Marfins africanos em trânsito: apontamentos sobre o comércio numa perspectiva atlântica (Angola, Benguela, Lisboa e Brasil, Séculos XVIII-XIX) (original) (raw)

Dinâmicas históricas de um porto centro-africano: Ambriz e o Baixo Congo nos finais do tráfico atlântico de escravos (1840 a 1870)

Revista de História, 2015

O objetivo deste artigo é o de seguir a história de Ambriz entre as décadas de 1840 e 1870, a fim de iluminar as questões de ordem política e econômica que mediavam as relações com o poder colonial baseada em Luanda, bem como revelar as características do comércio feito pelas sociedades africanas, especialmente por aquelas articuladas ao porto e ao Baixo Congo. Para além de uma abordagem puramente economicista, procura-se entender as atividades comerciais numa relação dialógica em que os setores africanos impõem regras e normas, e estas por sua vez, revelam concepções e formas de associação cuja lógica extrapola uma perspectiva essencialmente eurocêntrica.

A política ultramarina no reinado de Filipe III no Brasil e em Angola: o governo do gentio e o comércio de escravos (1607-1621). In: Trabalho forçado africano - articulações com o poder político. Porto : Campo das Letras, 2007, p. 83-99.

Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto, novembro de 2006. Resumo: No reinado de Filipe III, particularmente entre 1607 e 1611, a Coroa atua conjuntamente no Brasil e em Angola, transformando a política em relação aos indígenas e aos africanos e reforçando o aparato político-administrativo. No Brasil, determina-se a liberdade dos indígenas, que deve ser garantida pela Relação da Bahia; em Angola, os chefes locais devem estar diretamente subordinados ao poder real, pagando seus tributos em escravos. Essas medidas representam uma tentativa de refundação da colonização baseada no escravismo e na complementaridade entre Brasil e Angola. A Coroa procura se apropriar dessa conexão em detrimento dos jesuítas e dos conquistadores. Palavras-chave: Governo-geral, governo do gentio, comércio de escravos, Atlântico Sul, colonização, escravismo. * Artigo publicado em CENTRO DE ESTUDOS AFRICANOS DA UNIVERSIDADE DO PORTO (coord.). Trabalho forçado africano -articulações com o poder político. Porto, Campo das Letras, 2007. Introdução No reinado de Filipe III, particularmente entre 1607 e 1611, a Coroa procura romper com o dominium 1 dos conquistadores e dos jesuítas sobre os indígenas e os africanos, reforçando o governo-geral e criando novas leis para o comércio de escravos. A Coroa atua conjuntamente no Brasil e em Angola, as medidas de maior relevo são: a interrupção do processo de conquista em Angola e a subordinação das autoridades locais diretamente à Coroa; 2 no Brasil, é decretada a liberdade dos índios, 3 que deve ser garantida por um novo tribunal de justiça, a Relação da Bahia. 4 Essas medidas representam uma tentativa de refundação da colonização baseada no escravismo e na complementaridade entre Brasil e Angola; a Coroa procura se apropriar dessa conexão em detrimento dos jesuítas e dos conquistadores.

Dinâmicas históricas de um porto centro-africano: Ambriz e o Baixo Congo nos finais do tráfico atlantico de escravos (1840-1870)

O objetivo deste artigo é o de seguir a história de Ambriz entre as décadas de 1840 e 1870, a fim de iluminar as questões de ordem política e econômica que mediavam as relações com o poder colonial baseado em Luanda, bem como revelar as características do comércio feito pelas sociedades africanas, especialmente por aquelas articuladas ao porto e ao Baixo Congo. Para além de uma abordagem puramente economicista, procura-se entender as atividades comerciais numa relação dialógica em que os setores africanos impõem regras e normas e estas, por sua vez, revelam concepções e formas de associação cuja lógica extrapola uma perspectiva essencialmente eurocêntrica.

Entre Senegâmbia e Angola: comércio atlântico, protagonismo africano e dinâmicas regionais (séculos XVII e XIX)

Afro-Ásia, 2020

Este artigo tem por intenção discutir o funcionamento do comércio de longa distância no interior de duas regiões que foram profundamente integradas às malhas do comércio atlântico, a Senegâmbia e a Angola Central, em dois momentos de reconfiguração econômica dessas macrorregiões: a intensificação do contato dos povos da Senegâmbia com o comércio atlântico nos séculos XVI e XVII e as novas demandas por gêneros coloniais de Angola em meados do XIX, após a proibição legal do tráfico de escravizados. Para isso, analisamos as dinâmicas sociais e econômicas pré-existentes nas regiões, os agentes comerciais envolvidos neste comércio, bem como a circulação de mercadorias atlânticas, debatendo por fim sobre as transformações políticas, sociais e econômicas causadas por esses processos históricos.