"Infelici Tribù" ou "Belve feroci"? O Indianismo dos italianos (original) (raw)

A REPRESENTAÇÃO DO ÍNDIO BRASILEIRO NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS ITALIANAS: UM ESTUDO ANTROPOLÓGICO DO " FUMETTI " MISTER NO

O presente trabalho apresenta uma reflexão sobre a representação do índio brasileiro nas histórias em quadrinhos italianas – “Fumetti”. O índio brasileiro tem sido alvo de diferentes representações desde o “descobrimento” do Brasil. “Bom selvagem”, ou “Mau selvagem”, herói natural ou empecilho à civilização moderna. Diferentes representações, com diferentes objetivos políticos e ideológicos, foram construídas sobre o índio brasileiro, tanto por autores e artistas brasileiros quanto por estrangeiros que estiveram no Brasil, desde a colonização. Neste trabalho, buscamos analisar o modo como o índio brasileiro é representado na “fumetti” italiana Mister No, série de autoria do quadrinista e “viajante” italiano Sergio Bonelli (1932-2011). Bonelli, seguindo a tradição dos viajantes que aportaram no Brasil desde o descobrimento, a exemplo do escultor Rodolfo Bernardelli ou do pintor Jean-Baptiste Debret, foi capaz de construir uma representação do índio brasileiro a partir de uma visão estrangeira; inserindo o “fumetti” Mister No em uma longa tradição de olhar o Brasil, e, particularmente, o índio brasileiro, em uma perspectiva europeia. O corpus de análise é composto pelas histórias de Mister No publicadas no Brasil: oito edições publicadas entre 1975 e 1976 pela Editora Noblet; vinte edições da série mensal publicada pela Editora Record entre 1990 e 1992; 24 edições publicadas pela Editora Mythos entre 2002 e 2004; além das oito histórias publicadas na revista "Seleção Tex e os Aventureiros"; uma história publicada no álbum "Fumetti, O melhor dos Quadrinhos Italianos" pela Editora Globo; e, por fim, uma história publicada no “Especial Sergio Bonelli” pela Mythos Editora.

Os italianos “brasiliani”

2021

Este artigo visa a verificar como Mário Pedrosa observou italianos que imigraram para o Brasil na primeira metade do século XX, algo que pode ser visto como continuação da dinâmica migratória entre os dois países, mas reconfigurado no período em questão. Observar-se-á como Bardi, Armando Balloni, De Fiori, Di Prete, Paolo Rissone, Caetano Fraccaroli e Tiziana Bonazzola são vistos na crítica de Pedrosa, que ratifica a aceitação desses italianos que se transformam em brasiliani, tanto pela permanência no País que os acolhe, mas sobretudo pelo modo como passam se inserir no seu sistema artístico.

A Itália e o Racismo disfarçado

TRAVESSIA - revista do migrante, 2013

A acolhida e a hospitalidade são consideradas uma das características próprias da identidade italiana. Nos últimos anos, contudo, gravíssimos episódios de racismo demonstraram que em relação aos imigrantes existe um clima de ameaça que pareceria ter sido agravado pela crise econômica. Não obstante isto, o problema do racismo foi redimensionado pelos policy maker e pela mídia, que são exatamente aqueles que mais se lançam contra os imigrantes, acusados de ameaçar o bem-estar e a segurança. Junto ao multiplicar-se das agressões contra os mesmos, numerosas leis criminalizaram a pobreza e empurraram a população estrangeira à margem da legalidade. Este artigo tem por objetivo explicar as razões da falha da Itália em reconhecer o problema do racismo, bem como sua falta de habilidade e falta de vontade de lidar com ele. Por quanto tempo poderá continuar esta situação antes de desembocar num aberto conflito social?

Raízes da Identidade Italiana

Nas Raízes da Identidade Italiana, 2019

Nas Raízes da Identidade Italiana Autor : Marco Torresin Versão em Língua Portuguesa: Lara Kauss O objetivo deste artigo é investigar as razões desta situação particular, tentando mostrar como muitas diferenças e problemas da sociedade italiana continuaram a existir sem qualquer mudança durante os 150 anos da unidade italiana.

A etnicidade dos imigrantes italianos representadas pela Ferrovia do Vinho de Bento Gonçalves

Mouseion

Este estudo tem por objetivo investigar se a etnicidade dos imigrante italianos permanece presente no desenvolvimento e na cultura da Ferrovia do Vinho e de que forma pode ser percebida. Como problema de pesquisa, foram investigadas quais ações contribuíram para manter a etnicidade dos imigrantes italianos, pelo uso da Ferrovia do Vinho, nos dias de hoje. Para atender o objetivo proposto e responder o problema de pesquisa, optou-se pelo método de pesquisa bibliográfica em materiais publicados. A etnicidade é formada por diferentes características como: traços, língua e a cultura de um determinado grupo, os quais se diferem de outros. Assim, os imigrantes italianos que chegaram em Bento Gonçalves se depararam com uma cultura diferente da que traziam consigo. Atualmente, tal cultura está presente na Ferrovia do Vinho, que fomenta a economia através do turismo.

Identidade étnica ou Identidades étnicas? A italianidade em Oswaldo Truzzi

Revista de História

Resenha do livro: TRUZZI, Oswaldo Mario Serra. Italianidade no interior paulista – percursos e descaminhos de uma identidade étnica (1880-1950). São Paulo: Editora Unesp, 2016. O livro Italianidade no interior paulista: percursos e descaminhos de uma identidade étnica (1880-1950) publicado em 2016, pelo professor da Universidade Federal de São Carlos, Oswaldo Truzzi, tem por objetivo compreender como se deu o processo de estruturação de uma identidade étnica do grupo de indivíduos que emigraram da Itália, no recorte temporal que abrange dos anos de 1880 a 1950. O autor, com uma relevante carreira nos estudos migratórios, elenca três ocasiões que se constituíram em marcos para uma mudança neste sentimento. São elas: os momentos iniciais da imigração e a construção da “italianidade” fora da Itália; a emergência do fascismo na Itália; e o Estado Novo. Ao perscrutar as diversas camadas sobrepostas na identidade italiana, visou mostrá-la como um processo histórico constantemente negocia...

"Esses bárbaros comem passarinhos": Erico Verissimo e o imigrante italiano

O artigo analisa a presença do imigrante italiano e seus descendentes na obra de ficção de Erico Verissimo. Desde seus primeiros livros, nos anos 1930, o escritor observa o estrangeiro como um elemento essencial na formação da sociedade gaúcha, tanto no âmbito econômico quanto no cultural. Se por um lado não se encontra uma personagem central que pudesse dar conta da importância do imigrante para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul, por outro pode-se perceber um tratamento ficcional na justa medida da verossimilhança histórica. Nos romances estudados, o estrangeiro de origem italiana gravita em torno do luso-brasileiro e torna-se uma ameaça, à medida que os valores da estância entram em crise. Diferentemente do que ocorre em boa parte da historiografia que trata da colonização, Erico Verissimo não fortalece nos romances os discursos que apresentam o imigrante como o inventor da indústria e como um ser dotado de habilidade inata para o trabalho.