A autoria no cinema da continuidade intensificada: o caso de Sergio Leone (original) (raw)
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A autoria no cinema da continuidade intensificada: o caso de Sergio Leone (Revista Lumina)
Este ensaio examina a ideia de que o exercício de um cinema autoral não está obrigatoriamente ligado à noção tradicional de autoria, que costuma requerer do cineasta o não pertencimento a um gênero fílmico específico. Usando a obra de Sergio Leone como estudo de caso, o artigo parte do pressuposto de que os filmes do italiano exerceram uma importante contribuição no processo de revisão de certas ferramentas narrativas e estilísticas que passaram a fazer parte do repertório do cinema contemporâneo, embora esta contribuição – uma operação autoral, no nosso entender – seja minimizada ou ignorada por grande parte dos pesquisadores cinematográficos, sobretudo por causa da militância do diretor no cinema de gênero.
Os sons da continuidade intensificada: o caso de Sergio Leone - XII Estudos SOCINE (e-book)
David Bordwell (2006, p. 120) introduziu o conceito de continuidade intensificada nos estudos cinematográficos a partir de uma proposta alternativa da evolução estilística do cinema no século XX. Indo na contramão de parte dos historiadores do audiovisual, que compreende a história do cinema como uma sucessão de ciclos de ruptura, Bordwell propôs que os princípios gerais que governam a arte cinematográfica – cuja premissa central o pesquisador chamou de continuidade clássica (BORDWELL, 2006, p. 119) – jamais deixaram de operar desde que foram consolidados, por volta de 1917.A pesquisa de Bordwell é centrada nos aspectos pictóricos e na construção narrativa. Ele pouco leva em consideração as técnicas de construção narrativa através do som. Aqui, pretendemos examinar algumas ferramentas que proporcionam, na banda sonora dos filmes, a experiência intensificada de fruição, através da análise da obra de Sergio Leone.
Questões sobre gênero e autoria na obra de Sergio Leone (Compos 2010)
O conceito de continuidade intensificada de David Bordwell (2006) procura estabelecer, como princípio do cinema realizado a partir da década de 1960, a tarefa de revisar, adaptar ou criar técnicas que proporcionem ao público uma fruição cada vez mais intensa dos filmes. Do ponto de vista da imagem, esse processo de intensificação tem sido associado à montagem rápida, à câmera que se move sem parar e fica cada vez mais próxima dos atores. No entanto, pouco se tem estudado as técnicas sonoras correspondentes a esses exemplos imagéticos. O objetivo deste artigo é examinar, a partir da obra de Sergio Leone, algumas ferramentas que injetam a noção de intensificação nas bandas sonoras dos filmes.
Notas sobre a noção de autoria no cinema
2009
O objetivo deste artigo é discutir modos de pensar a questão da autoria no cinema para além de uma noção de arte coletiva, mas, igualmente, aquém daquela que residiria na atividade intencional e soberana de um indivíduo. De início, situo historicamente a problemática da autoria no campo das discussões cinematográficas. Em seguida, no cotejo destas com a análise de diferentes obras artísticas, proponho outras maneiras de pensar tal conceito. Tal movimento é feito a partir das leituras foucaultianas, mas sobretudo a partir do conceito de criação, como desenvolvido por George Steiner em sua obra Gramáticas da Criação (2003). Percorro, assim, caminhos que vão da negação à unidade fixa de autoria para a criação de personae: vidas pulsantes na materialidade da imagem cinematográfica, para além dos limites do “real”. ABSTRACT: This article discusses ways of thinking about the issue of authorship in film, going beyond the notion of collective art, but stopping short of the notion based on the idea of an individual’s intentional and sovereign activity. At the outset, I situate historically the problem of authorship in the realm of film discussions. Then, by confronting those with the analysis of different works, I propose other ways to reflect on the concept. I do that through Foucaudean readings, but based particularly on the concept of creation developed by George Steiner in his work Grammars of Creation (2003). I start from the denial of the fixed unit of authorship and go through to the creation of personae: pulsating lives in the materiality of filmic images, beyond the limits of the “real”. Keywords: film, child, authorship.
A trajetória de Sergio Leone nas páginas dos Cahiers du Cinéma (Revista Rebeca)
A maior parte dos críticos cinematográficos dos anos 1960-70 minimizou ou desprezou o valor estético dos filmes vinculados ao ciclo de spaghetti westerns, produzidos naquela época no eixo Itália-Espanha. No entanto, Sergio Leone, principal cineasta a emergir do ciclo, rompeu essa barreira ao longo dos anos e se tornou um diretor respeitado pela crítica. Mapear como ocorreu essa trajetória e avaliar os motivos que levaram a essa mudança no estatuto de valor associado ao trabalho de Leone são os objetivos deste artigo, que toma como estudo de caso a coleção de todos os textos sobre os filmes do diretor publicados, a partir de 1964, na revista Cahiers du Cinéma, referência obrigatória na crítica cinematográfica internacional.
