MJB 2010-11 - Sepult. Esc. Rocha do Entre Douro e Minho.pdf (original) (raw)
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O mapa do Entre Douro e Minho de Michel Lescolles de 1661
Face à urgente necessidade de prover a defesa do reino, aquando da Guerra da Restauração (1640-1668), a Coroa portuguesa contratou vários e notáveis militares estrangeiros, aos quais coube a importante tarefa de fortificar os pontos estratégicos ao longo da raia seca e do litoral. Os oficiais engenheiros procederam, também, a inúmeros levantamentos topográficos e foram responsáveis pela elaboração de alguns dos mais valiosos exemplares cartográficos sobre o território português, da segunda metade do século XVII. Entre os engenheiros militares franceses ao serviço de Portugal, destacou-se Michel de Lescolles, , fundador da "Academia" de Fortificação de Viana (da Foz do Lima), responsável pelas Iniciada a então denominada Guerra da Aclamação em finais de 1640 -na sequência do movimento de 1 de Dezembro que elevou ao trono português o então Duque de Bragança e agora D. João IV-a Província de Entre Douro e Minho converteu-se, desde logo, num dos teatros de operações ainda que os principais movimentos decorressem nas fronteiras do Alentejo e da Beira 2 . Esta situação motivou que fossem colocados, naquela província, vários oficiais estrangeiros com o intuito de aí procederem ao reforço da defesa da raia do Alto Minho, que seria assente na construção de uma ampla linha de pontos fortificados ao longo do curso do rio Minho 3 . Datam desta época (1640-1668) as obras efectuadas na cerca medieval de Melgaço e a construção de fortalezas abaluartadas em Monção, Valença, Vila Nova de Cerveira, Caminha e na ínsua da foz do rio Minho, juntamente com algumas obras de defesa costeira. Paralelamente aos trabalhos de fortificação, os engenheiros militares também foram responsáveis por efectuarem vários levantamentos corográficos, topográficos e cartográficos de carácter militar 4 . Ao longo da Guerra da Restauração foram vários os engenheiros militares estrangeiros que prestaram serviço em Portugal, chegando alguns a desempenhar a função de Enfermeiro-mor do Reino. Numa época em que a guerra era conduzida por militares profissionais e mercenários, alguns destes técnicos, mais tarde, também se colocaram ao serviço de Espanha 5 . Entre os vários engenheiros franceses ao serviço de Portugal destacamos o nome e a obra de Michel de Lescolles, na Província de Entre Douro e Minho 6 . Michel de Lescolles foi um dos primeiros oficiais franceses a chegar a Portugal logo após a Restauração da Independência. Aprovado no ofício de engenheiro, em 1643, sucedeu, nesse cargo, a um outro compatriota, Nicolau de Lille, na Província da Beira. Em seguida, terá trabalhado em Trásos-Montes e, dali, pediu transferência para o Rio de Janeiro, onde terá permanecido até 1652, tendo aí projectado algumas fortificações costeiras e traçado uma planta da cidade 7 . De regresso a Portugal, em 1653, foi indicado para trabalhar no Algarve mas, ao que tudo indica, nunca tomou posse desse cargo 8 . No ano seguinte, Lescolles foi colocado na Província de Entre Douro e Minho, iniciando, de imediato, a sua actividade de engenheiro militar, dirigindo a construção dos armazéns de Caminha e também da sua muralha "à moderna". Em 1656, em reconhecimento das suas competências, foi nomeado Mestre de Campo General, tendo-se estabelecido em Viana do Lima (actual Viana do Castelo), no período em que esta vila do Alto Minho adquiriu importância fundamental como centro coordenador e estratégico das movimentações militares na fronteira do Minho. As fortificações de Monção, Valença, Chaves, os fortins da Portela do Extremo, os fortes do Castelo do Queijo e de Leixões (Leça) nos arredores do Porto e, muito provavelmente, o sistema fortificado de Vila Nova de Cerveira e o Forte de Nossa Senhora da Conceição, constituem alguns exemplos de projectos concebidos pelo engenheiro francês 9 . "Lescolles" tal como o autor autografou o mapa que iremos analisar. Agradeço ao dr. António Maranhão Peixoto, director do Arquivo Municipal de Viana do Castelo, historiador e epigrafista, a sugestão por esta opção. fase de construção: os dois fortes nos arredores da cidade do Porto, S. João e o " Castelo do Queijo", o forte de S. João Baptista em Vila do Conde, Santiago da Barra em Viana e o forte da Ínsua na foz do rio Minho. Este mapa da província de Entre Douro e Minho, mais do que pioneiro na representação cartográfica desta província, representou um enorme contributo para a evolução