A INTERPRETAÇÃO NA PSICANÁLISE LACANIANA (original) (raw)
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PSICANÁLISE LACANIANA E REDUÇÃO DE DANOS: ENCONTROS E DESENCONTROS
Mental (Barbacena), vol.13, n.23 [ISSN 1679-4427], 2021
Na atualidade, a questão das toxicomanias é abordada por diversos saberes e práticas. Os tratamentos do gozo mortífero das toxicomanias também são plurais e neste artigo buscamos investigar as relações entre duas modalidades de tratamento das toxicomanias: a redução de danos e a psicanálise lacaniana. Para a coleta de dados foi efetuada uma revisão de literatura do tipo narrativa. O tratamento lacaniano das toxicomanias é estruturado pelo discurso do analista e pela ética do desejo, o que implica no enfoque dado ao falasser, e não à identificação “toxicômano”; na regra da abstinência do analista, que consiste na recusa ao exercício da mestria sobre o consumo de drogas do sujeito e na ausência de prescrições comportamentais. A redução de danos possui diferentes estratégias para minorar os danos relacionados ao uso de drogas, como a distribuição de insumos, a oferta de informações sobre um uso de drogas mais seguro e a escuta dos usuários. A Redução de danos possui caráter pedagógico, buscando reeducar o gozo dos sujeitos, concebidos a nível de Eu e da consciência, a partir de orientações comportamentais, e se utiliza da sugestão, buscando influenciar diretamente o comportamento do sujeito em prol da minoração dos danos, pela via do convencimento. A redução de danos vincula-se à ética do bem-estar e ao discurso do universitário. As duas modalidades de tratamento se aproximam por não exigirem abstinência do sujeito, e se distanciam tanto pelo discurso ao qual se vinculam quanto pelo manejo da transferência ou uso da sugestão. Palavras-chave: Psicanálise lacaniana; Redução de Danos; Ética; Discurso
FENOMENOLOGIA E CIÊNCIA IV CONGRESSO INTERNACIONAL DA AFFEN III CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE FENOMENOLOGIA, 2014
Em Kant e o Problema da Metafísica, Heidegger traz a apercepção transcendental como provedora do caráter apriorístico da imaginação: a apercepção é um ato, o «[…] ato de se voltar para si mesmo (Selbstzuwendung)», através do qual «o ente reencontrado» passa a «nos afetar». O vocabulário, trazido da Crítica da Razão Pura não deve obscurecer nosso problema: o caráter apriorístico da apercepção revela-se na medida em que o movimento de voltar-se para si mesmo nomeado de apercepção é descoberto como o movimento responsável por coordenar todas as experiências possíveis. Lacan não é indiferente ao problema destacado, conquanto, é a partir de sua prática clínica que esse psicanalista se permite pensá-lo. Depreende-se dessa prática que a imaginação de fato revela-se como um movimento cujo caráter é trazido à clínica de modo a priori. Conquanto, na clínica, esse movimento revela-se como tendo múltiplas faces: o caráter a priori pode, por exemplo, provir do discurso do outro. Enquanto provindo dessa modalidade de discurso, o movimento tende a estagnar-se em um único ciclo, o que gera os sintomas nomeados como neuróticos ou histéricos. A partir da forte influência que sofre de Heidegger, Lacan é levado a considerar que a cura psicanalítica funciona ao promover uma mudança no ciclo instalado pelo discurso do outro. Essa mudança compreende a superação do plano do Imaginário em prol de um trabalho que tem lugar junto ao plano do Simbólico. A partir da escuta analítica, o imaginário vem a ser simbolizado, capacitando o ser que procura tratamento a superar o ciclo em que se encontrava.
A lógica da interpretação em Lacan
Revista de Psicanálise Stylus, 2019
Segundo Lacan, o significante-mestre apresenta uma propriedade fundamental para a lógica da interpretação: seu ponto de estofo, que garante a função de legibilidade. Com isso, a ordenação dos laços sociais fixa um elemento (S1), que possibilita o efeito de leitura na interpretação da ordem discursiva. Freud, por exemplo, identificou um significante-mestre, o sintoma, que lhe permitiu “ler” a divisão subjetiva e descobrir o inconsciente. Lacan, por sua vez, localizou um efeito de degenerescência do significante-mestre no discurso universitário por meio de uma corruptela no discurso do mestre. Não obstante, postulou que no discurso do analista surge um novo estilo e uma nova função do significante-mestre (dimensão da singularidade), que produz um recurso contingencial essencial para a produção do giro discursivo em direção ao Há Um. Desse modo, a partir da política da falta-a-ser, é possível pensar uma estratégia que caminha para a dissolução do sujeito suposto saber, já que o analist...
