Politica cultural com as periferias (original) (raw)

Viradas Culturais nas periferias de SP

Ponto Urbe, 2012

Na noite da Virada, cheguei por volta das dezenove horas ao CEU Vila Rubi, para ficar algumas horas e voltar para o centro. Os fatos observados apontam para a Virada como momento especial de produção de maior diversidade intergrupal no CEU, em direção à definição clássica de espaço público, ainda que esta diversidade envolva frequentadores do entorno do CEU. Este me parece o ponto mais importante a ressaltar desta visita, e quase todos os outros de alguma forma relacionam-se a ele. Encontrei semelhanças e diferenças importantes entre os eventos que presenciei no CEU Vila Rubi e no centro da cidade, onde estive antes e depois da visita ao CEU. Em primeiro lugar, podemos forçar uma certa troca de palavras e dizer que, na Virada, se a periferia vai ao centro, os CEUs, como centralidades periféricas, também assumem melhor sua vocação de espaço público, na medida em que, como dissemos, os portões abrem-se para uma maior diversidade de eventos e de pessoas.

Culturas de periferia 1

O texto apresenta os resultados parciais de uma pesquisa, de caráter exploratório, voltada a indagar as manifestações culturais que acontecem nas periferias de três regiões metropolitanas: Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. A percepção de que há, hoje, na sociedade brasileira, um esvaziamento do agir político, no sentido de um agir que explicite uma ruptura com a ordem existente e projete alternativas de mundo possíveis, motivou a busca de outras formas de expressão do conflito. As práticas e atividades culturais periféricas são interrogadas considerando os significados políticos atribuídos pelos sujeitos envolvidos, procurando superar as visões dicotômicas para indagar as ambivalências das práticas entre o mercado da arte e os projetos sociais, a afirmação da identidade territorial e seus limites políticos, a autogestão e o empreendedorismo, a captura pelo discurso que procura sustentar a ideia de "pacificação" das periferias e a afirmação da alteridade, a projeção pessoal e as possibilidades de transformação.

PERIFERIAS CARIOCAS E A DESCENTRALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE CULTURA NA CIDADE

O presente trabalho se propõe a fazer um panorama sobre como as políticas públicas de cultura na cidade do Rio de Janeiro têm pensado o território buscando reverter os esquemas de subalternização sobre os quais as periferias cariocas são historicamente submetidas. Analisando a formação das periferias como geografias e conceito a partir do século XIX, observaremos como a produção cultural nesses espaços têm se organizado, apresentando um breve estudo acerca das principais ações de governo para a cultura periférica e tomando como estudo de caso do processo de implementação da Rede Carioca de Pontos de Cultura. Na tentativa de alcançar estes objetivos de pesquisa, estabeleceremos como principal período de análise das políticas públicas de cultura os anos de 1993 a 2014, tendo como foco sobretudo a atuação da Prefeitura e do Governo do Estado por seu caráter local. Neste sentido, este trabalho pretende investigar como os movimentos de descentralização do fomento à cultura na cidade têm sido decisivos para que se reconheça a diversidade e a potência da produção simbólica nos territórios de periferia, promovendo a autonomia, o protagonismo e a cidadania através da cultura.

