4. Reformas da Igreja em contraposição: o pombalismo luso e o ultramontanismo brasileiro (séculos XVIII e XIX). (Opposed ecclesiastical reforms: The Lusitanian pombalism and the Brazilian ultramontanism, XVIII-XIX centuries) (original) (raw)

Reformas da Igreja em contraposição: o pombalismo luso e o ultramontanismo brasileiro (séculos XVIII e XIX

Itinerantes. Revista de Historia y Religión, 2015

Resumen Neste artigo pretende-se apresentar os princi-pais aspectos de duas reformas da Igreja Cató-lica realizadas sob um Estado Confessional. A primeira é a reforma implantada pelo Marquês de Pombal, no Império Português no século XVIII, e a segunda é a reforma ultramontana, que ocorre no Brasil principalmente durante o reinado de D. Pedro II (1840-1889), conhecido como Segundo Reinado. As duas reformas fo-ram possíveis graças ao regime de padroado e as di culdades do Estado moderno, português e brasileiro, de se centralizarem e se fortalece-rem conservando a união com a Igreja. Uma é regalista e jansenista, a outra é curialista e ultra-montana, mas as duas foram favorecidas pelos governos, mesmo que a segunda tenha acabado por entrar em con ito com aqueles que inicial-mente lhe concederam as cadeiras episcopais do Império do Brasil. Palavras chaves: Reforma Eclesiástica. Pom-bal. Ultramontanismo. Abstract is article presents the main aspects of two reforms within the Catholic Church made under a Confessional State. e rst one is the reform carried out by the Marquis of Pombal, in the Portuguese Empire in the eighteenth century. e second one is the ultramontane reform, which took place mainly in Brazil during the kingdom of Dom Pedro II (1840-1889), known as Second Empire. Both reforms were possible because of the patronage system and the di culties Por-tugal and Brazil faced as modern states. ey both wanted to centralize and strengthen preserving their union with the Church. e rst one was regalist and Jansenist, but the other was curialist and ultramontane. Nevertheless both were favored by governments, even though the second ended up con icting with those who had initially given it the episcopal chairs of the Empire of Brazil.

O período pombalino no norte da América portuguesa: a administração de Francisco Xavier de Mendonça Furtado e a colaboração regalista do bispo Miguel de Bulhões em Grão-Pará e Maranhão (1751-1759)

UFRRJ, 2016

Este presente trabalho aborda uma discussão acerca do período pombalino na história do império português, em especial sobre as reformas regalistas desenvolvidas no interior do mundo reinol e colonial pelo ministro marquês de Pombal e seus colaboradores. Verifica como se deu a atuação do governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado no Grão-Pará e Maranhão nos anos de 1751-1759 a partir da constatação de uma aliança que o governador travou com o bispo daquela diocese, Miguel de Bulhões. A monografia propõe a discussão do perfil regalista do prelado, uma vez que suas ações foram totalmente alinhadas com os objetivos das reformas pombalinas para a região norte da América portuguesa. Nossa proposta adota como metodologia uma análise crítica do discurso do bispo Miguel de Bulhões a partir de cartas que o prelado remeteu e recebeu dos diversos personagens políticos do império. O trabalho sugere ainda que o regalismo foi uma política de estado pombalina que teve por objetivo alinhar os eclesiásticos aos interesses do Estado, para que a soberania e a autoridade monárquica fossem reforçadas.

A Contra-Reforma em Portugal 1540-1700

, 2006, 130 p. Nota crítica à obra Da leitura do último título de Federico Palomo, A Contra-Reforma em Portugal 1540-1700, julgaríamos à partida estar diante de uma obra que recuperasse o conceito de Gegenreformation cunhado por Johan Stephan Pütter. Assim não é. «Incorporado plenamente no vocabulário historiográfico, servimo-nos dele sem qualquer intenção de atribuir-lhe o sentido ideológico e controversístico que teve no passado. Tão-pouco o usamos com o intuito de colocar o acento em determinados aspectos da Igreja pós-Tridentina-aqueles que caracterizaram a luta antiprotestante-face aos que resultaram das suas aspirações de reforma» 1. O autor utiliza como grandes conceitos operativos os termos 'disciplinamento social' e 'confessionalização', considerando-os produtivos para a «compreensão alargada dos processos e fenómenos de natureza religiosa e eclesiástica que tiveram lugar no Portugal dos séculos XVI e XVII» 2. Como é sabido, os referidos conceitos têm vindo, de certa forma, a trazer alguma renovação aos estudos de história religiosa portuguesa, pelo menos desde os anos 80, muito sob o influxo da historiografia italiana. Pensamos, nomeadamente, em Paolo Prodi e Palomo del Barrio. Traçando brevemente a genealogia dos conceitos, Palomo avoca Gerhard Oestreich 3 como o primeiro a falar de disciplinamento social, o que punha a tónica nos factores de natureza humana, social e cultural, numa historiografia política e institucional até então pouco aberta à sua consideração. Por outro lado, esta 'disciplina' seria o elemento comum de um conjunto de processos políticos, religiosos, sociais e culturais, liderados e postos em movimento 'a partir de cima' pelas elites. Valerá a pena recordar que Oestreich estava fundamentalmente preocupado com a centralização do poder por parte de monarcas absolutistas. Segundo o 1 Federico PALOMO, A Contra-Reforma em Portugal 1540

Não se fazem mais excomunhões que prestem nos dias de hoje : libertinos, Reformismo Ilustrado e a defesa da tolerância religiosa no mundo luso-brasileiro (1750-1803)

