A educação dos príncipes nas três últimas gerações da família real portuguesa (original) (raw)
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A arte de ensinar os filhos nobres na Castela dos séculos XV e XVI
2018
Entre o final do seculo XV e inicio do XVI, cresceu o interesse dos letrados e dos reis de Castela pela educacao dos nobres, em grande parte devido a troca de influencias com os humanistas que vinham da Italia. Atraves de alguns tratados contendo exemplos virtuosos, foram estabelecidas pelos letrados castelhanos regras para a educacao dos filhos e filhas. Nosso objetivo principal e examinar esses tratados em que o dialogo e estabelecido entre o pai e os filhos. Os tratados sobre a educacao dos homens sao: “Manera de criar a los hijos” escrito por Rodrigo Sanchez de Arevalo e “De liberis educandis” escrito por Antonio Nebrija. Alem da riqueza do seu conteudo, tais tratados foram escolhidos em razao da sua larga difusao na Peninsula Iberica. A maior parte deles se apresentou como uma especie de “arte da vida”, o que nos leva a interrogar como tais nocoes novas ou retomadas foram recorrentes no periodo e projetaram ideais de boa conduta para os homens.
Os livros na formação da nobreza portuguesa no século XV
RESUMO: O presente artigo aborda o conceito de livro e da sua difusão em Portugal no século XV, para a formação dos governantes e da corte portuguesa, onde a leitura e o conhecimento foram acrescentados como qualidades de um nobre. A dinastia de Avis desempenha esse papel através dos três reis autores D. João I, D. Duarte e o Infante D. Pedro que contribuem com escritos que contém matérias moralizantes para reger bem a si mesmo tendo em vista a salvação e o bem comum na governação. El término 'libro' designa un objeto constituido por un conjunto e hojas que contienem o no un texto y reunidas bajo una encuadernación o atadura. 168 Livro: reunião de folhas impressas presas por um lado e enfeixadas ou montadas em capa 169 O livro no seu primeiro significado é entendido como um conjunto de folhas sejam elas manuscritas, datilografadas ou impressas que são reunidas e organizadas de forma que se possa facilitar a leitura. Seja qual for à natureza do texto, o primeiro interesse ao escrevê-lo é registrar algo a fim de que alguém em algum certo momento possa lê-lo. São tidos como instrumentos de apreensão e ordenação do mundo e a escrita é atribuída à preservação do saber. Em Portugal, esta produção intelectual do final do século XIV e do decorrer do século XV foi relativamente diversificada e de certa forma abundante devido às condições periféricas do reino, o idioma português modernizava-se propiciando essa diversidade e o latim perde seus status em razão da não difusão entre a nobreza. Tais escritos eram considerados artigos de luxo onde tinham não só valor material, mas também valores sentimentais. As tiragens eram inexpressivas dado que antes da imprensa, o trabalho se dava por cópias individuais. Esses trabalhos primeiramente
Os frades menores eo clero português do começo do século XIII
Emblemas-Revista do Departamento de História e …, 2010
Os frades Menores chegaram a Portugal, provavelmente, em 1217. Como andassem andrajosos, causaram má impressão: "vemdo-os os poboos veestidos de avito de forma singular, estranhos por língua, temendo que fossem hereges, receberom-nos de maamente e em nehûa maneira nos consentirom que morassem antre elles por qual cousa os fraires chegarom a dona Orraca. 46 Então, a Rainha os mandou examinar. 47 É bem provável que tenham respondido aos examinadores, como outrora os primeiros companheiros de Francisco teriam respondido àqueles que lhes perguntavam por sua identidade e mister: "Somos penitentes e viemos da cidade de Assis". 48 A Crónica da Ordem dos Frades Menores e também Fr. Manoel da Esperança afirmam que a Rainha os favoreceu e obteve do rei D. Afonso II, seu marido, que lhes construíssem dois conventos: um em Guimarães e o outro em Lisboa. Contudo, como a Infanta D. Sancha (irmã de D. Afonso) tinha ouvido falar das virtudes daqueles primeiros Franciscanos, chamou-os a si para ouvílos, e, a seu pedido e com a sua ajuda, foi construído o convento de Alenquer, atrasando, assim, a fundação do convento de Lisboa. 49 Os frades foram viver em eremitérios fora das respectivas vilas, mas estavam sempre no ambiente urbano para pregar, mendigar ou fazer algum trabalho, com o qual ganhassem o sustento individual e da sua fraternidade. 50 A vida em ermidas pobres e solitárias, em contato com a natureza, fazia parte da fraternidade franciscana, em seus primórdios: Greccio, La Verna e outros locais foram usados por Francisco e seus companheiros. Todavia, desde o começo foi comum entre os mesmos aquilo que poderíamos chamar de uma "vida mista", na qual se alternava a oração/contemplação e a atividade missionária sobre as ruas e estradas. A pregação itinerante da penitência e a salvação das almas eram, por excelência, o mister no qual se ocupavam. De acordo com Esperança, especialmente, em Guimarães, os Franciscanos se dedicavam ao serviço do corpo e da alma dos doentes, consolavam-lhes em suas dores físicas e espirituais: preparavam-lhes alimentos e tisanas; curavam-lhes as feridas; limpavam-lhes as enfermarias; consolavam-nos e confortavam-nos espiritualmente. Ainda, de acordo com o cronista, distribuíamlhes os sacramentos. É bem possível que tal fosse, porque a Ordem, à altura, estava composta de frades leigos e clérigos, incluindo sacerdotes. 51 Primeiramente, ao que se sabe, Guimarães e Alenquer já eram vilas um tanto urbanizadas à época, o quê de imediato demonstra uma diferença entre os Franciscanos e as demais ordens religiosas no Reino, com exceção dos Crúzios, que estavam instalados em cidades como Lisboa e Coimbra. As outras ordens se instalavam em grandes propriedades na zona rural. Ao fazer opção para viver pobre e com os pobres, Francisco e seus companheiros, fizeram opção de viver nas cidades, porque eram os locais aonde os pobres mais se ajuntavam. Pobres
