Da falsa integração do espectador na TV informativa (original) (raw)

O vídeo da audiência incorporado à estrutura da notícia televisiva

Anais do 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2018

Quando a audiência se torna também produtora e passa a competir com o jornalista na distribuição de informações o processo de produção jornalístico é alterado para incorporar os materiais gerados por essa audiência. Importa, neste artigo analisar a estrutura da notícia televisiva que contenha vídeo produzido pela audiência. Recorre-se à Semiótica Discursiva para identificar, no produto final, as marcas discursivas resultantes da produção da audiência modificada pela rotina e práticas jornalísticas. Para isso aplica-se método que tem sido utilizado e aperfeiçoado pelo Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Telejornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (GIPTele/UFSC). Como objeto foi escolhida uma notícia do telejornal Balanço Geral Florianópolis, da RICTV Record.

O saber do espectador e o saber do telespectador

Significação: Revista de Cultura Audiovisual, 2004

O saber do espectador e o saber do telespectador* *Texto traduzido do francês por Reto Melchior. FRANÇOIS JosT Centre d' étude des images et des sons médiatiques/Sorbonne Nouvelle Resumo O artigo discute questões básicas de narratologia, a partir de uma crítica a posições defendidas por Gérard Genette, mostrando que tal concepção não se ajusta bem aos textos visuais do cinema e da televisão. Começa por estabelecer uma distinção entre ver e saber, imbricadas nas relações narratológicas, que os teóricos desta disciplina costumam utilizar indiferentemente. Convoca, para ilustrar sua proposta, um exemplo heurístico, o atentado de 11 de setembro perpetrado contra o World Trade Center. Mostra, então, que o ver não pode deixar de prescindir do saber-as imagens do atentado, por si mesmas, não são reconhecidas enquanto o telespectador não consegue estabelecer um laço entre elas e uma dimensão do mundo que, em TV, aparece vinculada ao real ou ao fictício ou ao lúdico. A partir da análise do evento, revela que as imagens só podem ser aceitas como violentas quando perpassam pela somatização humana.

O espectador inconformado

Cena Em Movimento, 2011

RESUMO: O espectador foi visto como uma figura passiva dentro da teoria teatral por muito tempo. No entanto, diversas teorias demonstram que a capacidade perceptiva não é puramente recepção, mas também atividade. A encenação, enquanto escritura da cena, é um texto aberto à multiplicidade de interpretações, que dependem mais da criatividade do que de uma compreensão racional. Para ler um obra de teatro é necessária uma interpretação criativa, uma desleitura, no sentido do crítico americano Harold Bloom. Somente com um desvio criativo pode o espectador enfrentar as obras do teatro pós-moderno e contemporâneo.

O direito de acesso à informação nos meios televisivos: onde está a inclusão?

The work that is being presented demonstrates that a significant parcel of the Brazilian television public, mainly the aged people and the people with disability, are harmed in their right of access to the information. That exclusion could be observed in part of the journalistic production and publicity production, that it is transmitted by the main networks of the Brazilian television. Some of these messages are generated in such way that does not reach the proposed objectives of a good communication.

INFOtenimento na televisão: a tênue fronteira entre informação e entretenimento no encontro do telejornal com a revista eletrônica

Este artigo problematiza as estratégias discursivas televisivas, na união da informação ao entretenimento, que gera a categoria híbrida INFOtenimento. A pesquisa reúne edições de Jornal do Almoço (JA), veiculadas pela sucursal da RBS TV de Santa Maria-RS, durante janeiro, fevereiro e março de 2010. O estudo sobre agendamento e tematização constatou os macrotemas. As análises apontam o entretenimento como incremento da pauta jornalística, numa oscilação entre os gêneros telejornal e revista eletrônica. Palavras-chave: INFOtenimento. Telejornal. Revista eletrônica.