O objetivo deste artigo é analisar o surgimento e a evolução de um perfil de herói com caracterização amoral, violenta e individualista, dentro do escopo de três filmes dirigidos por Sergio Leone em meados da década de 1960. A análise pretende trazer à tona os contextos sócio-culturais que impulsionaram Leone a rejeitar o arquétipo do herói clássico altruísta e adotar esse novo perfil. Ele parece estar conectado, por sua vez, a outro recurso de estilo típico na obra do diretor: a representação mais realista da violência. O artigo mostra, também, como esse herói de moralidade ambígua extrapolou os filmes de Leone, ajudando a influenciar toda uma linhagem de filmes de ação contemporâneos.
A continuidade no cinema: Uma perspectiva formal
A continuidade no cinema: Uma perspectiva formal, 2013
A proposta deste trabalho é analisar e refletir sobre o papel da continuidade na indústria cinematográfica, abordando os dois lados dessa questão: a função técnica do continuísta e a sua responsabilidade em manter a coesão narrativa no universo diegético. A partir de uma análise de ordem histórica, procura-se contextualizar o surgimento da noção de continuidade no cinema, assim como a legitimação da função do continuísta. O propósito é analisar o papel da continuidade na criação da narrativa clássica, e como esse profissional torna-se fundamental dentro de um set de filmagem. Finalmente, procura-se investigar como as mudanças em direção a uma narrativa descontínua, e uma série de inovações tecnológicas, afetam a continuidade enquanto conceito e o papel do continuísta enquanto profissional.
O papel de Sergio Leone do perfil contemporâneo do herói em filmes de gênero
Culturas Midiaticas, 2012
O objetivo deste artigo é analisar o surgimento e a evolução de um perfil de herói com caracterização amoral, violenta e individualista, dentro do escopo de três filmes dirigidos por Sergio Leone em meados da década de 1960. A análise pretende trazer à tona os contextos sócio-culturais que impulsionaram Leone a rejeitar o arquétipo do herói clássico altruísta e adotar esse novo perfil. Ele parece estar conectado, por sua vez, a outro recurso de estilo típico na obra do diretor: a representação mais realista da violência. O artigo mostra, também, como esse herói de moralidade ambígua extrapolou os filmes de Leone, ajudando a influenciar toda uma linhagem de filmes de ação contemporâneos. Palavras-chave: História do cinema. Análise fílmica. Gênero fílmico.
Vicissitudes e permanências da ideia de autor na crítica de cinema brasileira contemporânea
Este artigo investiga o uso da figura do autor cinematográfico na crítica de cinema contemporânea do Brasil. Para tal, faz um recuo às conceptualizações de autor de Glauber Rocha e Jean-Claude Bernardet para, daí, se focar em análise de críticas de dois filmes: O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho e Até que a Sorte nos Separe, de Roberto Santucci. Percebe-se como o uso da ideia de autor no cinema ainda é utilizado como uma positivação por si só do filme em contraponto com aquele da “indústria”, permanecendo como uma espécie de reminiscência, mesmo quando não apontada diretamente.
A ideia de autoria na industrialização do cinema: o caso Doyen e a disputa com a Pathé (1898-1910)
Revista Tempos Históricos, 2018
Resumo: O desenvolvimento da ideia de narrativa no cinema e, posteriormente, a defesa dessa mídia como nova forma artística se realizaram por meio de um rápido processo que envolveu não apenas a estabilização do cinematógrafo em um mercado altamente rentável, mas, também da caracterização jurídica do processo de criação fílmica. Esse processo, realizado nos vinte anos iniciais desde a criação do aparelho cinematógrafo, teve como um dos marcos a disputa judicial do cirurgião Doyen na França a partir de 1905 contra a empresa Pathé, que havia adquirido os filmes das cirurgias do médico sem a sua anuência para explorá-los comercialmente. O caso abriu um precedente jurídico que, além de ter dado início à atribuição legal aos autores de filmes, proporcionou meios discursivos aos defensores do cinema como " arte " , estatuto requisitado para que o filme estabelecesse o seu público para além da classe trabalhadora no circuito comercial, além da estabilidade jurídica para a ideia de propriedade intelectual em torno do produto fílmico. Abstract: The development of the narrative perspective in cinema and, later, the defense of this media as a new artistic form were realized through a fast process that involved not only the stabilization of cinematograph in a highly profitable market, but also of the legal definition of the process of filmmaking. This process, which took place in the initial twenty years since the creation of the cinematographic apparatus, has had as one of its marks the judicial dispute of the surgeon Doyen in France from 1902 against the company Pathé, wich had acquired the films of the surgeries of the doctor without its consent to explore them commercially. The case opened a juridical precedent that, in addition to start the legal attribution of the " author " in films, provided discursive means to the defenders of the cinema as a type of " art " , a status demanded for the movies to establish its public beyond the working class one in the commercial circuit, as well as legal stability for the idea of intellectual property around the film product.