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Para além do gênero: anotações sobre a recepção da obra de Butler no Brasil1

Em construção, 2019

Este artigo toma como central o tema da performatividade na obra da filósofa Judith Butler e tem como objetivo discutir os atravessamentos dessa questão na maneira como a autora vem sendo lida em diferentes campos disciplinares no Brasil. Analisa, ainda, as defasagens temporais das traduções de seus livros e elenca pesquisas que procuraram ir além do conceito de gênero, a fim de argumentar que não é possível dividir a obra da autora em duas partes, a primeira exclusivamente dedicada ao gênero e só a segunda voltada para temas da filosofia política. Todo debate sobre gênero é, desde sempre, político.

Butler, a abjeção e seu esgotamento

DÍAZ-BENÍTEZ, M. E.; FÍGARI, C. E.. Prazeres Dissidentes. Rio de Janeiro: Garamond., 2009

Niio se trata de sentir o desejo como folta interior, nem de retardar o prazer pa ra produzir um tipo de ma is-valia exteriorizd vel mas, ao contrdrio, de constituir um corpo sem 6rgiios intensivo, Tao, um ca mp o de ima nencia onde nada folta ao desejo e que, assim, niio ma is se relaci ona com criterio a/gum exterior ou transcendente.

Butler leitora de Beauvoir: o gênero como ato performativo

Griot : Revista de Filosofia

Entre Beauvoir e Butler, questionaremos se o tornar-se mulher instaura a distinção entre sexo e gênero, convertendo-se num modo de aculturação que, aquém dos diferenciais anatômicos, designa uma performance em transformação. De Beauvoir, veremos: situada, a subjetividade se estabelece entre a civilização e as relações intercorpóreas. Assinalando a mulher como o segundo sexo, Beauvoir ratifica a ambiguidade como fator humano, tecendo reflexões à liberdade, opressão, reconhecimento e condição feminina. Disto, é interpelando Beauvoir que Butler interroga os gêneros. Rastreando no tornar-se mulher o uso incipiente do gênero, Butler sugere revisões às noções fenomenológicas de sujeito, corporeidade, situação e diferença sexual. Fomenta uma concepção performática onde o gênero é um constante devir. Descreve como se constituem os gêneros, considerando que não existem gêneros ideais. Assim, tornar-se gênero significa que, enquanto corpo, o dramatizamos e estilizamos. Crítica, esta performan...

A Insustentável Mestria Do Gênero: A Divisão Do Sujeito Entre Butler e a Psicanálise Lacaniana

Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica, 2021

RESUMO: Este artigo propõe uma articulação entre os trabalhos iniciais de Judith Butler na década de 1990 e o recente livro de Clotilde Leguil sobre as incidências do gênero na constituição do sujeito. Nosso percurso começa tensionando o gênero entre desejo e demanda por meio da teoria lacaniana dos anos 1950 e 1960 para, em seguida, avançar rumo a algumas contribuições que a teoria lacaniana dos discursos nos anos 1970 pode oferecer para esse debate. Nossa intenção é evidenciar a divisão estrutural do sujeito a despeito das exigências de unificação subjetiva veiculadas pelos ideais do gênero, atestando sua insustentável mestria.

Sobre a crítica ao pensamento hétero e a desconstrução das categorias de gênero: Butler leitora de Monique Wittig

Cadernos Pagu, 2023

Da crítica butleriana ao pensamento de Wittig, indagaremos caminhos para a desconstrução das normas de gênero associadas ao pensamento hétero. Para viabilizar o entendimento de que sexo e gênero não são categorias fixas, notaremos quão recorrentes são os estudos de Wittig para as teorias feministas e de gênero contemporâneas, especialmente no que tange sua crítica à psicanálise, aos binarismos sexuais e ao regime heterocentrado do patriarcado. Criticando-a por meio de Butler, advogaremos que é possível fazer com que as leis se voltem contra elas mesmas, de modo a provocar uma sobrecarga nos sistemas de poder.

Butler e a Psicanálise: Do Fracasso das Normas à Estranheza do Gozo

Psicologia: Ciência e Profissão

Resumo O objetivo deste artigo é fazer avançar o debate entre a psicanálise e os estudos queer, em especial a partir da interlocução traçada por Judith Butler com os trabalhos de Freud e Lacan. Retomando o modo como Butler articula Foucault, Derrida e a psicanálise para pensar os problemas de gênero, evidenciamos que a teoria psicanalítica permite à filósofa situar, a partir de sua concepção da melancolia de gênero, os pontos de fracasso da norma em função da vida psíquica do poder. Ainda que a cisheterossexualidade normativa imponha um roteiro de identificações e escolhas de objeto a seus sujeitos, há uma imprevisibilidade na maneira pela qual cada um responderá às injunções normativas da cultura, o que aponta para uma falha das normas em determinar completamente a subjetividade. A melancolia de gênero se torna, assim, uma marca da importância da psicanálise no percurso de Butler. Em seguida, discutimos as interpelações da filósofa ao simbólico lacaniano, bem como as nuances progre...