Resumo: Este artigo procurou investigar proposições em defesa da tolerância religiosa na documentação inquisitorial produzida sob o Reformismo Ilustrado no mundo luso brasileiro, tendo como hipótese de que as reformas institucionais tocantes à Inquisição, Igreja e cleros regular e secular criaram, de forma indireta, condições para que a defesa da tolerância religiosa fosse difundida mais amplamente. Concentramos nossa análise entre a segunda metade do século XVIII e primeira década do XIX e nas proposições presentes nas falas dos libertinos, cotejando-as com debates e condições presentes no contexto de amplas mudanças institucionais em Portugal e suas colônias. Procuramos, assim, mapear as possíveis aproximações entre concepções religiosas que remetem a uma religiosidade popular com outras concepções de tolerância de matriz iluminista, e em que medida elas foram influenciadas pelo contexto e discurso de modernização por parte da Coroa.

Reformas da Igreja em contraposição

Itinerantes. Revista de Historia y Religión, 2015

Neste artigo pretende-se apresentar os principais aspectos de duas reformas da Igreja Católica realizadas sob um Estado Confessional. A primeira é a reforma implantada pelo Marquês de Pombal, no Império Português no século XVIII, e a segunda é a reforma ultramontana, que ocorre no Brasil principalmente durante o reinado de D. Pedro II (1840-1889), conhecido como Segundo Reinado. As duas reformas foram possíveis graças ao regime de padroado e as dificuldades do Estado moderno, português e brasileiro, de se centralizarem e se fortalecerem conservando a união com a Igreja. Uma é regalista e jansenista, a outra é curialista e ultramontana, mas as duas foram favorecidas pelos governos, mesmo que a segunda tenha acabado por entrar em conflito com aqueles que inicialmente lhe concederam as cadeiras episcopais do Império do Brasil.

Identidade, modernidade e escrita eclesiástica em tempos de Reforma Ultramontana: apontamentos teóricos a partir das contribuições de Paul Ricoeur e Kathryn Woodward/Identity, modernity and ecclesiastical written in times of Ultramontane Reform: theoretical notes from the contributions of Paul R...

2015

Este artigo objetiva analisar as formas de produção da identidade na modernidade por meio das construções simbólicas presentes nas narrativas memorialistas redigidas pela Igreja Católica, em fins do século XIX e início do XX. Discute-se alguns caminhos teóricos delineados por Paul Ricoeur e Kathryn Woodward, para se compreender como tais identidades são construídas e projetadas, seguindo um projeto teológico-político de fortalecimento da instituição pautado na elaboração de sacerdotes exemplares e santos. Busca-se relacionar tais premissas teóricas com o estudo da escrita eclesiástica no Brasil, particularmente em Minas Gerais, utilizada para consolidar o processo de reforma ultramontana em voga no catolicismo no Brasil. Para tanto, utilizamos como objeto de análise a figura de um sacerdote constituído como exemplar pelos periódicos oficiais da Diocese de Mariana, o padre e reitor do seminário, João Batista Cornagliotto (1855-1902). This article aims to analyze forms of production of identity in modernity from the symbolic constructions present in memoirists narratives written by the Catholic Church in the late nineteenth and early twentieth centuries. Discusses some theoretical paths outlined by Paul Ricoeur and Kathryn Woodward to understand how such identities are constructed and designed, following a theological-political project to strengthen the institution, founded on the development of exemplary priests and saints. We seek to relate such theoretical premises with the study of ecclesiastical writing in Brazil, particularly in Minas Gerais, used to consolidate the ultramontane reform process in vogue in Catholicism in Brazil. We used as the object of analysis the figure of a priest constructed as exemplary by the official journals of the Diocese of Mariana, the cleric and rector of the seminary João Batista Cornagliotto (1855-1902).

A maçonaria e os bispos ultramontanos na segunda metade do século XIX: breve análise a partir do jornal religioso O Apostolo

Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, 2011

É um trabalho cheio de erudição, e onde a par do conselho, da exhortação, pôz o illustre Prelado do Pará a verdadeira doutrina e com aquelle espírito analytico que tanto o distingue, deixa ver o que é a maçonaria-CONSIDERADA SOB O ASPECTO MORAL, RELIGIOSO E SOCIAL. Sob estes tres pontos de vista, o digno Prelado, com o escarpello da lógica sobre o cadever maçonico, depois de um trabalho anatômico completo, deixa patente todos os vicios de um organismo, que mata pelo contacto.

A Universidade de Coimbra e a Reforma Pombalina de 1772

2013

A presente dissertacao dispos do objetivo de investigar o impacto da Reforma Pombalina de 1772 sobre a Universidade de Coimbra. Para tanto, alem de varias obras sobre historia politica, economica, cultural e educacional referentes ao periodo, foram utilizados alguns pressupostos teoricos relativos ao conceito de nacao. Como fonte da pesquisa, foram consultados, dentre outros documentos, a legislacao pombalina, a historiografia classica sobre o assunto e, sobretudo, o Compendio Historico (1771) e os Novos Estatutos (1772), quesustentaram as finalidades da composicao da nova Universidade estabelecidas pelo seu reformador, Sebastiao Jose de Carvalho e Melo, o Marques de Pombal. Como conclusao, evidenciou-se que a reforma educacional vinculada aum programa pedagogicose firmou nao so como uma proposta de modernizacao do reino portugues, mas tambem como um libelo contra todo o sistema de ensino jesuitico que ate entao era dominante em Portugal.