Amor maldito, motor da poesia: a Provença e a modernidade (original) (raw)

Encontros e desencontros críticos com a modernidade na poesia portuguesa contemporânea

Texto Poético, 2014

Trata-se de apresentar na poesia portuguesa do final do século XX uma perspectiva acentuadamente crítica das práticas diversas que forjaram a modernidade estética portuguesa, estabelecendo-se escritas inquietas e insubmissas. Com um discurso de confronto para compreensão dos mecanismos da tradição e com uma prática de deslocamento das linguagens dominantes, poetas como Joaquim Manuel Magalhães, João Miguel Fernandes Jorge, Nuno Júdice e Adília Lopes dialogam na tensão entre presente e passado cultural, sacralização e dessacralização da poesia, entre a cultura de língua portuguesa e a cultura globalizada e massificadora, interrogando na própria prática do poema o lugar crítico da poesia no mundo contemporâneo.

Poéticas da lucidez: notas sobre os Poetas-Críticos da Modernidade

2012

Resumo Dans cet essai je cherche étudier la tradition des poetes-critiques modernes, ayant comme but pas seulement la diversité contradictoire des poemes et de la production théorique de ces auteurs, mais aussi identifier les possibles traits capables d'atribuer à la critique faite à partir de la création poétique une specificité par rapport à la critique faite par des non-poetes.

Modernidades Líricas na Poesia de Língua Portuguesa

Veredas: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, 2021

Este artigo tem como objetivo principal investigar os diferentes caminhos que a moderna poesia de língua portuguesa assumiu em três diferentes contextos: Portugal, Brasil e países africanos de língua portuguesa. O corpus poético analisado é constituído principalmente por Fernando Pessoa, Oswald de Andrade e Agostinho Neto. No entanto, são referidos na análise poemas de Florbela Espanca, Mário de Sá-Carneiro, Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Noémia de Sousa e José Craveirinha. Os resultados apontam para três distintas formas de dissolução da noção de individualismo moderno nas três poéticas: uma tendência intimista que visa à fragmentação do eu em Portugal; uma tendência que aproxima poesia e ensaio por meio da descrição da realidade social no Brasil; e uma tendência animista africana que torna a voz poética mais coletiva.

O poema em prosa: a amorfia de uma modalidade lírica subutilizada no modernismo brasileiro

Revista de Letras

Nos textos críticos fundadores, a poesia lírica não é portadora de um estatuto que a iguala aos demais gêneros. Mesmo em períodos com maior normatização estética, não há como desconsiderar seu caráter proteiforme, ampliado desmesuradamente a partir da modernidade. Reverberando tal ampliação, surge o poema em prosa, modalidade da poesia lírica que ultrapassa a linha de delimitação que a distingue dos demais gêneros, encerrando já em seu nome um oximoro que se reflete nas tentativas críticas de sistematização. Consolidado em outras literaturas, essa modalidade é subutilizada no cânone poético brasileiro. Esboçado na obra As noites da virgem, de 1868, de Vitorino Palhares, começa de forma consciente com Raul Pompéia em Canções sem metro, de 1881. Já no modernismo, é esparsamente utilizado. Conclui-se neste artigo que o poema em prosa ocupa uma posição periférica – inclusive atualmente – na lírica brasileira devido a certo tom nefelibata que marcou a modalidade no nosso simbolismo, send...

Estética, romantismo ( s ) e modernidade poética

RESUMO: Partindo da reafirmação do lugar central ocupado por Baudelaire no que se convencionou chamar de modernidade poética, este artigo propõe uma investigação sobre os antecedentes dessa noção, por meio do exame de dois momentos importantes para sua gênese: o romantismo em suas diversas manifestações e a constituição da Estética como disciplina autônoma. PALAVRAS-CHAVES: Romantismo. Estética. Poesia. Arte modernas. Preâmbulo Há consenso quanto à afirmação de que Charles Baudelaire (1821-1867) é a figura tutelar da modernidade poética e que esta tem como registro de nascimento As Flores do Mal (1857) 1. Nessa célebre coletânea dominam as formas fixas consagradas da tradição poética francesa, o que não impede que nela se tenham cumprido as mais importantes inovações temáticas, estéticas e mesmo formais de seu tempo. Grande sonetista e artesão exímio do alexandrino – metro mais prestigioso da poesia clássica de língua francesa – Baudelaire é na verdade um poeta em cuja obra se exprimem várias facetas, por vezes contraditórias: se é certo que deve ser considerado o primeiro grande moderno, também pode ser visto como o último romântico, se não também, de certo modo, como um clássico. Embora qualificado pelas histórias literárias como simbolista, sabe-se no fundo que ele é um poeta inclassificável, cuja poesia expressa tensões que a caracterizam como um campo de oscilação e como a encarnação mais perfeita da famosa definição de modernidade proposta pelo próprio poeta, em que se

