Religião sem Deus: uma questão de fé e valores (original) (raw)
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Religião sem Deus: uma questão de fé e valores / Religion without God: a matter of faith and values
Revista Direito e Práxis, 2013
O objetivo do presente artigo é apresentar os principais argumentos desenvolvidos no último livro de Ronald Dworkin: ReligionWithout God. Para tanto, em primeiro lugar são analisadas as considerações do autor sobre a morte e a imortalidade. Em seguida, como uma forma de facilitar a compreensão da obra em análise, passa-se a uma breve incursão à concepção de igualdade. Os pontos seguintes tratam da tese central do livro, que culmina com o tratamento da religião como o direito à independência ética. Ao final, alguns dos argumentos desenvolvidos pelo autor são utilizados na análise de uma recente decisão do Supremo Tribunal Federal, na tentativa de visualizar suas implicações práticas.
Valores e Religiosidade em Portugal, 2022
A evolução e o desenvolvimento da sociedade, caracterizados pelo contexto de hiperinformação e pela absolutização do tempo presente, suscitaram novos problemas, problemas reais, de ordem económica, cultural, social, demográfica, problemas de ordem moral que tocam bem fundo na vida das pessoas, os quais não se enquadram em estruturas, modelos ou conceitos pré-construídos. As pessoas pedem, portanto, às instituições que não se desliguem das suas vidas e dilemas, mas que reestruturem a sua forma de dialogar, de entender os problemas, sem predeterminação, que sejam instituições sempre abertas a novas formulações e alternativas. A Igreja não pode ser alheia a estas transformações e fechar os olhos ao caminho que a sociedade está a prosseguir, mas também não tem que ir no corrupio escorregadio e presunçoso das tendências contemporâneas que são, muitas vezes, a simples negação por negação, da tradição e que se impõem como sinónimo de progresso. A partir dos dados disponíveis do European Values Survey, do ano 2020, apresenta-se, neste livro, uma caraterização dos valores e da religiosidade dos portugueses, e as perguntas que nos guiam são: Até que ponto é que se conseguirá transmitir às gerações futuras a importância do cristianismo? Estaremos a caminhar para um Portugal que vai deixar de reconhecer a legitimidade e o valor humanizante do cristianismo? Quanto interessa a religião católica aos jovens? Os portugueses, nestes últimos 60 ou 70 anos, reconfiguraram a sua forma de viver, de acordo com a sua idiossincrasia e cultura, recomposição esta que lhes permitiu estar ao mesmo nível dos seus congéneres europeus, explicando, assim, a mudança de comportamentos, atitudes e valores que foram recriados a partir do encontro com outras culturas. Neste contexto, perguntamos: Que valores caracterizam hoje os portugueses? Que valores são apreciados pelos jovens, pelos seus pais e avós? São estas e muitas outras as questões a que procuramos responder neste livro.
Textos e Debates, 2012
Até meados da década de 30, o "aniversário do Brasil" era celebrado dia três de maio, rememorando a data da primeira missa realizada no país. As escolas reuniam seus alunos, hasteavam a bandeira, entoavam o Hino Nacional. O evento que simbolizava o nascimento da nação brasileira era, portanto, um marco religioso, e não a chegada da frota de Pedro Álvares Cabral. Era através deste marco que o Estado buscava fomentar o espírito cívico do povo brasileiro (Bittencourt, 1991).
A Despedida Da Metafísica e O Crescimento Dos Sem Religião
Teologia das Religiões 2, 2019
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Espiritualidade Sem-Religião: O Cultivo Da Qualidade Humana
Síntese: Revista de Filosofia
O presente artigo reúne contribuições para o pensar sobre espiritualidades sem religião, não religiosas ou laicas. Por um lado, são abordados os sentidos de espiritualidades autônomas e independentes da crença, do corpo doutrinário e da organização comunitária representadas por instituições religiosas. Por outro lado, a reflexão versa sobre o cultivo da qualidade humana e da qualidade humana profunda a partir de uma concepção antropológica não-dual, segundo a qual o animal humano, como animal de fala, acessa a realidade e a modela como dimensão relativa às suas necessidades e como dimensão para além das suas necessidades. Ainda que nosso horizonte nos conduza a uma necessária superação dos termos religião e espiritualidade, considerados como fruto de projetos axiológicos não mais adequados a sociedades marcadas por um intenso processo de mudança constante, tais como as contemporâneas sociedades de conhecimento e de inovação, para o tratamento da questão, consideraremos ser adequado ...
No contexto socio-político em que vivemos, falar de religião tornou-se um hot topic – ou pelo menos algumas discussões que se têm da temática, que se enquadram particularmente com o papel da religião numa sociedade secularizada. Tendencialmente tendemos a ver esta ideia como uma dualidade ou uma trialidade, no máximo: ou a religião é uma entidade desactualizada que promove maus valores ou mesmo que os seus valores sejam bons, ela é parasítica e tem um efeito perverso; ou por outro lado nem tem um efeito perverso nem maus valores – é ainda uma instituição de valor social. De um ponto ou de outro há bons argumentos que não cabe aqui analisar, mas mais do que tudo, convém notar que a maior parte das discussões desta dualidade caem num maniqueísmo pouco produtivo: ou a religião é o bastião de tudo o que é conservador, retrógado e em geral indesejável para a sociedade ocidental; ou é o único elo de salvação dos indivíduos numa sociedade que os deixa sem qualquer tipo de apoio social ou cultural, e que os vincula a algum lado. Não me parece exagerado dizer que uma visão destas não ajuda de facto a ninguém, e que não parece verdadeiro que qualquer uma das narrativas seja verdade. Mas sendo assim, sobre o que venho eu falar? Bem, a questão que eu venho procurar responder – um aparente paradoxo, para algumas pessoas – é como é que se pode defender um papel para a religião no mundo actual que não nega em aspecto quase nenhum a necessidade de todas as outras as instituições que a " vieram substituir " (uma falácia historiográfica que analisaremos em baixo), e como é que isso não choca com a ideia de que a religião tenha ainda um papel. Em suma: venho procurar justificar porque é que sou cristão católico. Mas aviso que esta justificação não será convincente para todos, e que apenas a exponho de uma forma provisória, de forma a possivelmente dissipar um pouco da nuvem confusa acerca da religião. Com isto dito, primeiro que tudo, definamos o que queremos dizer.
Entre o Deus e o Mundo: Norma e desvio numa comunidade religiosa
2009
Resumo: O artigo aborda o papel da Igreja Assembléia de Deus no cotidiano dos jovens da Cidade Estrutural, uma comunidade popular do Distrito Federal. O texto mostra como são construídas as normas que pautam as relações sociais dos integrantes da comunidade religiosa pesquisada e como estas mesmas normas são ressignificadas e constantemente renegociadas com o universo de valores dos jovens, o que acaba levando a produção de indivíduos ajustados e desviantes. Por fim o artigo mostra a reação dos líderes religiosos à forma como os valores da igreja são incorporados e ganham novos sentidos pelos jovens que negociam com um sistema de culpas e punições, instrumentos de socialização utilizados pela igreja para a educação religiosa dos jovens fiéis.