Arte Pop: imagens remediadas pelo passado e pelo presente (original) (raw)
A arte pop e suas consagradas características (a potência do objeto idêntico ao não objeto, o questionamento do modelo abstrato, as pinturas e obras tridimensionais e narrativas, a dignificação de novos temas, o anônimo elevado a categoria de representável) podem ser percebidas como a proposição de uma nova sensibilidade para o sujeito contemporâneo. Fazem isso a partir de uma nova identificação da arte, não mais por uma "... distinção no interior das maneiras de fazer, mas pela distinção de um modo de ser sensível próprio aos produtos da arte." 2 , em que os artistas pop vão, na verdade, espelhar as novas experiências do sujeito imerso midiaticamente, na televisão, no cinema, nos quadrinhos, na publicidade etc. Assumem então a presença do comum, do ordinário, do real, temas que fazem de uma imaginada noção de pop uma possibilidade de representação deste sensível partilhado hoje. Ranciére sugere, em "A Partilha Do Sensível" que existem relações análogas entre a criação artística do século XX e uma possibilidade de política global, apresentando paralelos nítidos entre transformações no interior da arte e no interior da sociedade contemporânea: como ele diz, "a arte como forma e autoformação da vida" 3 . A divisão de regimes de orientação feita por ele (o ético, o representativo e o estético), talvez seja um possível um ponto de partida para pensar que essa nova orientação também é refletida nas entranhas do mundo das artes, a partir da emergência de um novo regime artístico. Este regime ele denomina estético, ao se referir a "um modo de ser sensível próprio aos produtos da arte" 4 onde se abandonam critérios que possam estabelecer uma visão unificadora e estável do que é arte, antes pautada por uma orientação anterior no modo de fazer das artes coerente em relação a uma visão hierárquica de uma sociedade 1 Mestrando do programa de pós-graduação em Comunicação Social da PUC-MG, Belo Horizonte. Brasil. 2 RANCIÉRE, Jaques. A partilha do sensível. São Paulo: ed.34, ano 2005, p. 32. 3 Ibid., p. 39. 4 RANCIÉRE. Op. Cit. Id.