Políticas culturais para as cidades

O segundo volume da Coleção Cultura e Pensamento, voltado às Políticas culturais para as cidades, traz uma grande amplitude de enfoques e aponta para a complexidade que é pensar esses dois campos: as políticas culturais e as cidades. Os capítulos aqui apresentados tratam tanto de políticas locais setoriais quanto da observância reflexiva de políticas nacionais em suas interações federativas. Abordam impactos culturais da produção de espaços contemporâneos regidos pela lógica do empresariamento urbano que tende a gentrificar os territórios impactados por mega-eventos e/ou produzidos prioritariamente pela lógica da atratividade turística. Políticas municipais e a política nacional de cultura são objetos aqui analisados, em especial quanto a desdobramentos territoriais. Pensar as cidades e as políticas culturais que lhes impactam, e também pensar as culturas e as políticas urbanas que lhes tensionam, ora potencializando-as, ora as inibindo ou quase inviabilizando suas diferentes práticas. Eis o que temos como uma preocupação fundante e fundamental: refletir sobre os territórios e as ações e políticas culturais – tanto as que lhes são levadas quanto as que deles mesmos se aflora. ISBN: 978-85-232-1680-1 Organizadores: Fabio de Castro, Luiz Augusto F. Rodrigues e Renata Rocha Textos presentes: Apresentação - Cultura e pensamento para o Brasil atual, por Luana Vilutis / Antonio Albino Canelas Rubim Prefácio - Incentivos à produção de conhecimento na área das políticas públicas de Cultura e da gestão: uma visada histórica das ações MinC, por Lia Calabre Introdução - Entrelaces entre lugar e cultura: pensando políticas culturais para as cidades, por Fábio Fonseca de Castro / Luiz Augusto Fernandes Rodrigues / Renata Rocha A renovação “urbano-cultural” no projeto Porto Maravilha: matrizes mobilizadas na reinvenção da área, por Amanda Wanis / Fernanda Sánchez Cidadania cultural e direito à cidade: as políticas culturais em São Paulo na gestão Fernando Haddad, por Luciana Piazzon Barbosa Lima Direito à cidade: estudo sobre as obras de requalificação no entorno do Espaço Cultural Barroquinha, Salvador-BA, por Ana Cecília Chaves Silva / Patricia Silva Dorneles / Marina Helena Chaves Silva Tecendo aproximações entre políticas culturais e territórios urbanos, por Deborah Rebello Lima / Lilian Araripe Lustosa da Costa Um carrossel de grandes novidades: a economia criativa do segmento de patrimônio e artes em Aracaju (SE), por Janaina Cardoso de Mello O São João nos relatos dos festeiros tradicionais do município de Ladário-MS, por Daiane Lima dos Santos O carimbó nunca morre: mídias e políticas públicas na Amazônia paraense, por Keyla Negrão / Eliana Bogéa / Rosilene Vieira Processos de patrimonialização e políticas culturais: uma análise sobre as memórias da experiência da escravidão e da experiência quilombola na Comunidade Negra Rural do Alto do Caixão (Pelotas, RS), por Cristiane Bartz de Ávila / Maria de Fátima Bento Ribeiro / Ângela Mara Bento Ribeiro Bibliotecas Parque do Rio de Janeiro: ingredientes de políticas culturais e urbanas, por Luiz Fernando Zugliani Política cultural: uma proposta de abordagem metodológica para a pesquisa de avaliação de implementação na Amazônia brasileira , por Fátima Lucia Carrera Guedes Dantas O livro pode ser acessado poderá ser acessado através no Repositório da UFBA.

Democracia, cultura e periferia

Resgate, 2023

Democracy, culture and periphery: debate on cultural policies Democracia, cultura y periferia: debate sobre políticas culturales Resumo O objetivo deste estudo foi investigar os desafios mais proeminentes da democracia cultural e a inserção dos sujeitos periféricos no Brasil a partir dos campos sociais. Trata-se de um estudo teórico que articula a discussão sobre democracia e cultura, a partir da noção de campo social e da reprodução de diferentes formas de capital, não apenas econômico, mas também simbólico e cultural, nas sociedades contemporâneas. É apresentada uma discussão sobre o que é periferia, sua hierarquização no campo cultural, com debate sobre o problema da inserção de sujeitos originários da periferia na cultura, e os desafios para superação da desigualdade no contexto brasileiro.

Reexistir: apontamentos da articulação entre cultura e política de periferias

Dossiê Reconexão Periferias - Cultura e reexistência nas periferias, 2018

Neste ensaio, a partir de dilemas da ação política emancipatória e na conjuntura de crise de hegemonia no Brasil, apontamos os denominados coletivos de cultura como um dos principais instrumentos de articulação em periferias, onde organizam narrativas sobre a história, a realidade e novas expectativas de vida. Por meio da música, poesia, literatura, dança, artes visuais, comunicação, teatro, esses grupos elaboram um olhar sobre a conjuntura baseado em suas experiências cotidianas, se posicionam politicamente e têm uma influência significativa entre aqueles/as que vivem em seus contextos de atuação. A intervenção territorial baseada na realidade enfrentada no dia a dia, onde se colocam como autores de si próprios – que continuamente reexistem –, faz com que esses grupos construam contra-narrativas frente às tentativas de avanço do conservadorismo. Nestes contextos as expressões culturais não aparecem dissociadas das agendas emergentes locais, como o enfrentamento da violência (das polícias e do crime), direito à moradia, à cidade, à educação, à saúde, aos bens culturais etc. Desta forma, os coletivos culturais de periferias concentram atores estratégicos para qualificar o debate e disputa política, num diálogo com os termos que estes sujeitos tem expressado. Apresentamos aqui algumas estratégias de leitura contextual desses grupos – destacando também caminhos para um necessário avanço empírico para continuidade da análise –, com o objetivo de buscar uma maior articulação entre atuação, demandas e orientações para a ação política.