Impresso e Audiovisual: o contraponto gerado pela revista Veja na distorção da informação

O audiovisual contemporâneo: Mercado, educação e novas telas , 2016

A agência de propaganda AlmapBBDO criou para a revista Veja em abril de 2015 uma campanha intitulada "Fato Distorcido" para ser veiculada nas redes sociais e no cinema, onde seis artistas participavam de um experimento real para ressaltar a importância da credibilidade no jornalismo. A ideia consistia em apresentar inicialmente a foto vencedora do prêmio Pulitzer, feita pelo fotojornalista Kevin Carter no Sudão em 1993, onde uma criança em estado grave de subnutrição está na mira de um abutre ao fundo. A partir da foto, um primeiro artista reproduziria a imagem por meio de sua técnica se aproximando da foto de Carter e em seguida os outros artistas criariam seus trabalhos observando apenas a obra feita pelo artista anterior, sem ver a foto original. Sendo assim, o trabalho de cada artista foi se afastando da realidade exibida na foto de Carter. Em 12 dias de filmagem em um galpão em São Paulo, foi criado um filme apresentando a interpretação de cada artista sobre o que viu no trabalho do profissional anterior. A mensagem principal do audiovisual é relacionar a distorção dos trabalhos causada pelo afastamento de cada artista da foto original com a distorção que pode ocorrer no jornalismo pela distância entre fato e notícia. O filme encerra com a mensagem "Vá direto à fonte" e a assinatura "VEJA. Para não ficar indiferente". Nas eleições para presidente do Brasil de 2014, a revista Veja foi condenada por crime eleitoral pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por publicar em sua capa uma reportagem na qual a presidente Dilma e o expresidente Luis Inácio Lula da Silva são acusados de terem conhecimento do suposto esquema de propina instalado na Petrobras. A publicação da revista faz referência a um suposto depoimento do doleiro Alberto Youssef à Polícia Federal para implicar a presidente Dilma e o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva em ilicitudes. Devido a falta de provas que comprovassem a veracidade da reportagem, a revista foi obrigada judicialmente a publicar direito de resposta da candidata à reeleição Dilma Rousseff na edição seguinte da revista. Diante dos fatos, fica evidente a tentativa de manipulação da revista das informações prejudicando o cenário eleitoral vivido naquele momento. Percebe-se então uma distância entre fato e notícia. A proposta desse trabalho é analisar o contraponto causado pelo audiovisual produzido pela revista Veja meses após a mesma revista ter sido condenada pela justiça por distorção da informação para prejudicar a imagem da candidata Dilma a presidência. O recurso audiovisual aliado a uma excelente ideia publicitária como meio de propagar a "boa imagem" da revista pelos meios midiáticos, gerou um conflito com a atitude da revista em difamar um candidato as vésperas da eleição.

JORNALISMO INTEGRADOR: O NOTICIÁRIO TELEVISIVO NA ERA DA ABUNDÂNCIA INFORMATIVA

LabCom Books, 2019

A abundância informativa, resultante tanto da atividade dos jornalistas como dos públicos, provocou, por um lado, a aproximação entre produtores e consumidores, e, por outro, a irremediável porosidade do campo do jornalismo. O jornalismo televisivo, tradicionalmente dependente da imagem e cada vez mais dos fenómenos de popularidade nas redes sociais digitais, abre novas portas à tão aguardada conversação entre os profissionais da atividade e os seus públicos, por meio da construção crescentemente partilhada da realidade. Para atestar este contexto de cocriação emergente no jornalismo televisivo, a presente investigação desenvolveu-se em contexto empresarial, numa imersão de longo prazo (três anos) na redação de informação da TVI. Os dados empíricos resultantes da observação etnográfica – principal metodologia aplicada – asseguraram as bases para a caracterização de um jornalismo mais integrador, das quais se destacam: o aumento notório da utilização de conteúdos amadores nos alinhamentos noticiosos formais, a abertura da redação tradicional de televisão – offline – aos contributos que o contexto online permite e a confirmação da imbricação crescente entre jornalistas e públicos na construção da realidade. Para que esta construção conjunta seja integradora ela deve, como enfatizaremos ao longo do trabalho, ter em conta a importância crescente do papel do jornalismo profissional enquanto autenticador e institucionalizador da informação noticiosa. Só assim se encontrará o sentido de verdade, porque assente no imperativo da credibilidade.