da cartografia regional portuguesa. De facto, ao longo da segunda metade do século XVII, não são conhecidos outros exemplares cartográficos, nem manuscritos nem impressos, representando qualquer uma das províncias portuguesas no seu conjunto e mesmo a cartografia impressa de grande circulação de origem estrangeira, reportava-se, praticamente, à escala nacional. Neste período, circulavam entre nós inúmeros exemplares baseados no mapa de Portugal de Álvaro Seco (1560), publicado pelos mais importantes editores/gravadores norte europeus, ou os mapas baseados nos contributos mais recentes de Sanson d'Abbeville (1654) ou de Pedro Teixeira de Albernaz (1662), mas onde a Província de Entre Douro e Minho surgia integrada no conjunto de Portugal ou na sua metade Setentrional. Pese embora o contributo de Michel Lescolles, foi necessário esperar quase 70 anos, até
The coastal platform is narrow and enclosed by a Fossil Cliff with abrupt slopes, roughly parallel to the sea, being interrupted only in the Montedor promontory. All these features lead to a scenic and visual effect of isolation in relation to the inner landscape, only broken by the mouths of the Minho, Lima and Âncora rivers. It was in this scenery with impressive features, between the sea – to the West (unknown and dangerous), the fossil cliff – to the East (with poor accessibility and in the border between earth and heaven) and the estuary of the river (port of entry or exit to unsuspected worlds) that the prehistoric communities developed a series of actions that culminated in the engraving of outcrops with zoomorphic or circular motifs, among others. From the preliminary inventory of these rock carvings, their physical and environmental context as well as the varying complexity of the motifs recorded, and assuming they materialize, in part, how the communities were involved and perceiving the world, we drew some working hypotheses that needs further empirical basis for future confirmation. First we thought that the “atlantic rock art” and actions associated with them seem to relate to the movement of river and sea and the liminal places between water, earth and sky. A worldview that would give special emphasis to the assemble of these different elements. With this in mind we felt that the mouths and estuaries of the Minho and Lima rivers would have been places of great symbolic and collective significance because they are both meeting places for the seas and rivers and for the waters with the land. We also consider that the entire coastal facade between the Minho and Lima rivers was a relevant scenery in the perception of the world, taking into account the altitude of the granite hills that exist there and the fact that, in their peaks, there are several springs that feed a large number of water lines that run across its strong pending. Note that this whole area, quite isolated, it’s a liminal place of encounter between land and sea. A third hypothesis argues that the rock carvings at the top of the hills materialize the cosmological importance of these places, of water sources and of the boundary between earth and sky, perhaps they were more socially forbidden than the scenarios with the highest number of rock carvings, located in low and middle slopes. These represent places of higher socialization, ritual and celebration of the world. Finally, we admit, just as R. Bradley, that communities that recorded these kind of images would carry a degree of mobility, which would fit well with a worldview that seems to favour the “route of the waters” and the different boundary places, which is consistent with what we know to the regional Neolithic and Chalcolithic.
MJB (2021) - Sepult Esc Rocha 30 anos depois
Sepulturas Escavadas na Rocha da Fachada Atlântica da Península Ibérica. Atas do Congresso Internacional, 2021
Ponência ao Congresso «Sepulturas Escavadas na Rocha da Fachada Atlântica da Península Ibérica», Porto, CITCEM, 2021
Este artigo pretende dar a conhecer os resultados obtidos nos trabalhos arqueológicos efetuados no monumento funerário de Vale de Chão 1, estrutura tumular fundada no Bronze Inicial e reutilizada no Bronze Médio, localizada na freguesia de Pedralva, concelho de Braga. Este monumento apresenta um peculiar interesse na medida em que evidencia uma eventual reutilização por inumação efetuada no seu tumulus, durante o último período referido. Este facto sugere que o lugar foi usado e reutilizado na longa duração. De destacar, ainda, a localização do monumento e as sua interação com o espaço que o rodeia.
