PERSPECTIVISMO E ANTROPOFAGIA EM COBRA NORATO, DE RAUL BOPP (original) (raw)

BAIANASYSTEM: ANTROPOFAGIA É AQUI

Revista Científica de Artes/FAP, 2023

O artigo realiza uma leitura crítica da proposta artística do grupo musical BaianaSystem por meio do conceito de antropofagia, cunhado por Oswald de Andrade no final da década de 1920 e regatado pelo Movimento Tropicalista em 1968. Analisando a atuação do grupo desde o seu surgimento em 2009, o texto defende que ela efetiva a premissa fundadora da antropofagia de um modo que nem o movimento Antropófago, nem o Tropicalista conseguiram, tendo como foco a corporalidade constituinte das apresentações e criações do grupo. Acredita-se que isto se dá pela questão afrodiaspórica presente não só na cultura brasileira, mas de forma singular na Bahia, onde música e corpo dão o tom das manifestações populares ao traduzirem a formação de um povo em movimento, sugerindo outras dimensões de devoração. Além disso, o aspecto antropófago se mostra como método de composição do grupo, quando fazem da mistura seu combustível criativo, absorvendo o que encanta na diferença, para produzir-se a si mesmo.

A ANTROPOLOGIA NO ESPELHO DA RAÇA

Olhares Sociais, 2019

Nessa apresentação discutiremos como a problemática das relações raciais não pode ser entendida como um capítulo residual no campo acadêmico das ciências sociais no Brasil, e notadamente da Antropologia Social. Inversamente, é um aspecto crucial, tanto do ponto de vista do interesse público – e penso aqui nos termos do que Antonio Arantes tem difundido como uma antropologia pública – quanto do ponto de vista dos desenvolvimentos internos da antropologia, no rumo de seu progresso teórico e do admirável esforço empírico que já se tem cumprido graças, dentre outros fatores, à profissionalização das ciências sociais.

DIREITO, ANTROPOLOGIA E JUSTIÇA EM PERSPECTIVA

Propõe-se analisar a relação entre direito e antropologia, apontando para as limitações e contribuições que o debate pode promover. Para tanto, remonto ao processo de constituição da tradição jurídica ocidental, tal como apresentado por Berman (2006) que, a partir de um olhar multidisciplinar, revela como o direito é construído culturalmente, tendo fundamentado em larga medida o pensamento científico moderno e a própria noção de Ocidente.Ao tratar desse contexto, o autor indica que na contemporaneidade a tradição jurídica ocidental, e a própria noção de Ocidente, está passando por uma crise profunda, motivada, entre inúmeros outros aspectos, pela forma através da qual o direito tem sido ensino e praticado, inclusive no Brasil. Isto é, como campo de saber dogmático, hermético e desconectado da realidade social. Como comprovam inúmeros pesquisadores brasileiros esse é o modo através do qual a tradição jurídica vem sido reproduzida, o que tem implicações na realidade social, como veremos adiante (cf. Lima, 2000 e Souza, 1993, por exemplo). Em termos gerais, o artigo se inicia com a análise teórica de Berman a respeito da tradição jurídica ocidental, interpretada como um sistema social e cultural, o que inclui discutir a crise atual. Posteriormente analiso os reflexos desses processos no contexto nacional à luz de referências bibliográficas e da minha experiência docente no Departamento de Ciências Jurídicas do Centro Universitário de Brasília Uniceub (2004-2010) e, mais recentemente, no Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN (2010-2011). Compartilho também pesquisa recente no Complexo Penitenciário João Chaves, localizado na cidade de Natal/RN, em parceria com o projeto “Novos Rumos”, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O intuito, afinal, é demonstrar a riqueza e a imprescindibilidade de ampliar o debate no campo da antropologia jurídica no contexto atual.

DESAFIOS DA ANTROPOLOGIA NAS DOBRAS DO TEMPO. CONVERSA COM OTÁVIO VELHO

Revista Mana, 2021

A convite de Mana, às vésperas de seu aniversário de 80 anos, completados em 2021, cinco pessoas entrevistaram Otávio. Amir Geiger, Emerson Giumbelli, Eloísa Martín, Regina Novaes e Ypuan Garcia foram, em diferentes momentos, alunos e alunas em cursos q u e O t á v i o c o n d u z i u n o M u s e u Nacional. Este é também um grupo de ex-orientandos(as), ex-alunos(as), amigos(as) e companheiros(as) de militância. Realizada em 27 de setembro de 2021, a entrevista publicada a seguir serviu como um (re)encontro entre pessoas que tiveram sua formação marcada pelos trabalhos de Otávio. Representa uma homenagem às suas obra e trajetória, tão longevas quanto impactantes. A dinâmica, tal como inicialmente concebida, consistiu em formular por escrito perguntas para Otávio, de maneira que ele já as conhecesse por ocasião da entrevista. Contudo, num autêntico “drible de corpo”, ele preferiu afinal não as receber previamente, deixando para ouvi-las e responder de improviso no encontro síncrono virtual. Por isso, como os(as) leitores(as) perceberão, algumas perguntas (aquelas formuladas com antecedência) possuem elaboração ou tom mais formal, menos improvisado, às vezes contrastando com a coloquialidade ágil, incisiva e generosa das respostas de Otávio . Explorando diferentes aspectos de sua relação com a antropologia, a entrevista mostra quão instigantes e oportunas continuam sendo suas visões e posições.