Meus caros paes": A educação das Princesas Isabel e Leopoldina
Revista Educação em Questão
No século XIX, as Princesas Isabel eLeopoldina tornaram-se as únicas herdeirasdo Trono e da Coroa do Brasil. Otrabalho objetiva analisar algumas dasespecificidades da educação das futurassoberanas por meio de uma pesquisahistórico-documental, tomando, comoprincipais fontes, cartas, diários e estudosanteriores, relativos às duas Princesas.Inicialmente, abordam-se as dificuldadesdo Imperador para encontrar uma preceptoraque se encarregasse da educaçãodas Princesas, conforme as tradições daCorte portuguesa. Em seguida, volta--se para o cotidiano educativo na casa,ou seja, no Paço de São Cristóvão e noPalácio Imperial de Petrópolis. Finalmente,enfocam-se os mestres, as disciplinas eos horários de estudos das Princesas.Conclui-se que as Princesas foram educadasdurante 14 anos em diversasdisciplinas voltadas para as “ciências eletras”, comumente proporcionadas aoshomens, e com “prendas domésticas” destinadasàs mulheres.
HAL (Le Centre pour la Communication Scientifique Directe), 2019
Se existe um objeto banal no mundo contemporâneo, este objeto é o espelho. E, portanto. Simbolicamente, ele atravessa as civilizações tanto do Ocidente como do Oriente. Sua história confunde-se com a história da criação do mundo, versão veterotestamentária: "E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança", (...). "E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou" (Gên., I, 26-27). Confunde-se com a história mitológica de Narciso que se apaixona pelo próprio reflexo, como conta o poeta latino Ovídio (43 a.C-18 d.C.), no Livro III de Metamorfoses. Mescla-se ainda com a história das Artes decorativas e simbolicamente com a história da Humanidade e suas grandes invenções artísticas. Da invenção do espelho nascem, simbolicamente, a vidraçaria, a iluminura, os afrescos, os retábulos na Idade Média; a fotografia e o cinema no século XIX; a televisão e a internet no século XX.
O objetivo deste texto é fazer algumas reflexões sobre a formação do príncipe segundo as formulações do mestre franciscano Gilberto de Tournai [1200-1284], na obra Instruções dos reis e dos príncipes. Em última instância, trata-se de examinar o significado de se pensar a ação do governante no século XIII. Essa obra possui as características de um espelho de príncipe, literatura bastante comum na Idade Média e que tinha por finalidade instruir o comportamento do governante e servir, inclusive, como exemplum para que as pessoas seguissem esse 'modelo' de comportamento. Nosso propósito é, também, evidenciar que os 'espelhos' eram escritos, na sua maioria, por intelectuais religiosos, como é o caso dessa obra, escrita por um frade mendicante que era mestre na universidade de Paris e conselheiro do rei Luís IX. Isso nos permite afirmar que os intelectuais da universidade influenciaram, por meio de ideias e escritos, os rumos da sociedade medieval, em especial a do século XIII. Palavras Chave: Espelho de Príncipe. Intelectuais. História da Educação Medieval. Virtudes.
Resumo/Abstract: Num período marcado pela transição da Idade Média para o período moderno, analisam-se as transferências de riqueza operadas pelos casamentos de princesas da casa real portuguesa, no sentido de compreender as respectivas escalas e composições, tentando precisar o valor dos enxovais no conjunto dos dotes. Num primeiro momento, constata-se que, verificando-se uma troca frequente de noivas entre as coroas espanhola e portuguesa, os dotes pagos por esta última são comparativamente bastante mais elevados. Em seguida, estudam-se os enxovais propriamente ditos, no que toca aos hábitos de consumo que evidenciam, e à forma como seriam usados nos aposentos privados de princesas e rainhas. O estudo evidenciou uma burocratização crescente da gestão dos enxovais, a introdução de objectos próprios do período moderno, muitos deles orientais, bem como o aumento das preocupações com os cuidados do corpo. Todavia, sugere-se a ausência de indicadores de uma emergência do privado na vida destas princesas e rainhas, que, pelo contrário, foram objecto de crescente vigilância. The paper analyses the transfers of wealth through wedlock of the princesses of the Portuguese royal house, during the transition period Middle Ages-Early Modern Age, hereby seeking to understand the scales and compositions of such wealth and attempting to estimate the value of the trousseau in the dowry. At first sight, in view of the frequent exchanges of brides between the Spanish and Portuguese crowns, clearly the dowries paid by the latter were substantially more. Subsequently, the paper focuses on the trousseaus, which shed light on consumption habits and on how the trousseaus were used in the queens' and princesses' private chambers. The survey outlines the increased bureaucracy involved in the management of the trousseaus, the introduction of typical Early Modern Age objects, many of which from the East, as well as growing concerns about body care. However, the author outlines the absence of indicators of arising privacy in the lives of these princesses and queens, who were on the contrary subjected to increasing supervision.