Madeira. Escritas e testemunhos com História
Resumo Valorização dos testemunhos dos textos literários e literatura de viagens para o conhecimento das relações financeiras entre o Estado e a Madei- ra. Palavras-Chave:Literatura de viagens, impostos, finanças. Abstract Valuation of the testimony of literary texts and travel literature to the knowledge of financial relations between State and Madeira island. Keywords: Travel literature, taxes, finances
Almadan Online, 2014
RESUMO Apresentação de rocha gravada identificada em 2013, no acompanhamento arqueológico de uma obra realizada em Vale de Junco (Sebadelhe, Vila Nova de Foz Côa, Guarda). O monumento apresenta motivos incisos da Idade do Ferro e da Idade Moderna, tendo afinidades estilísticas com as gravuras destes períodos localizadas no vizinho vale do Côa. Por ora isolado no vale da ribeira da Teja, só trabalhos futuros permitirão saber se constitui uma manifestação pontual, talvez inspirada na prolífica exuberância de gravuras da região do Côa, ou se indicia que a arte rupestre da Idade do Ferro poderá ser muito mais abundante e dispersa do que é hoje reconhecido. PALAVRAS CHAVE: Idade do Ferro; Arte rupestre; Vale do Douro. ABSTRACT The authors present an engraved rock identified in 2013, during archaeological monitoring of construction works in Vale de Junco (Sebadelhe, Vila Nova de Foz Côa, Guarda). The monument features engraved motifs from the Iron Age and Modern Age, bearing stylistic similarities with engravings of the same eras found in the neighbouring Côa Valley. Although it is so far isolated in the Teja stream valley, only future work will show whether it is a random occurrence – perhaps inspired by the prolific existence of engravings in the Côa region –, or if it may be evidence that Iron Age rock art could be much more abundant and spread than presently recognized. KEY WORDS: Iron Age; Rock art; Douro Valley. RÉSUMÉ Présentation d’une roche gravée identifiée en 2013, lors de l’accompagnement archéologique d’un ouvrage réalisé à Vale de Junco (Sebadelhe, Vila Nova de Foz Côa, Guarda). Le monument présente des motifs incisifs de l’Age du Fer et de l’Age Moderne, ayant des affinités stylistiques avec les gravures de ces périodes localisées dans la vallée voisine du Côa. Pour le moment isolé dans la vallée du ruisseau de la Teja, seuls de futurs travaux permettront de savoir s’il constitue une manifestation ponctuelle, peut-être inspirée par la prolifique exubérance de gravures dans la région du Côa, ou s’il montre que l’art rupestre de l’Age du Fer pourrait être plus abondant et plus dispersé que ce qui est aujourd’hui reconnu. MOTS CLÉS: Âge du Fer; Art rupestre; Vallée du Douro.
2020
1. Megalitismo: características gerais Os monumentos megalíticos com câmaras e corredores construídos com grandes esteios e, por vezes, com inúmeros blocos usados nos contrafortes e couraças pétreas de cobertura, correspondem às primeiras manifestações arquitectónicas que marcaram de forma definitiva o espaço de vivência das comunidades pré-históricas, dando origem à criação de cenários artificiais e impressivos. Correspondem a monumentos de grande complexidade interpretativa, de carácter por vezes funerário e cerimonial ou apenas cerimonial. Trata-se de um fenómeno atlântico que emerge e se desenvolve entre o 5º e o 4º milénios a.C., ou seja, no Neolítico, tendo perdurado nalgumas regiões para o 3º milénio a.C.. Resulta de uma ideologia que circula pelo mundo atlântico litoral, tendo sido adotada, de forma específica, por diferentes comunidades de agricultores e/ou pastores, motivo pelo qual se detetam, em cada região, particularidades, também percebidas a nível intrarregional. No Noroeste Ibérico conhecem-se dois grandes grupos de monumentos megalíticos: os menires e os monumentos ditos funerários. Os primeiros correspondem a monólitos verticais, mais ou menos afeiçoados, de diferentes dimensões que distinguem, marcam ou celebram lugares de importância coletiva, certamente com multiplicidade de significações mágico-rituais: simbologia astral; cultos de fertilidade; marcação física e simbólica de territórios de grande significação coletiva; representação de divindades ou de ancestrais, entre outros. Os segundos, popularmente designados por mamoas ou eruditamente por antas, antelas ou dólmenes, são compostos por câmaras cobertas por acumulações de blocos pétreos e de sedimentos ou só de sedimentos compactados, provavelmente pela ação do fogo de que resultam montículos artificiais. As áreas fronteiras aos corredores