O Regresso do Sagrado (original) (raw)

Recriação, O Retorno e O Eterno Novo

Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos, 2021

Propõe-se, neste artigo, ao se retomarem as relações entre Filosofia e Literatura, uma discussão sobre a tradução de poesia, levando-se em conta, principalmente, o pensamento de Walter Benjamin, Roman Jakobson, Ezra Pound, Jacques Derrida e Haroldo de Campos. Para além da discussão, o trabalho traz ainda recriações de epigramas latinos da autoria de Décimo Magno Ausônio, um poeta do séc. IV e.c., também ele recriador de outros poemas. Nessas recriações, realizadas a partir da edição crítica de Roger Green, experimenta-se o exercício de enfrentamento de poemas inçados de dificuldades e, portanto, mais abertos a recriações, conforme propõe Campos. Trata-se, pois, de uma forma de investimento criativo em um dos tipos do make it new poundiano, uma vez que as recriações lidam com aspectos do extratexto cuja tradução se mostrou esteticamente potente e produtiva não via transcriação, mas via recriação, reimaginação ou reinvenção.

O Retorno Da Ágora

Projeto Historia Revista Do Programa De Estudos Pos Graduados De Historia E Issn 2176 2767 Issn 0102 4442, 2014

O Sentido Do Sagrado

2020

A obra de Angela Ales Bello tem como objetivo analisar a constituição do sagrado nas religiões arcaicas e complexas. Para tanto, a filósofa italiana trata de salvaguardar suas premissas na busca pela compreensão da experiência religiosa no espaço-tempo. Em primeira instância, traz o argumento que discute tal experiência, tanto no terreno de sua aceitação, quanto no movimento de sua negação, constatando que ela é algo a ser vivenciado, isto é, de vivência (Erlebnis). Em seguida, apresenta os pressupostos metodológicos para o estudo do sagrado e do religioso. Diante das possiblidades analíticas em torno da religião, Ales Bello assume o caminho fenomenológico, buscando contribuir para um repensar e aprofundar as estruturas internas do sagrado. Também atravessa o âmbito da Antropologia e da História das Religiões, de modo que a experiência humana do religare com o Sacro possa ser compreendida.

O Retorno do Mito

Os processos contraditórios de desmitologização e remitologização não são desconhecidos para as civilizações antigas, nas quais os velhos mitos são às vezes destruídos (desmitologização) e substituídos com novos mitos (remitologização).Em outras palavras, aqui os processos de desmitologização e remitologização são processos mutuamente causados e interdependentes.Eles não colocam em questão a própria base da comunidade mítica tradicional; ademais, eles a mantém atual e viva. O mito, nomeadamente-exceto em casos especiais de degradação extrema e secularização da tradição e cultura-para nós, não é uma ficção de povos primitivos, uma superstição ou uma incompreensão, mas uma expressão assaz concisa das verdades e princípios sagrados mais elevados, que são "traduzidos" a uma linguagem específica da realidade terrena, na medida em que seja praticamente possível. O mito é verdade sacral descrita por linguagem popular. Onde as presunções para sua compreensão estão desaparecendo, o conteúdo mítico deve ser descartado para que se coloque em seu lugar um novo. As Intuições Perigosas O mito é, nas culturas tradicionais, também uma grande antítese, onde, como demonstrado na obra capital de J.J. Bachofen Direito Materno: Uma Investigação sobre o Caráter Religioso e Jurídico do Matriarcado no Mundo Antigo, os dois princípios maiores e irreconciliáveis são confrontados: o urânico e o ctônico, patriarcal e matriarcal, e isso é projetado para todas as modalidades secundárias do estado e da ordem social através das artes e da cultura. Com o advento do indo-europeu, invasores patriarcais no solo da velha Europa matriarcal começou o conflito dos dois princípios opostos que é trabalhado no estudo de Bachofen. No caso em questão, os velhos cultos e mitos matriarcais se tornam patriarcais, através dos processos paralelos e alternados de desmitologização e remitologização, e traços desse conflito também são encontrados em alguns temas míticos, que podem ser compreendidos como uma história político-religiosa bastante breve, como Robert Graves os interpretou, em seu livro Os Mitos Gregos.

O Parto: Encontro Com O Sagrado

Texto & contexto enferm, 2006

O artigo objetiva apresentar a questão da humanização do parto em seus fundamentos culturais e antropológicos, com o intuito de acrescentar o ponto de vista não médico ao debate. Foram utilizados os pensamentos de dois conhecidos estudiosos das religiões: Rudolf Otto e Mircea Eliade, sendo que a malha teórica que estrutura a filosofia e a prática alquímica foi utilizada para analisar a experiência de uma mulher que com quarenta semanas de gestação inverte o roteiro previsto em busca de uma experiência de parto que se revelou extraordinária. O resultado da reflexão mostra as ramificações profundas que a humanização do parto implica para as mulheres, seja em termos da sua psicologia como de sua atuação como cidadã, mãe e mulher. Finaliza-se apontando os novos rumos que a humanização do parto acarreta para seus atores, enquanto movimento amplo de transformação do paradigma cultural e obstétrico.

Ressentimento e Eterno Retorno na série Dark

Revista Mídia e Cotidiano, 2021

Este artigo investiga, utilizando uma abordagem exploratória, o modo como os conceitos de ressentimento e eterno retorno, propostos por Nietzsche, estão presentes na primeira temporada da série original da Netflix, a produção Dark (2017). Analisa-se a relação entre as ideias do filósofo alemão e a narrativa de ficção seriada germânica a partir de uma chave imagético-discursiva que visa a concatenar os pressupostos de Nietzsche ao enredo e argumento da série. Os resultados apontam para as ideias de eterno retorno e ressentimento como alguns dos possíveis leitmotivs de Dark.

Eterno Retorno: Para lá do cristianismo

tragica.org

Na experiência de pensamento desenvolvida neste texto procuraremos a) acompanhar o nascimento e o percurso da noção de Eterno Retorno na obra de Nietzsche, mostrando como entre 1881, data da sua emergência, e 1888 ele passa de uma grande esperança filosófica a uma espécie de ato falhado. a.1) Elaborar uma hermenêutica que distinga e articule o momento de 81-Gaia Ciência e Fragmentos Póstumos da época-, do de Assim Falava Zaratustra e do pós 1884. b) Queremos também explicar a sua dimensão ética e cosmológica. b.1) Bem como a estratégia de diferimento de uma possível teoria do Eterno Retorno. c) Finalmente, tentaremos argumentar sobre como o Eterno Retorno serviu até 84-85 de peça de combate à teologia Cristã. Palavras chave: Eterno Retorno; tempo; cristianismo.