" Raça e Classe " : Trabalhadores e Grupos Subalternos: Trabalhadores e Grupos Subalternos (original) (raw)

A relação de classe e raça na formação da classe trabalhadora brasileira

Serviço Social & Sociedade

RESUMO: O propósito deste artigo é apresentar e analisar, ainda que sucintamente, através de Fernandes (2007), Ianni (1978) e Moura (1992) a complexidade da relação classe e raça no entendimento da composição da classe trabalhadora brasileira. Parte-se da compreensão de que as teorias racialistas, mesmo no processo de transição do escravismo para as relações de trabalho na sociedade capitalista, persistiram na formação da classe trabalhadora brasileira.

Grupos sociais subalternos e a disputa pela hegemonia: apontamentos gramscianos

Resumo: Antonio Gramsci destaca-se pela sua criatividade no trato do marxismo, aprofundando temáticas relacionadas a aspectos superestruturais da dominação capitalista, respondendo questões quanto à estratégia de transição ao socialismo, considerando a vontade nacional-popular – em perspectiva dialética internacional – e as diferentes formações econômico-sociais. Num momento em que na Itália as ideias do revolucionário sardo estavam adormecidas, um projeto de um grupo de historiadores indianos faz o caminho contrário e retoma, nas décadas de 1970 e 1980, os estudos subalternos gramscianos. Os Subaltern Studies, liderados por Ranajit Guha, utilizam o termo subalterno baseados na necessidade da reconstrução da história integral, como forma de firmar um posicionamento teórico e político contrário às interpretações elitistas do contexto indiano, de caráter colonialista e/ou nacionalista. Na esteira dessa reflexão, sujeitos e grupos sociais subalternos, em nossa hipótese, são categorias teórico-analíticas fecundas para se compreender também a realidade latino-americana por tratarem de sociedades que experimentam um desenvolvimento desigual, ao passo que promovem a renovação crítica do conhecimento desde uma perspectiva política e intelectual, de emancipação de situações de opressão diversas. Traremos, pois, leituras críticas do grupo indiano, dos estudos subalternos na América Latina e, fundamentalmente, apresentaremos como a subalternidade aparece de forma relacional nas obras de Gramsci. Como conclusões, indicamos que o conceito de grupos sociais subalternos do marxista italiano emerge da sua maturação teórica e do seu leninismo, apresentando-se como uma versão do que seria em Lênin a política de frente única, apresentando, ainda, relação estreita com a ideia de novo bloco histórico, uma nova articulação entre estrutura e superestrutura que permitiria a construção de uma contra hegemonia operário-camponesa que substituiria o bloco histórico burguês dominante. Palavras-chave : Grupos subalternos, hegemonia. Resumen: Antonio Gramsci se destaca por su creatividad en el tracto marxista, la profundización de temas relacionados con aspectos súper-estructurales de la dominación

Luta De Classes, Gênero e Revolução

Práxis e Hegemonia Popular, 2020

A minha posição é a de uma leitora de Gramsci a partir da utilidade atual da sua reflexão para a compreensão do presente e para refundar hoje uma teoria da libertação. O ponto de partida, é portanto, a nossa colocação no presente, o nosso desejo de transformação que cruza um texto e o questiona partindo das possibilidades de fortalecimento deste desejo que tal texto oferece, em uma relação com o texto gramsciano que é ao mesmo tempo afetiva e instrumental, fiel e infiel. A perspectiva de pesquisa, portanto, coloca-se naquele "campo que foi aberto" pelo próprio Gramsci na sua reflexão sobre a questão da tradutibilidade. E a convicção por nós progressivamente amadurecida é que seja útil traduzir Gramsci para quem, como nós, hoje se coloque na necessidade de refundar uma teoria da libertação que seja à altura das atuais formas de domínio. E, ao mesmo tempo, acreditamos na necessidade que o ingresso das mulheres na história da subjetividade determina uma ruptura, histórica e teórica: política. Acredito assim, que o desafio que hoje não pode ser vencido, na interrogação de Gramsci entre passado e presente, seja o desafio de não transformar a complexa questão da tradutibilidade em Gramsci e de Gramsci em uma historicista seleção do que é vivo e do é morto dentro das suas páginas, ou ainda, de cair em atualizações desestoricizantes, ou pior ainda de entregar Gramsci a status de um clássico mudo: e então creio ser preciso se nomear como sujeitos da tradução, oscilantes entre presente e futuro. Não é, de fato, prescindindo da nossa posição em um processo de conhecimentotransformação da realidade, que interrogamos Gramsci e o presente com as perguntas de Gramsci: e, portanto, Gramsci pode falar ao presente. Sentir Gramsci, sentir aquela sua própria paixão sem a qual "não se faz 1 Palestra proferida no Seminário "GRAMSCI, A REVOLUÇÃO E OS DESAFIOS DO SÉCULO XXI 80 anos de Antonio Gramsci e 100 anos da Revolução Russa", no dia 31 de Agosto de 2017 na FACED, da Universidade Estadual do Ceará-Fortaleza-Ce. 2 Parlamentar italiana, porta-voz da cultura e das comunicações no Partido da Refundação Comunista. É também membro do coletivo Femministe Nove e membro do conselho da International Gramsci Society Itália.