LUTO, ANTROPOFAGIA E A COMUNIDADE COMO DISSENSO

O escopo principal do presente ensaio é atravessar a leitura que Derrida faz dos psicanalistas Nicolas Abraham e Maria Torok tendo como norte as considerações tecidas em "'Il faut bien manger' -ou le calcul du sujet" e procurar mostrar o quanto essa travessia pode nos ajudar a pensar a antropofagia como teoria do luto. Nosso percurso partirá dos conceitos de introjeção de pulsões e incorporação de objeto que nos levarão ao gesto antropofágico como uma passagem possível para um discurso que aspira à comunidade.

ANTROPOFAGIA PALIMPSESTO SELVAGEM

ANTROPOFAGIA PALIMPSESTO SELVAGEM , 2016

AZEVEDO, Beatriz. ANTROPOFAGIA PALIMPSESTO SELVAGEM São Paulo: Cosac Naify, 2016, v.1. p.240. Prefácio de Eduardo Viveiros de Castro Desenhos de Tunga ISBN 978-8540509955

ANTROPOFAGIA E CANIBALISMO NO JORNAL O HOMEM DO POVO

Resumo: Este trabalho baseia-se em um ponto da pesquisa que gerou a tese " Oswald de Andrade no jornal O Homem do Povo " , selecionando pontos de comparação entre a expressão do crítico Astrojildo Pereira, protegido por pseudônimos, e do modernista Oswald de Andrade, no jornal subversivo O Homem do Povo (março-abril de 1931). A descoberta que revela a colaboração substancial do articulista Astrojildo Pereira propicia uma comparação entre o protesto de Oswald de Andrade e o do crítico de literatura, que também é fundador do Partido Comunista no Brasil. Suas elaborações, principalmente sob o pseudônimo " Aurelinio Corvo " , são abordadas em destaque em relação aos outros colaboradores do escritor. Abstract: This study is a snip of the thesis "Oswald de Andrade no jornal " O Homem do Povo " , selecting points of comparison between the expression of Astrojildo Pereira's critical work (who was protected by pseudonyms), and the modernist Oswald de Andrade, in the subversive newspaper Homem do Povo (March – April 1931). The discovery that reveals the substantial cooperation of the article writer Astrojildo Pereira in the newspaper makes possible a comparison of Andrade's and Pereira's protests-being the last also a founder of Brazil's Communist Party. His elaborations, especially under the pseudonym "Aurelinio Corvo" (Aurelino Raven) are greater if compared to Andrade's other employees.

O EVOLUCIONISMO ANTROPOLÓGICO NA OBRA

Resumo: procuramos fazer uma análise comparativa de autores do "evolucionismo antropológico clássico", Lewis Henry Morgan (1877), Edward Burnett Tylor (1871) e James George Frazer (1908), bem como fazer possíveis aproximações desses autores com a obra antropológica de Darcy Ribeiro, representada por seu O processo civilizatório.

O ANTROPÓFAGO E O OSSO

2014

Quanto mais pessoais são os filmes, mais dizem coisas sobre o país onde foram feitos. 2 Rainer Fassbinder 1. Personagem autor crítico ensaísta revolucionário performático Quanto mais se conhece a obra de Glauber Rocha, maior a convicção de que para compreender qualquer aspecto dela, como por exemplo, um de seus filmes, é necessário ter presente todas as dimensões de sua obra como crítico, agitador cultural, ensaísta, cineasta, militante político, ator performático. De uma forma ou outra, cada um destes aspectos estará presente no que for analisado. Em alguns de seus filmes, ele próprio dá a entender isto, como em Claro, de 1975: ao aparecer em cena dirigindo a câmera e também dirigindo a si próprio (em imagem justaposta), parece estar dizendo que ele e sua obra são inseparáveis. Embora vários diretores tenham aparecido fisicamente em seus filmes, no caso de Glauber Rocha, acredito que isto seja mais do que marca autoral: é uma marca de realidade, de intervenção física na realidade: em Claro, o de um cineasta de terceiro mundo que quer-e está-intervindo na política mundial. É pessoa e personagem simultaneamente; pessoa-personagem que dirige um filme, personagem-pessoa que participa da ação.