Do instante à ek-stase: a mudança na teoria do tempo em Sartre (original) (raw)

Alteridade e fenômeno na ontologia de Jean-Paul Sartre

2024

Objetiva-se, neste artigo, apresentar o estatuto da alteridade e do fenômeno, em Sartre enquanto dependente da intencionalidade, abordada na Introdução de L'être et le néant. Neste aspecto, situamos a alteridade como distinta da intersubjetividade enquanto algo mais fundamental, pautando-se em La transcendance de l'Ego e L'être et le néant. Ademais, concentra-se a análise da alteridade na novidade sartriana de transfenomenalidade, possibilitando uma fenomenologia dinâmica, longe dos extremos do realismo e idealismo.

Écrire pour son époque: Sartre e as questões do nosso tempo

O presente artigo tem por objetivo pensar questões inerentes ao nosso tempo à luz da filosofia e dos exemplos dos atos de engajamento político de Jean-Paul Sartre. O primeiro passo é identificar algumas questões próprias do nosso tempo e verificar se as teorias de Sartre, escritas e pensadas para a sua própria contemporaneidade, se mantêm atuais e eficazes. Identifico como assunto pertinente na atualidade, estudar o retorno de um problema bastante conhecido por Sartre: a intensificação do discurso de ódio; a intolerância racial e religiosa; e o retorno das figuras de antissemitismo, xenofobia e racismo. É visível no mundo todo o crescimento de partidos políticos de extrema-direita, o avanço de leis e políticas públicas anti-imigração, além da disseminação de discursos ultranacionalistas e xenófobos. O artigo procura retraçar e recuperar os escritos de Sartre para compreender como o filósofo concebe os temas do antissemitismo, do racismo, da intolerância e da xenofobia com a intenção de examinar a atualidade dos seus argumentos e indicações para superar os problemas enfrentados atualmente.

Sartre e a dissolução do sentido da existência como dissolução da temporalidade do projeto

Poiesis - UNIMONTES, 2023

O protagonista do romance A Náusea (1938), Antoine Roquentin, não consegue se conectar com os outros e dar sentido a si e ao mundo ao seu redor. Esta desarticulação de sentido se expressa em um profundo mal-estar, a Náusea. Para restituir o sentido perdido, Roquentin busca uma articulação temporal que, como em uma estrutura narrativa, pudesse conectar o passado com o presente. No entanto, Roquentin conclui que o passado não existe, só existe um presente contingente que se arrasta sem passado e futuro. Neste artigo, vamos mostrar que a há uma conexão necessária entre tempo e sentido para pensar a dissolução do sentido em A Náusea como dissolução da temporalidade. Para isso, recorreremos à descrição onto-fenomenológica da temporalidade em O ser e o nada. A leitura de O ser e o nada nos faz compreender que o sentido não deve ser buscado no passado, mas em um projeto quanto ao futuro. É a ausência de projeto que faz o sentido se desarticular. Seguindo esta linha de interpretação, podemos afirmar que a possibilidade de "salvação" da Náusea vislumbrada por Roquentin no projeto de ser escritor é justamente um projeto quanto ao futuro. Neste projeto há uma ambiguidade: ao mesmo tempo que deseja criar uma obra de ficção, Roquentin quer se reconectar com o real através do imaginário, ser lido pelos outros que dariam a ele o sentido de ser um escritor que "vivia perambulando pelos cafés". O projeto de ser escritor, articulando a realidade com a criação imaginária, nos faz concluir que a amplitude do sentido temporal do projeto é muito mais rico que o "verniz" do insuficiente sentido lógico e habitual que inicialmente Roquentin buscava atribuir às coisas.

Kant e a não conceitualidade do espaço e do tempo

Kant e-prints, 2021

Duas hipóteses guiaram o desenvolvimento deste trabalho. A primeira afirma o status necessariamente epistêmico e, portanto, não ontológico, do espaço e do tempo na filosofia transcendental. A segunda é a de que o espaço e o tempo como formas a priori da intuição sensível apresentam uma dimensão essencialmente não conceitual da experiência perceptiva. Em vista disso, neste artigo, nossa intenção é trilhar o caminho argumentativo da constituição da idealidade transcendental do espaço e do tempo a fim de compreender esse estatuto epistêmico e não conceitual da intuição. O objetivo é o de analisar as consequências dessas duas hipóteses para a filosofia neo kantiana contemporânea que tenta compatibilizar os argumentos kantianos com os de uma posição não conceitualista. Para tanto, vamos analisar o desenvolvimento das noções de espaço e tempo, no chamado período de transição da filosofia kantiana, da fase pré-crítica à fase crítica, bem como no próprio período crítico, que culmina na doutrina da idealidade transcendental do espaço e do tempo. Palavras-chave: Kant; não conceitualismo; espaço egocêntrico; intuição; percepção.

Comentário ao artigo "Ser e temporalidade a partir de Edith Stein"

Vol. 44, N.1: Comentário ao artigo "Ser e temporalidade a partir de Edith Stein", 2021

Referência do artigo comentado: nunes, E. P. L. Consciência e temporalidade em Edith Stein: em diálogo com Heidegger. Trans/Form/Ação: revista de filosofia da Unesp, vol. 44, n. 1, p. 95-116, 2021.

Sartre e a gênese do fenômeno no circuito da ipseidade

Dissertatio - UFPel, 2023

Em O ser e o nada, para que haja o fenômeno, é preciso o concurso de um ser que seja sua própria descompressão de ser, um ser que, sendo seu próprio nada, faça com que o mundo se fenomenalize enquanto assombrado (hanté) por este nada, em direção a uma totalização que nunca pode se totalizar, pois o fechamento em uma totalidade compacta seria anular a descompressão de ser que é abertura do próprio fenômeno enquanto fenômeno. Este movimento de totalização que nunca se preenche caracteriza a ipseidade do para-si. O fenômeno, quer o consideremos da perspectiva ôntica do que nos aparece no mundo cotidiano ou da perspectiva ontológica dos modos de ser implicados no que aparece, pressupõe a estrutura ontológica da ipseidade. Além disso, a questão do fenômeno em O ser e o nada não se resume a uma questão ontológica, pois, ao interrogar à gênese do fenômeno, Sartre circunscreve o problema em uma metafísica que indaga sobre o que teria ocorrido para que o em-si, antes do surgimento da realidade-humana, se descomprimisse para tornar-se para-si. A concepção de fenômeno como tendo origem no próprio modo de ser do para-si como ipseidade e a passagem entre a ontologia e a metafísica marcam a originalidade do modo como Sartre assimila a fenomenologia em O ser e o nada. Com esta leitura, apoiada em Flajoliet e Bento Prado Jr, reforçamos as linhas interpretativas que exigem o estudo da obra de Sartre em toda sua variedade de expressões, pois esta variedade não está circunscrita apenas na relação entre filosofia e ficção, visto que na própria obra filosófica de Sartre há “modalidades” distintas de expressões filosóficas como a ontologia fenomenológica e a metafísica que, ao serem atravessadas, tornam mais profunda a compreensão da ipseidade.

Comentário ao artigo "Consciência e Temporalidade em Edith Stein"

Vol. 44, N.1: Comentário ao artigo "Consciência e Temporalidade em Edith Stein", 2021

Referência do artigo comentado: nunes, E. P. L. Consciência e temporalidade em Edith Stein: em diálogo com Heidegger. Trans/Form/Ação: revista de filosofia da Unesp, vol. 44, n. 1, p. 95-116, 2021.