Gênero, Patriarcado, Trabalho e Classe

Revista Trabalho Necessário, 2018

A conjunção das palavras-chave que compõem o título desse artigo remete imediatamente ao conjunto de reflexões e práticas do que se convencionou denominar “feminismo materialista” Assim, esse texto apresenta, de início, o feminismo materialista para, em seguida, abordar o tema do trabalho das mulheres e, mais geralmente, a relação entre trabalho e gênero, no contexto de um capitalismo patriarcal. Discute, enfim, o paradigma da interseccionalidade, que propõe a interdependência e a não-hierarquização das relações de poder de gênero, raça e classe social.

Colonialismo, luta de classes, racismo e subalternidade

Conhecer: debate entre o público e o privado, 2022

O uso do conceito gramsciano de subalternidade pelo grupo dos Subaltern Studies tem desdobramentos distintos das bases revolucionárias da Filosofia da Práxis, pois, ao aderir às tendências pós-modernas e às teorias “pós-coloniais”, contribuem para reforçar os questionamentos sobre a legitimidade de Karl Marx para contribuir com o debate sobre a relação entre exploração e opressão pelo colonialismo, especialmente na América Latina. Assim, este artigo busca recuperar as contribuições de Marx e de Antonio Gramsci e os elementos históricos que condensam o lugar da Filosofia da Práxis contra o colonialismo, o racismo e as formas que a subalternidade assume na sociedade de classes, como a “questão meridional” apontada por Gramsci, assim como a contribuição de intelectuais orgânicos que auxiliam na tarefa da tradutibilidade latino-americana, especialmente do Brasil, a partir da compreensão das contradições particulares e contemporâneas que acenam para as possibilidades sócio-históricas de ...

Escravidão, trabalho e subalternidade: discussões atuais da historiografia do trabalho e da escravidão e o estudo da formação da classe trabalhadora na cidade do Rio de Janeiro

Marx e o Marxismo, 2014

Escravidão, trabalho e subalternidade: discussões atuais da historiografia do trabalho e da escravidão e o estudo da formação da classe trabalhadora na cidade do Rio de Janeiro Slavery, labor and subalternity: Resumo Este artigo apresenta algumas discussões de ordem teórica e historiográfica que ganharam espaço na História Social do Trabalho nos últimos anos e que perpassam os temas da escravidão e da formação classe trabalhadora. Considerando o atual debate sobre o trabalho escravo e o trabalho livre, seu objetivo é abordar questões pontuais acerca da importância de análises estruturais da escravidão e do potencial da noção gramsciana de subalternidade para o estudo de certos grupos sociais em determinadas situações históricas -tais como as que caracterizaram a cidade do Rio de Janeiro, entre meados do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Palavras-chave: História social do trabalho; escravidão e subalternidade; formação da classe trabalhadora carioca.

Apresentação : classes subalternas e instituições públicas

Boletim de Análise Político-Institucional, 2023

Esta edição do Boletim de Análise Político-Institucional (Bapi) conta com quatro artigos que compõem o dossiê temático Classes Subalternas e Instituições Públicas. Os artigos são fruto de pesquisas conduzidas no âmbito do programa e rede de pesquisa Lower Classes and Public Institutions (Loci), coordenada internacionalmente pelo professor Vincent Dubois, da Universidade de Estrasburgo, envolvendo pesquisadores de dezoito países na Europa, na América Latina e na Austrália. No Brasil, o projeto vem sendo coordenado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e conta com a participação de pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Formação Dos Trabalhadores e Luta De Classes

Revista Trabalho Necessário, 2018

Tece considerações sobre processos de formação e de educação para a classe trabalhadora em sociedades capitalistas, voltados para a inserção no mercado de trabalho (formação para o capital), deseducadores e des-formadores. Destaca as formas de ingerência empresarial direta e indireta na educação pública brasileira. Apresenta a Educação do Campo como experiência original, capaz de apontar possibilidades para a educação-formação da classe trabalhadora, com elaboração, formulação e execução paralelas à organização da própria classe e estreita conexão entre ensino e pesquisa.