Por uma teoria da modernidade em Poesia Ingênua e Sentimental

Resumo Poesia Ingênua e Sentimental figura atualmente como uma das reflexões mais instigantes do poeta alemão Friedrich Schiller. Embora o dramaturgo tivesse como interesse imediato ponderar acerca das formas de sentir e produzir o belo, sobretudo, na poesia e na dramaturgia, o impacto que o texto causou em sua própria comunidade intelectual e a recepção destas ideias ao longo dos séculos XIX e XX o tornaram significativo para investigar o conceito de história que permeava o debate estético, bem como analisar a construção da identidade moderna no bojo deste processo histórico. O objetivo deste trabalho consiste em analisar o tratado estético de Schiller tencionando compreender como sua proposta é constituinte de uma experiência temporal notadamente moderna; assim como ponderar acerca de sua contribuição para a construção da identidade do homem moderno e investigar sua relação e influência em um ambiente cultural no qual a criação intelectual era cada vez mais associada a um procedimento reflexivo.

PROFANO, MALDITO E MARGINAL: O CONTO FANTÁSTICO NA LITERATURA BRASILEIRA

Revell, 2014

Os contos de Noite na taverna, de Álvares de Azevedo, têm sido considerados como aqueles que inauguram uma produção de cunho fantástico no Brasil que se deu à margem do cânone. A publicação dos contos, em 1855, ensejou uma série de narrativas que foram igualmente consideradas como fantásticas e que na impossibilidade de se circunscrever em determinada escola ou corrente literária foram deixadas de lado. É o caso, por exemplo, d’ A trindade maldita: contos de botequim, de Franklin Távora e dos contos “As ruínas da Glória”, “A guarida de pedra” e “As bruxas”, de Fagundes Varela – obras que esteticamente se afastaram do projeto nacionalista iniciado pelo Romantismo e levado a cabo pelas escolas posteriores. O artigo então se propõe a esclarecer como e por que grande parte da produção fantástica do Brasil ficou esquecida até a segunda metade do século XX, quando do surgimento das primeiras antologias de contos fantásticos que resgataram essa vertente marginalizada da literatura brasileira.

Atualidade e eternidade: a modernidade em Charles Baudelaire

A Cor das Letras, 2021

Resumo: Nos últimos anos, o mercado editorial brasileiro tem apresentado índices positivos na produção e no consumo de livros no Brasil. No entanto, escritores e escritoras negras, desse país, ainda se veem diante de uma cena literária bastante restrita, sobretudo quando os seus textos se comprometem com um discurso de combate ao racismo e de empoderamento negro. Tal como verificávamos nos séculos passados, no século XXI, os altos custos, os interesses e as expectativas editoriais vigentes impõem aos autores negros a alternativa de submeter os seus textos a edições de responsabilidade própria ou ao trabalho das pequenas casas editoriais. A experiência editorial de Lande Onawale, com a publicação de seu livro Kalunga: poemas de um mar sem fim (2011), é estudada aqui, como um ponto de partida, para compreendermos exatamente essas condições de produção em que o autor é o editor do próprio texto, bem como para se perceber as relações limites entre o racismo e o mercado editorial. A partir das articulações teórico-metodológicas da crítica sociológica de Francis Don Mckenzie, no que ele chamou de Sociologia dos Textos, buscamos aqui compreender os desafios vivenciados por esses escritores diante dos obstáculos que lhe são impostos pelo mercado editorial.