REEXISTIR - cultura e politica movs periferias

REEXISTIR: Apontamentos da articulação entre cultura e política de periferias, 2018

Neste ensaio, a partir de dilemas da ação política emancipatória e na conjuntura de crise de hegemonia no Brasil, apontamos os denominados coletivos de cultura como um dos principais instrumentos de articulação em periferias, onde organizam narrativas sobre a história, a realidade e novas expectativas de vida. Por meio da música, poesia, literatura, dança, artes visuais, comunicação, teatro, esses grupos elaboram um olhar sobre a conjuntura baseado em suas experiências cotidianas, se posicionam politicamente e têm uma influência significativa entre aqueles/as que vivem em seus contextos de atuação. A intervenção territorial baseada na realidade enfrentada no dia a dia, onde se colocam como autores de si próprios – que continuamente reexistem –, faz com que esses grupos construam contra-narrativas frente às tentativas de avanço do conservadorismo. Nestes contextos as expressões culturais não aparecem dissociadas das agendas emergentes locais, como o enfrentamento da violência (das polícias e do crime), direito à moradia, à cidade, à educação, à saúde, aos bens culturais etc. Desta forma, os coletivos culturais de periferias concentram atores estratégicos para qualificar o debate e disputa política, num diálogo com os termos que estes sujeitos tem expressado. Apresentamos aqui algumas estratégias de leitura contextual desses grupos – destacando também caminhos para um necessário avanço empírico para continuidade da análise –, com o objetivo de buscar uma maior articulação entre atuação, demandas e orientações para a ação política.

As práticas culturais no Central da periferia: características e argumentos de valor

Rumores, 2014

Apresentamos, aqui, como são realizadas a caracterização e a construção do valor das práticas culturais de grupos considerados periféricos no projeto Central da periferia. Percebemos que a caracterização das práticas culturais apresentadas revela elementos como o enraizamento no cotidiano, a forte ligação com a comunidade local, o surgimento de um sistema alternativo de circulação de suas produções, seu potencial expressivo e a presença das tecnologias midiáticas no cerne da cadeia produtiva. Associado a isso, os argumentos que alicerçam o valor cultural de tais práticas assentam-se, principalmente, sobre as potencialidades que essas práticas têm de alterarem as condições materiais de vida, os padrões de ação e de serem dotadas de potencial expressivo.

O contradiscurso cultural das periferias de Lisboa

VISUALIDADES, 2016

Observa-se as periferias urbanas de Lisboa como espaço de expressão de um contradiscurso contemporâneo com respeito ao imaginário simbólico e cultural nacional de Portugal. A música, como produção dos moradores das áreas periféricas, nomeadamente o rap, e o cinema contemporâneo, como meio de representação desses lugares, contribuem para o descentramento do imaginário nacional e a desconstrução da portugalidade, mostrando as mudanças da fisionomia social e cultural do país nas últimas décadas. Para abordar esta questão, o faremos a partir das discussões de alguns teóricos como Stuart Hall e Rogério Haesbaert, que refletiram respectivamente sobre o tema da diáspora e sobre o conceito de reterritorialização. Palavras-chave: Contradiscurso, periferia, espaço pós-moderno

Ações sociais e mediação política na periferia

Estudos de Sociologia, 2021

O presente artigo apresenta as abordagens exploratórias de uma pesquisa sobre religião e mediações políticas presentes em uma periferia de Campos dos Goytacazes, cidade do interior do estado do Rio de Janeiro. De abordagem qualitativa, e a partir de uma perspectiva etnográfica, o estudo tem por objetivo analisar a forma como uma igreja de periferia consegue sustentar-se e manter o engajamento de seus membros em suas atividades. Além disso, busca compreender como se desenvolve a mediação de uma liderança da Assembleia de Deus “Ministério Nascer de Novo” no processo político eleitoral, no apoio a uma candidatura à vereança.