A política externa do Brasil em dois tempos (original) (raw)

A nova política externa brasileira

Le Monde Diplomatique - Brasil, 2022

Uma nova política deverá se refazer livrando-se das posturas retrógradas e conservadoras e retomando posições conquistadas na cena internacional no passado e, sobretudo, reestabelecendo uma diplomacia que esteja atenta às diversas demandas internas da população brasileira e, ao mesmo tempo, resulte de análises inteligentes do contexto internacional

política externa no governo Bolsonaro

Cadernos do GPOSSHE On-line

O artigo analisa a política externa no governo Bolsonaro e suas implicações para as relações internacionais brasileira. O estudo é fruto de pesquisa bibliográfica e documental ancorada em pesquisadores(as) de e do campo das Relações Internacionais. Foi identificada, no governo Bolsonaro, uma posição de subordinação comercial e de alinhamento da política externa brasileira aos EUA, configurando-se como uma diplomacia da vassalagem; Outras ações compõem esse cenário: negacionismo ambiental, negacionismo científico, negação dos Direitos Humanos, dos direitos dos indígenas, dentre outros. A política externa do governo Bolsonaro abalou a credibilidade diplomática brasileira e transformou o país num pária mundial com consequência para o desenvolvimento nacional.

Observatório de política externa brasileira

Revista Ciência em Extensão, 2010

Filho", campus Franca, por alunos do curso de graduação de Relações Internacionais, tem por objetivo disseminar informação sobre política externa a fim de fornecer dados que subsidiem decisões em políticas públicas, pesquisas acadêmicas e formação de alunos do referido curso ou interessados no assunto. Para tanto, utiliza-se de jornais de grande circulação como fonte de pesquisa na elaboração de informes dos mais variados teores sobre política externa. Tais informes são distribuídos por meio eletrônico aos seus assinantes e disponibilizados em sítios na internet para o acesso do público em geral.

As grandes linhas da política externa brasileira

A política externa de um Estado deve contemplar os seguintes objetivos: em primeiro lugar, a preservação de sua independência e segurança; em segundo lugar, a perseguição e a proteção de seus interesses econômicos; por último, suas políticas de ajuda econômica às nações estrangeiras, esforços para difundir a própria propaganda nacional e ideológica em países estrangeiros e seu apoio às missões de intercâmbio cultural e científico favoráveis a esse fim (DEUTSCH, 1970, p. 111). 2 Ainda que muitas vezes não sejam regras escritas, todos os Estados implementam tais princípios, procurando projetar-se o mais possível. Certamente algumas dessas diretrizes dificilmente se aplicariam a Estados que não disputam espaços e que não dispõem de capacidades -sobretudo, tradicionais, como geográficos, recursos naturais, militares e populacionais -para ombrear-se com vizinhos que detêm esses mesmos elementos em condições mais favoráveis. 3 Ou seja, estariam conscientes de suas limitações e, preferindo 1 Professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)/Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) do Departamento de Ciência Política (DCP).

Eleições presidenciais e política externa brasileira

Tradicionalmente relegada ao segundo plano das disputas eleitorais, a política externa começou a figurar, nas últimas duas décadas, como elemento importante do temário de candidatos à Presidência da República no Brasil. Se, em meados dos anos 1980, ouvia-se de um ilustre congressista brasileiro, em tom de galhofa, que “o Itamaraty só dá voto no Burundi”, agora a história parece outra. A hipótese que trazemos à voga neste ensaio é a seguinte: a política externa ganhou saliência na medida em que o eleitor médio passou a fazer conexão direta entre os resultados alcançados pelo governante incumbente nas relações exteriores do país e a sua sensação de bem-estar pessoal. Vai ficando mais nítida, ademais, a diferenciação normativa, também no campo das relações exteriores, entre os dois partidos políticos com projetos e recursos para conquistar o Executivo federal brasileiro – o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). O presente texto está assim estruturado: na sequência imediata, faremos rápida visita à literatura acadêmica, de modo a apresentar, ainda que sumariamente, o estado da arte; na segunda parte, resgataremos, brevemente, a cronologia das disputas eleitorais sob a Nova República, enfatizando momentos e tópicos de política externa que abasteceram as discussões; mais ao fim do capítulo, proporemos reflexão sobre a eleição presidencial de 2014, buscando entender os motivos que levaram a candidata Dilma Rousseff a menosprezar, em sua campanha à reeleição, as matérias de política externa e seguir, aparentemente, uma direção oposta à que se poderia predizer, dados o fluxo histórico recente e as possibilidades evidentes de exploração política do legado diplomático de Lula da Silva.

Os descaminhos da política externa brasileira

Bonifacio, 2020

Se considerarmos o fato de que o destino e a geografia nos obrigaram a habitar no mesmo hemisfério da maior e mais agressiva potência econômica e militar do planeta, é compreensível que a nossa política externa tenha de levar em conta a presença desse vizinho incômodo. Recomenda o bom senso que qualquer um que se veja em situação semelhante deve tomar duas providências elementares: manter um relacionamento o mais amistoso possível e evitar intimidades. Quando se observa a história política do País, pelo menos até o governo Bolsonaro, é possível afirmar que essas atitudes sempre orientaram a formulação de nossa política externa. Embora em alguns momentos a proximidade tenha sido maior que o recomendável, nossa política externa se caracterizou, na maior parte do tempo, inclusive durante o regime militar, por uma posição independente e de não alinhamento automático. E sempre foi essa atitude prudente do Brasil que granjeou respeito internacional e uma grande capacidade de mediação de conflitos. O Brasil sempre foi visto como parte da solução e nunca como parte do problema. O Brasil sempre soube compensar sua falta de poder duro-militar e econômico-com o poder brando, derivado exatamente de sua grande capacidade de mediação e diálogo. Isso contribuiu para o aumento do prestígio internacional do Brasil e trouxe benefícios concretos para o país. A ascensão de Bolsonaro ao poder marcou uma guinada radical nessa tradição de independência e mediação da nossa política externa. De uma política externa autônoma e altiva passamos para uma política externa dependente e subserviente. Ao alinhar-se de forma incondicional aos Estados Unidos, ou mais especificamente a uma parte deles, pois os Democratas, que poderão assumir o poder em novembro próximo, o abominam, o Brasil passou a ser visto no mundo e, sobretudo, na América Latina como parte dos problemas, uma vez que, como afirmou o ministro das Relações Exteriores, "o Brasil tem um lado", o lado dos Estados Unidos. Não seria exagero afirmar que hoje, além dessa metade Republicana dos Estados Unidos, os únicos aliados do Brasil são países dirigidos por políticos de extrema direita cujo traço comum é o desprezo à democracia e o flerte com ideologias extremistas. A atitude negacionista de Bolsonaro em relação à pandemia da Covid-19, fazendo eco às posições de Donald Trump e não por acaso colhendo os mesmos frutos amargos que o presidente americano em termos de infecções e mortes, a atitude negligente e abertamente hostil em relação aos problemas ambientais, sobretudo na Amazônia, o desprezo aos direitos das minorias, nomeadamente das populações indígenas, a apologia à violência policial e ao comércio de armas, a maneira bruta e grosseira de referir-se a outros chefes de Estado que por ventura o critiquem, tornou Bolsonaro e seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, párias internacionais, que nem mesmo seu maior aliado, o presidente Trump ousa defender abertamente. Ao contrário, em mais de uma ocasião Luís Antonio Paulino 23/09/2020