A Guerra Síria e a Segurança Global (original) (raw)
O Impacte do Conflito Armado Sírio na Política Global
CEIRI Newspaper, 2016
O conflito armado sírio está próximo de completar seis anos e, durante este período, ele se internacionalizou, tendo evoluído para uma situação que, hoje, não permite denominá-lo como Guerra Civil. Isto porque, de fato, não há uma Guerra Civil da Síria, mas sim uma guerra na Síria. O contexto se alterou na medida em que outros atores regionais e internacionais começaram a intervir naquilo que estava restrito ao território nacional. A criação do Estado Islâmico, em 29 de junho de 2014, que se aproveitou do vazio de poder, e a intervenção dos EUA em conjunto com o Reino Unido e a França, passaram a desenhar o futuro do conflito que, na atualidade, se apresenta diferente da fase inicial e com uma dimensão complexa. Conforme novos agentes locais e globais passaram a atuar, direta ou indiretamente, nos campos de batalha, a guerra adquiriu uma maior extensão e expôs antagonismos históricos e recentes que impactam a realidade atual, não apenas para o Oriente Médio, mas também a nível mundial. A ascensão do Estado Islâmico, que tem protagonizado cenas de violência jamais vistas
Síria: Guerra civil e internacionalização do conflito
Eurorient, 2013
Ao contrário das outras revoluções árabes que saíram da crise em relativamente pouco tempo, a revolta síria continua há mais de dois anos e parece não conseguir encontrar rapidamente um desfecho. A posição geoestratégica da República Árabe Síria, governada pela família Assad desde 1970, e a religiosidade explicam a transformação da crise síria numa guerra civil.
Os Refugiados no Mundo e o caso da Síria
É alarmante o número de indivíduos que saem de seus locais de vivência para procurarem um lugar mais seguro. De acordo com o relatório anual “Tendências Globais 2012” do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), mais de 45,1 milhões de pessoas estavam se deslocando no final do ano de 2012. Nisso inclui 15,4 milhões de refugiados, 937 mil requerentes de asilo e 28,8 milhões de pessoas que foram forçadas a fugir dentro das fronteiras de suas nações. Dentre todos os motivos, que geram a migração dos refugiados, a guerra é a razão predominante. Em especial, a Síria é o país que mais tem sofrido com isso. Estima-se que 100 mil pessoas foram mortas desde março de 2011.
As alterações ocorridas no Sistema Internacional após a Guerra Fria permitiram uma nova cooperação entre as grandes potências mundiais, especialmente entre os cinco membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Com a crescente solidariedade internacional, a Comunidade Internacional ajudou a intensificar o processo da Globalização, que veio ditar também o ressurgimento dos nacionalismos, as guerras civis, os conflitos étnicos, o fenómeno dos Estados falhados ou párias e as sucessivas vagas de crises humanitárias. Desse modo, o processo de Globalização gerou uma crise dos Direitos Humanos na prática, como será observado adiante. O presente relatório surge no âmbito do Curso de Verão "Globalização, Direitos Humanos e Segurança" e pretende abordar as três temáticas lecionadas, com o objetivo último de analisar o caso do conflito na Síria, que tem vindo a gerar enormes consequências nos últimos trinta meses e que é considerado como um desafio à concretização dos Direitos Humanos. Para tal, realizar-se-á uma breve caracterização do fenómeno da Globalização e do próprio conceito, bem como das suas implicações em termos de Direitos Humanos. Em seguida, será abordado o conflito sírio como o desafio extremo e atual à prática dos Direitos Humanos e, por último, serão colocadas algumas questões sobre qual o futuro para a Síria e como pôr fim à permanente violação dos Direitos Humanos nesse país. Resumo: O presente relatório crítico surge no âmbito da Escola de Verão da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas -Universidade Nova de Lisboae visa abordar três temas marcantes para o século XXI, a saber: a Globalização, os Direitos Humanos e a Segurança. Como ponto de partida, urge abordar a ligação entre o fenómeno da Globalização e a crescente importância que os Direitos Humanos têm vindo a ter no Sistema Internacional vigente. Nesta questão dos Direitos Humanos e na sua perpetuação, bem como da Segurança, é enfatizado o caso extremo atual onde a Comunidade Internacional assiste à violação dos Direitos Humanos, que é a questão síria. A Guerra Civil na Síria é posta como um desafio crucial que predomina dada a escala e magnitude que o desenrolar do conflito tem tido.
