Funk paulista, culturas bastardas e narrativas pop-líticas: Um olhar sobre as outras lógicas de existência periférica na ostentação (original) (raw)

Quando o Funk Ostentação performa (re)existência: Reflexões polissêmicas sobre contextos fronteiriços e experiências bastardizadas

Quando o Funk Ostentação performa (re)existência: Reflexões polissêmicas sobre contextos fronteiriços e experiências bastardizadas

Este artigo busca refletir e problematizar sobre a noção de resistência na contemporaneidade, tendo em vista os circuitos culturais e contextos sociais do Funk Ostentação, cuja narrativa ambivalente atribuída ao consumo e a atuação fronteiriça configuram sua própria gramática cultural. Para tanto, partimos, fundamentalmente, das aspirações teóricas dos Estudos Culturais britânicos, em adição às reflexões latino-americanas sobre as narrativas midiáticas e o popular bastardizado, no empenho de conceber uma abordagem polissêmica sobre o fator resistência, que possibilite compreender a complexidade desse fenômeno cultural da periferia para além de visões dicotômicas.

A Criminalização Cultural Periférica No Contexto Do Funk Brasileiro

MOMENTUM

O presente artigo versa a respeito da criminalização cultural periférica sofrida pelo estilo musical do funk brasileiro. Objetiva-se esclarecer como esta criminalização se desenvolveu, bem como intenta-se explorar a história de tal gênero, além de também se explicar a teoria do etiquetamento social à luz da música periférica. Posteriormente, abordar-se-á a música como um instrumento de conscientização, assim como medidas alternativas à criminalização e suas repercussões. Palavras-chave: Psicanálise. Autismo. Inclusão.

A influência cultural do funk ostentação paulista sobre o consumo contemporâneo do jovem da periferia

FALCÃO, David., 2021

O funk ostentação é o objeto de estudo desta monografia, de igual modo, sua relação de influência no contexto urbano da periferia paulista no que concerne o comportamento do consumidor. O funk ressurgiu em meados da última década e, de forma emergente, estabelece-se um novo grupo social com uma linguagem específica e características próprias, com a temática da ostentação. Este trabalho monográfico apresenta uma análise da influência do movimento no comportamento do consumidor, abrangendo aspectos socioculturais. A compreensão desse movimento é abordada de forma investigativa, do ponto de vista multidisciplinar, envolvendo áreas como: sociologia, antropologia, comunicação e semiótica, sobre esta tribo urbana e sua relação com os meios digitais, em paralelo e sob a perspectiva analítica do marketing e do comportamento de consumidor, procura compreender o grau de influência dos grupos de referência. A pesquisa procura localizar o ponto culminante da eclosão dos desejos latentes de uma geração consumidora do estilo, despontar em larga escala, baseando a fundamentação teórica em pesquisa bibliográfica, dentre outras. Desta forma, ser capaz de relacionar a influência do funk ostentação direta ou indiretamente ligada ao grau de influência no comportamento do consumidor da periferia paulista.

“Ostentação, Fora Do Normal”: Uma Análise Sobre as Contradições Do Campo Simbólico e a Ideologia Dominante No Funk Ostentação

2020

O presente ensaio buscou analisar o funk, sobretudo o funk ostentacao como relacao de reproducao da ideologia dominante. Desse modo, inicia-se com uma breve discussao da historia e do desenvolvimento do Funk, ate o surgimento de sua vertente “ostentacao”. Destarte, o Funk Ostentacao e compreendido com uma vertente do Funk que possui letras carregadas de glamourizacao, trazendo em seu conteudo a posse de carros de luxo, de motos, de acesso a locais elitizados e um poder de consumo maior. Ao passo que essa vertente apresenta uma possibilidade de emergir a um status dominante, o Funk Ostentacao traz consigo uma perspectiva de apego as tradicoes, a vida na periferia, a desigualdade social e a luta por ascensao social. Nesse sentido, recorre-se a bibliografias que possibilitem a compreensao desse fenomeno social e todas as particularidades desse processo. Concomitantemente, buscou-se observar a partir das letras do Funk Ostentacao, que possibilitassem observar estes elementos.

A Música como Crítica Social: lógica dual e riso conectivo no funk carioca

Por meio de uma etnografia conduzida junto a um coletivo de ar-tistas exploramos a noção de conectividade para elicitarmos a lógi-ca a reger a criatividade funk que opera por meio do englobamento de seu contrário. Essa lógica dual conduz diferentes subgêneros do movimento musical, entre eles o proibido e a putaria. Podemos vê-la igualmente atuante nas produções de artistas individuais, a partir de apropriações particulares. Debruçamos-nos sobre as pa-ródias musicais de Mr. Catra para notarmos como essa lógica é carregada para a festa. O artista as executa essencialmente ao vivo, no momento da performance. Tomamos estas paródias como um 'modelo reduzido' por meio do qual ele nos dá acesso ao mundo complexo do funk ao mesmo tempo em que se utiliza desse obje-to de arte para estabelecer uma conversa com sua audiência. Por meio do riso e da ironia ele produz conectividade, uma relação ambígua na qual o conflito surge como um modo de estabelecer relações e que nos fala da dimensão política do fazer artístico.

