
Como nos mobilizamos? A contribuição de uma abordagem pragmatista para a sociologia da ação coletiva
This paper investigates the relevance of "pragmatic" studies conducted in France since the 1980s and of American pragmatist ideas regarding the sociology of collective movements based on four points: 1) the development of a sociology of regimes of action and hermeneutic procedures; 2) the revival of the notion of the "public"; 3) the conception of networks and organizations as arenas of experience and action; 4) the development of the instrumental approach to culture via a conception centered on the formation of individual and collective experiences.
Por que maldizemos quando protestamos? A polemicidade na ação coletiva
Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação, 2016
Este artigo explora o recurso à violência nos discursos de protesto, definido como um tipo específico do discurso polêmico. Colocando-se, do ponto de vista teórico-metodológico, entre a análise do discurso polêmico-assim como ela se desenvolve nas tendências francesas da análise do discurso-e uma perspectiva Retórica dos Movimentos Sociais-tal como é desenvolvida nos Estados Unidos-, este estudo trata da especificidade do discurso que acompanha a agitação social. Explorando o recurso a "instrumentos" como os insultos e os ataques pessoais aos adversários, a palavra grosseira e as obscenidades, ou o uso de ameaças e agressões, o artigo examina os desafios éticos, estratégicos e hermenêuticos da palavra de protesto. Com a ajuda de exemplos variados, mostra que a agressividade e a rudeza da linguagem militante não constituem somente uma expressão espontânea da cólera e da indignação das massas, mas sobretudo um comportamento discursivo cuja lógica se explica na situação única em que se situa a ação coletiva. Palavras-chave: Polêmica. Retórica de movimentos sociais. Discurso de protesto e militante. Violência verbal.
Ações coletivas: entre o estrangulamento da conflituosidade e a legitimidade democrática
Anais do XX Congresso Nacional do CONPEDI
Resumo: O presente artigo pretende demonstrar como as vias de solução coletiva dos conflitos, geradas a partir da segunda onda de acesso à justiça, prestam-se à indevida cooptação da conflituosidade social, disfarçada no discurso de atendimento do princípio da celeridade, emanado da terceira onda de acesso à justiça. Intenta-se também evidenciar que essa estratégia tende a ser consolidada em futuras alterações legislativas. Em contraposição ao modelo prevalente, sustenta-se que a abertura do processo à participação dos interessados é pressuposto essencial da legitimidade do provimento e, por isso, à margem dessa abertura, não há sequer início de construção processual compatível com a democracia. Essa crítica será feita a partir da inter-relação entre interesse e legitimidade apresentada por Vicente de Paula Maciel Júnior em sua obra Teoria das ações coletivas e culminará no exame do modelo da ação temática, proposto pelo autor, como assecuratório da legitimidade democrática do provimento exarado no processo coletivo.