Parcerias Estratégicas, 2009
A segurança deixou de ser tema relevante na agenda das potências? Para muitos autores voltados para o entendimento do processo denominado globalização, os temas econômicos têm sobrepujado as preocupações estratégico-militares. Assim, poucos são aqueles que consideram a segurança como vetor importante, senão crucial, no contexto das relações assimétricas de poder que orientam e dão formato ao sistema internacional. O Mundo Globalizado Para os globalistas, o avanço das relações econômicas mundiais tem feito com que, gradativamente, o Estado-Nação tenha suas funções cada vez mais reduzidas, como ator de destaque na geometria de poder. Ou seja, o Estado-Nação estaria deixando de ser o referencial para a compreensão do que hoje se passa no mundo. Concomitantemente as Organizações Não-Governamentais e similares, principalmente empresas transnacionais, têm substituído o Estado na tomada de decisões e na implementação das políticas que modelam o mundo. Em obra publicada no início dos anos 80, Richard Rosecrance caminhava nessa direção ao considerar o Estado como empresário, e vislumbrando novas formas de cooperação mundiais.1 O Estado não seria eliminado do cenário. Mas suas atividades, anteriormente, concentradas em grande parte nas elocubrações estratégicas e militares, estariam agora esvaziadas, não se enquadrando nas conjunturas de final do século. O novo mundo, alicerçado em relações econômicas crescentes e caracterizado pela livre concorrência, deixa, pois, de lado as tradicionais concepções realistas, que até recentemente embasaram as políticas interestatais. O comércio passou a assumir, nessa perspectiva, papel fundamental nas relações internacionais e de maneira irreversível, de modo que todos os atores -embora alguns possam ser prejudicados em um primeiro momento -sairão ganhando neste processo globalizante e cooperativo, logo, interdependente. Nos anos que se seguem, a literatura que vai enfatizar a conjuntura mundial sob esse prisma torna-se cada vez mais numerosa, incluindo outros aspectos, desde os culturais aos políticos, dos religiosos aos sociais. A globalização passa a exercer não só nos discursos governamentais, mas também no meio acadêmico, um caráter explicativo, generalizante, para tudo que ocorre, sendo utilizado, na maior parte das vezes, fora de seu contexto original. Cotidianamente, não se realiza evento de qualquer espécie, abordando desde os problemas relativos à habitação e aos direitos humanos, das minorias às migrações, e das políticas demográficas ao ensino, sem vinculá-lo à globalização. O termo converteu-se em uma "palavra mágica" para explicar todos os acontecimentos, não só no âmbito das políticas domésticas, mas também na esfera das relações mundiais, sempre apoiado no mesmo princípio: o mundo hoje é uma aldeia, com os meios de comunicação sociais e a internet atingindo instantaneamente o planeta e desrespeitando as fronteiras físicas dos Estados. Estes últimos, portanto, encontram-se deslocados e desprovidos de outros atributos, a não ser os administrativos. Observa-se, assim, uma deturpação da idéia globalista original, que não elimina o Estado, mas apenas restringe/altera suas funções perante as regras cambiantes que regem o sistema internacional. Um observador medianamente atento verá que, na realidade, o que acontece com o Estado é exatamente aquilo que se sucede com todas as instituições. Ao longo do tempo, conforme os momentos históricos, as instituições surgem, desaparecem, e são substituídas por outras, principalmente em períodos de crise, adaptando-se, modificando-se quando necessário, e buscando prolongar o máximo possível sua sobrevivência, como fazem a Igreja e as Forças Armadas. Contudo, deve-se concordar que os autores que pregam o fim do Estado-Nação têm razão, pelo menos em parte. Sabe-se que, entre outros, os conceitos de soberania, de Estado-Nação e de poder não detêm, hoje, o significado original verificado em conjunturas anteriores. As próprias teorias de interdependência e de regimes, que adquiriram força nos últimos lustros, são exemplos de que espaço maior está sendo continuamente reservado a instâncias outras, que deslocam em muitos casos as decisões tomadas geralmente no âmbito do Estado, entendido esse como ator preponderante nas relações internacionais.2 Constitui-se, por outro lado, naturalmente em exagero tecer declarações tão categóricas sobre o fim do Estado nacional, ao se analisar o sistema internacional que passa por rápidas transformações e não apresenta, ainda, formato acabado. O mundo está configurando nova macroestrutura, como diria Ronaldo Sardenberg, em que as dúvidas são bem maiores do que as certezas.3 Apenas para uma rápida ilustração das incertezas sobre a constituição da nova ordem mundial, não se encontram análises definitivas sobre o papel que a China desempenhará na Ásia nas próximas décadas. Qual será o autor preponderante naquela região, o governo de Pequim ou de Tóquio? A literatura que contempla esses tópicos tem revelado que os autores trilham caminhos distintos, muitas vezes em direções diametralmente opostas. Para uns, o Japão será o líder da Ásia, considerando seu poder econômico e o alto grau de desenvolvimento científico e tecnológico, enquanto, para outros, a China é que terá esse privilégio, contando com o potencial de seus recursos
Arábia Saudita e Segurança Regional após as Revoltas no Mundo Árabe
Meridiano 47, 2017
This article analyzes the main challenges of Saudi Arabia's foreign and security policy. Considering the recent unrests in the Arab world, it is clear that, beyond de Iranian projection, the threat of internal riots also becomes a priority item on the Saudi security agenda.
Da Segurança Internacional à Segurança Humana
Meridiano 47, 2017
The article aims to analyze the approaching between the concepts of Human Security and International Security in situations of Failed States, the Responsibility to Protect and the implications on the legal principle of Refuge to conclude about the Brazilian's bilateral foreign policy in the Haitian immigration issue.