Funk ostentação e os anos Lula e Dilma: cultura brasileira, políticas desenvolvimentistas e subjetividade neoliberal

Rafael Zincone , 2023

O objetivo desta tese é contribuir para o debate da relação entre contexto socioeconômico e artes a partir da análise do fenômeno do funk ostentação. Surgido ao longo dos anos de crescimento econômico dos governos do Partido dos Trabalhadores, o funk ostentação foi entendido como uma representação do que se rotulou, à época, de nova classe média, um fenômeno socioeconômico que foi associado ao êxito das políticas econômicas e sociais do PT. À medida que ganhavam destaque na indústria da música, uma parte expressiva dos artistas do funk ostentação passou a defender um discurso explicitamente neoliberal, ressaltando a meritocracia e o empreendedorismo como fatores determinantes de seu êxito (individual), ignorando o papel das políticas para a formação do próprio subgênero. No campo da música, foi dada maior atenção à economia do funk e às inovações de um modelo de negócio engendrado pela produtora Kondzilla destacando a centralidade do audiovisual e das redes sociais digitais, notadamente o YouTube. A tese se detém justamente sobre essa aparente contradição entre os contextos socioeconômico e cultural realizando uma análise interpretativa de conteúdo de entrevistas de alguns personagens mais destacados dentro do subgênero musical postadas na plataforma YouTube entre 2011 e 2015. Ainda que as políticas neoliberais de consumo não produzam necessariamente impactos políticos lineares, totalizantes e homogêneos, verificou-se nas falas dos MCs a recorrência de um discurso marcado pelo individualismo e pela cultura motivacional, aparentemente antitéticos a um contexto econômico de maior socialização do poder de compra via políticas públicas de Estado.

Quem precisa de cultura? O capital existencial do funk e a conveniência da cultura

Qual é a conveniência do funk? Deve o funk ser útil para poder ser aceito como cultura? Muitas vezes discursos que buscam apresentar o funk como uma prática cultural le- gítima recorrem a sua suposta utilidade. Duas leituras se destacam. O funk serviria para retirar crianças e jovens do “mundo do crime” ou seria uma lucrativa forma de econo- mia criativa. Este artigo desafia tais leituras sem, no en- tanto, negar a utilidade do funk. Contudo, não se trata apenas de instrumentalidade, mas de uma forma de gerar capital existencial mobilizada coletivamente e de manei- ra afetiva. Assim, além de contribuir para a criação de capital cultural, econômico e social, utilizado por indiví- duos em suas lutas e competições dentro de campos es- pecíficos, o funk seria também mobilizado através de co- munidades afetivas.

Por uma Economia Política do Funk Carioca: notas sobre a teoria pós-moderna e seus desdobramentos na música popular contemporânea

C-Legenda - Revista do Programa de Pós-graduação em Cinema e Audiovisual, 2011

O objetivo deste trabalho é analisar as relações entre o funk carioca enquanto gênero musical e a teoria sobre as condições de uma economia política moderna no estágio contemporâneo, em que a acumulação flexível e os rápidos giros nos ciclos do capital se desdobram em uma sociabilidade e em aspectos culturais de mobilidade, risco, incerteza, crise, fluidez, portabilidade e interconexão. O referencial teórico é baseado principalmente nas obras de Harvey (2006), Lyotard (2003) e Anderson (1999). A primeira seção discute, com base nestes autores, a conjuntura pós-moderna; a segunda apresenta alguns exemplos dos desdobramentos das características classificadas como pós-modernas na música massiva/popular; a terceira discute algumas características do funk carioca como gênero musical e como cena cultural, inserindo-o no contexto político-econômico do Rio de Janeiro contemporâneo.

Jovens Mulheres De Periferia e O Funk Ostentação

Revista Inter Ação, 2016

O artigo visa analisar relações estabelecidas entre jovens alunas de uma escola da periferia do município de Porto Alegre (RS) e o estilo musical funk ostentação. Mais especificamente, busca-se problematizar a construção de ideais de relacionamentos afetivo-sexuais e de relações de gênero, pelas jovens, em articulação com tais músicas. Primeiramente, analisam-se as cinco músicas de maior evidência entre as jovens e, posteriormente, problematizam-se os dados produzidos em grupos de discussão. Dentre os resultados, destacamos a acolhida das jovens para os enunciados que destacam os homens como promotores financeiros dos sonhos de consumo femininos e seus anseios por relacionamentos de maior durabilidade, contrariando a representação de sucessivos relacionamentos breves apresentados nas suas músicas preferidas.

O resgate da pesquisa sobre o jovem da periferia e o funk ostentação: a luta pela legitimação de um discurso contra hegemônico

Anais do 10º Encontro Nacional de História da Mídia, 2015

Neste artigo apresenta se um resgate das pesquisas desenvolvidas sobre a temática “o jovem da periferia e suas relações com o funk ostentação”. Partindo de uma pesquisa bibliográfica, conforme sugerido por Stumpf (2008), realiza se uma retomada das dissertações, teses e demais trabalhos publicados em espaços relevantes da área da Comunicação e afins. Amparado pela autora Lopes (2010), são pensadas as constituições teóricas, metodológicas e analíticas dos trabalhos produzidos. O corpus da pesquisa é delimitado a partir do período de busca entre 2010 e 2015, sendo contemplados apenas os trabalhos desenvolvidos no Brasil. Ao todo, são encontrados 14 trabalhos pertinentes à proposta do estado da arte, constituindo o corpus desta revisão bibliográfica. Como resultado observa se, em grande parte destas pesquisas, a presença de um discurso contra hegemônico de um segmento da sociedade que sofre com estigmas e preconceitos de uma parcela significativa da população brasileira.