Conexões afroindígenas no jarê da Chapada Diamantina (original) (raw)

As forças do jarê: movimento e criatividade na religião de matriz africana da Chapada Diamantina

2013

This thesis is a study of jarê, an African matrix religion that only exists in the Chapada Diamantina, located in the centre of the state of Bahia (Northeast Brazil). To this day jarê has been the object of very few anthropological studies. The thesis was based on twelve continuous months of fieldwork, focusing on the city of Lençóis, considered by the adepts to be the cradle of the religion and one of its main hubs of diffusion to the rest of the region. Also according to these adepts, jarê was developed by the nagôs, old black ladies who came to the region in the nineteenth century during the population surge triggered by the discovery of diamonds in the mountain ranges of the Chapada. To understand contemporary jarê, the thesis draws on not only the many versions of local history but also on the recent transformations that the region has been undergoing, with the establishment of the Chapada Diamantina National Park. This has resulted in the end of diamond prospecting and has given rise to an economy based on ecotourism. The ethnography focused on three related cult houses, whose leaders had to reorganize themselves after the death of the healer, one of the greatest masters of the jarê, who had initiated most of their adepts,. The thesis presents the ways in which the sons in sainthood manage a system of energies in order to obtain various effects, creatively mobilizing the forces of jarê.

Fenícios e Indígenas Em Contacto No Estuário Do Tejo

Ophiussa. Revista do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, 2021

A fase final da Idade do Bronze, no estuário do Tejo, é notavelmente dinâmica, traduzindo-se em habitats, necrópoles e depósitos votivos. A tipologia destas ocupações evidencia, aparentemente, uma organização hierarquizada, mesmo em contextos domésticos, com pequenos sítios implantados nas planícies e outros de maiores dimensões no topo das elevações. A ocupação é densa dentro do território, verificando-se em ambas as margens do rio, mas também em zonas mais interiores. O início da Idade do Ferro (final do século VIII a.n.e.) acarretou uma nova situação. Muitos sítios foram abandonados no interior, e a ocupação humana passou a favorecer as planícies aluviais do Tejo. Aqui, os sítios de maior dimensão, como Santarém, Almaraz e Lisboa, absorveram a população oriental e tornaram-se os principais centros de poder. Provavelmente, foram também responsáveis pela fundação de novos estabelecimentos na margem esquerda, como é o caso do Cabeço da Bruxa e do Porto do Sabugueiro, e direita (Quin...

Relações Indígenas em Canarana (MT)

Essa é uma tese sobre os indígenas parque-xinguanos realizada desde a cidade de Canarana, município que compõe uma porção sudeste do Território Indígena do Xingu (TIX), que até outubro de 2016 era chamado Parque Indígena do Xingu. Sediando as principais instituições de atendimento social, a FUNAI regional e diversas organizações indígenas, Canarana abriga, hoje, uma grande quantidade de indígenas vindos das diferentes regiões do TIX. Em Canarana, inexiste um coletivo ou uma categoria de identidade que congregue os parque-xinguanos: não há uma sociedade indígena canaranense. O que há são fragmentos de parentelas, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, rivalidades e parcerias, mas isso não implica que essas pessoas se integrem em nenhum tipo de corpo social coeso. Marcada por uma socialidade específica, a cidade propicia aos parque-xinguanos a experimentação de outras modalidades de proximidade social que não o parentesco – principal nexo relacional do universo das aldeias. O desafio desta tese é descrever as transformações que o engajamento com a cidade produz nos corpos e nas relações indígenas, etnografando como se formam as redes relacionais no espaço urbano e como se negam e se deformam estas mesmas redes.

“O DIAMANTE É O PIOLHO DA TERRA”: RELAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS NO GARIMPO DE DRAGA DA CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA

O fenômeno recorrente dos conflitos socioambientais envolvendo garimpeiros no entorno de unidades de conservação está sendo enfrentado tanto por aqueles que garimpam como pelos que executam políticas ambientais, os quais atendem a legislações e fiscalizadores diversos no país. A regularização dos garimpos de acordo com a legislação pertinente, a minimização dos impactos ambientais desta atividade e a necessidade de recuperação das áreas degradadas são pontos fulcrais para a superação do conflito. Além disso, ressalta-se a necessária valorização da cultura associada à garimpagem, agente fundamental na conformação de grande parte das atualmente consideradas cidades históricas brasileiras. O ciclo mais recente da economia garimpeira na Chapada Diamantina é o das dragas, que conta com um dos três garimpos de diamantes regularizado no país, o Santa Rita, no município de Andaraí, Bahia, distando cerca de 10 km do Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD). É um empreendimento da Cooperativa de Garimpeiros de Andaraí (Coogan) que possui Plano de Recuperação de Área Degradada (Prad) e vem lutando para reativar de forma sustentável o garimpo nesta região. Objetivou-se, neste contexto, analisar as relações socioambientais do garimpo de dragas na Chapada Diamantina numa perspectiva histórica ambiental, realizando uma descrição etnoecológica do garimpo de dragas, abordando o conflito socioambiental que o envolve e fazendo uma discussão sobre as modificações ambientais decorrentes e sobre a possível recuperação ambiental, em especial na área do Garimpo Santa Rita. Executou-se: pesquisa bibliográfica, levantamento de documentos e imagens fotográficas e orbitais históricas; mapas participativos de passado, presente e futuro, entrevistas não-estruturadas e semiestruturadas com os garimpeiros e outros sujeitos sociais integrados no fenômeno; observações diretas e participantes do cotidiano de vida, trabalho e organização dos garimpeiros, e da área garimpada com turnês guiadas, registros fotográficos e georreferenciamento de pontos. Os dados coletados foram analisados qualitativamente. Foi realizada uma descrição etnoecológica, apresentado um panorama histórico ambiental e de ecologia política das relações socioambientais envolvendo o garimpo de draga e analisadas as mudanças ambientais em âmbito local e socioambientais em âmbito regional. Constatou-se que o garimpo de draga apresentou mudanças socioambientais relevantes no contexto das relações conflitivas. A perspectiva de contribuição social com a presente proposta é a geração de subsídios para a superação do conflito e para a sustentabilidade ambiental da garimpagem na Chapada Diamantina, atividade esta que pode vir a ser uma das mais pertinentes á convivência com a seca na região.

Tambor sem Fronteiras: ressonâncias da presença do candombe afro-uruguaio no sul do Brasil

PragMATIZES: Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura, 2022

O artigo narra a trajetória de criação de um coletivo musical de candombe afro-uruguaio no sul do Brasil, na região da campanha, fronteira com o Uruguai. A iniciativa está vinculada ao projeto Tambor Sem Fronteiras, coordenado por brasileiros integrantes do Ponto de Cultura Pampa Sem Fronteiras, da cidade de Bagé (RS), dentre os quais se inclui o autor do presente texto. Trata-se de uma ação transfronteiriça de integração e intercâmbio entre grupos culturais do Brasil e Uruguai, objetivando a difusão da prática musical do candombe no lado brasileiro da fronteira. As ações sociais, artísticas e culturais do coletivo de tamborileiros e tamborileiras confluíram para a formação de um corredor cultural de faixa de fronteira (ou uma rota dos tambores) fundamentado no aprendizado rítmico e na convivência com comparsas de candombe do interior do Uruguai. O texto apresenta, pois, uma discussão a respeito dos efeitos, afectos e controvérsias geradas pelo trânsito dos tambores piano, chico e repique para além das fronteiras geográficas. Ao seguirem a rota traçada pelos tambores, os agentes culturais fronteiriços costuram histórias comuns entre as culturas afro-brasileiras e afro-uruguaias, muitas vezes percebidas como independentes e separadas por limites nacionais, bem como propõem outras formas de ocupação do espaço público da rua, ancoradas na presença ressonante e afectante dos tambores de candombe.

Pajelança e Cultos Afro Brasileiros Em Terreiros Maranhenses

Revista Pós Ciências Sociais, 2012

Resumo A pajelança é um sistema religioso e terapêutico identificado em populações negras maranhenses desde o século XIX e existente atualmente em muitas casas de culto afro-brasileiro, onde é freqüentemente apresentada como herança indígena. Perseguida como feitiçaria, reprimida como "uma nova religião" e discriminada como curandeirismo, foi sincretizada com a mina, o terecô, a umbanda e hoje é realizada principalmente em casas conhecidas como de culto afro-brasileiro. Após breve apresentação sobre a pajelança de terreiros maranhenses e de considerações sobre suas matrizes indígenas e africanas, procura-se analisar formas de integração com o tambor de mina identificadas em trabalho de campo realizado em São Luís e em Cururupu, procurando destacar fatores que contribuíram no passado e na atualidade para essa integração num mesmo terreiro. PalavRas-chave Pajelança de negro. Religião afro-brasileira. Sincretismo afro-ameríndio. Discriminação religiosa.