Este artigo apresenta a estrutura do inconsciente lacaniano desde sua formação, com o advento do Sujeito desejante, até seus desdobramentos na vida do Sujeito. Para tanto, o artigo aborda a influência do conceito do inconsciente descoberto por Freud e conceitos da Linguística na elaboração da estrutura do inconsciente em Lacan. Desta forma, o artigo estabelece a relação entre os mecanismos inconscientes freudianos de condensação/deslocamento e representante ideacional juntamente com os conceitos da Linguística de metáfora/metonímia e significante/significado, os quais deram uma nova configuração ao inconsciente freudiano, permitindo, assim, uma visão mais ampla dos processos inconscientes na vida do Sujeito.
Lacan e a interpretação do sintoma
Lacan e a interpretação do sintoma "O inconsciente é, em seu fundo, estruturado, tramado, encadeado, tecido de linguagem" (LACAN, 1981, p. 135) Em meados dos anos 1950, que marcam o que poderíamos chamar de primeiro ensino de Lacan, o inconsciente é concebido como um habitante de uma estrutura simbólica. A partir do pensamento estruturalista (Lévi-Strauss, por exemplo) e linguístico (Saussure, Pierce, etc.), Lacan registra a proposição do inconsciente estruturado como uma linguagem. O inconsciente seria formado por cadeias de significantes e regulado pelas leis de metáfora e de metonímia (Lacan, 1957/1998). Primeiramente, na metáfora, um significante procederia ao outro na forma de uma substituição, em uma releitura freudiana, diríamos que um significante sintomático vem a se sobrepor a um significante recalcado. Logo, o sujeito do inconsciente não teria a significação sintomática acessível. Através da experiencia analítica, o sintoma é passível de interpretações, cortes e pontuações do analista, pelos quais o analisando passa a experimentar efeitos de sentido. Segundamente, na metonímia, um significante desliza a outro, o que é próprio da associação livre, quando um significante escorrega a outro formando uma cadeia metonímica. A partir disso, na interpretação analítica, segundo Lacan, o analista tem a função de decifrar as manifestações inconscientes enquanto fenômenos de linguagem. É frequente escutarmos de que a interpretação é relativa, ou totalmente aberta dependendo de quem observa um objeto de estudo ou escuta um determinado discurso. No entanto, no Seminário XI, Lacan aventa que a interpretação não é aberta a todos os sentidos, é falso dizer que todas as interpretações são possíveis, que a interpretação estaria aberta a qualquer sentido "sob pretexto de que só se trata da ligação de um significante a um significante e,
FORMALIZAÇÃO LACANIANA COMO PROCEDIMENTO DE INTERSECÇÃO ENTRE O INTELIGÍVEL E O SENSÍVEL: INVESTIGAÇÕES ACERCA DA FILOSOFIA DE ALAIN BADIOU NA PRÁTICA CLÍNICA DE, 2023
O artigo propõe investigar o empreendimento da formalização de Lacan e no que ela concerniria a prática clínica. Tomaremos a noção de escansões suspensivas como sendo essenciais a esse objetivo pois elas possibilitariam articular uma série de operações clínicas como a letra, o corte interpretativo e o tempo lógico tendo em vista que estas traçariam as intersecções entre o inteligível da estrutura e o sensível que resiste a ela, e como propiciariam as condições para uma transformação subjetiva. A pesquisa se dará por meio de revisão bibliográfica de método indutivo, em que a partir da aproximação de Alain Badiou e sua teoria dos múltiplos em Ser e o Acontecimento nos possibilita pensar a situação analítica como um sítio acontecimental. Palavras-chaves: Formalização clínica; Escansão suspensiva; Badiou; Topologia; Subjetivação.
A verdade e a interpretação poética na psicanálise lacaniana
Revista de Psicanálise Stylus
Este artigo tem como objetivo abordar a noção de verdade em sua articulação com a interpretação poética na psicanálise lacaniana. A proposta da operação analítica pela via da interpretação poética com o uso da função poética da linguagem visa ao sentido e vai contra a significação fálica, de modo a questionar o valor de verdade presente na fantasia fundamental. Por isso, Lacan recorreu à escrita poética chinesa e ao sopro do vazio mediano por fazer ressoar outra coisa. Trata-se de circunscrever uma verdade não-toda e poética a partir da tensão entre som e sentido na articulação entre o matema e o poema.
A Psicanálise como Crítica da Metafísica em Lacan
Resumo Neste artigo examinamos o estatuto da anti-filosofia em Lacan de modo a mostrar como ela representa um método crítico da metafísica e uma forma de aproximação com o campo da ciência. Considerando comparativamente a posição de Freud e de Lacan diante a ciência mostramos como psicanálise é uma prática que se aproxima da atitude de Espinosa ao criticar a metafísica como discurso que encobre o buraco constitutivo da política. Resumo In this article we examine the scope of anti-philosophy in Lacan in order tho explain how it acts as a method of critics of metaphisiscs and a way to come near Science as na epistemological position. We compare the position of Freud and Lacan in relation to Science claiming that psychoanalysis is a kind of a practice that is close to Espinosa´s position as a critics of metaphisics as a discourse that covers the hole that constitute the field of politics.