A FUGA DA MODERNIDADE PELO POEMA (original) (raw)
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UM ENCONTRO DA POESIA COM A PINTURA NAS FANTASMAGORIAS DA MODERNIDADE 1
Fantasmagorias da Modernidade, 2019
RESUMO A motivação para escrever este trabalho veio de uma visita à exposição "Passagens por Paris: arte moderna na capital do século XIX", no Museu de Arte de São Paulo (MASP) em novembro de 2013, que era inspirada no texto "Paris Capital do Século XIX", de autoria do filósofo Walter Benjamin (1892-1940). Nosso objetivo é discutir alguns aspectos da modernidade, tomando por base o ensaio de Benjamin, no qual o autor utiliza a expressão fantasmagoria para captar o significado do fetiche da mercadoria como processo social de constituição da modernidade. A partir das reflexões de Benjamin (2003), e secundariamente de Karl Marx acerca do fetiche da mercadoria, analisamos três poemas de autores considerados modernos: "
O MITO DE LOT NA POESIA MODERNA
O objetivo nucelar que aqui se persegue é o de fazer uma investigação a respeito do mito de Lot como um recurso de citação, por meio do qual tal mito se manifesta como metáfora de libertação da mulher. À vista disso, procuramos demonstrar como o mesmo mito pôde abarcar novos sentidos ao longo do tempo, mediante discursos e abordagens dessemelhantes. Para tanto, este texto aciona o conceito de "comentário", presente na obra de Michel Foucault; além disso, vale-se de outros teóricos e conceitos sobre os quais repousa o objeto de investigação aqui cotejado.
A CARROÇA, O BONDE E O POETA MODERNISTA
Oswald de Andrade inventou uma fórmula fácil e poeti-camente eficaz para ver o Brasil. A facilidade no caso não re-presentava defeito, pois satisfazia uma tese crítica, segundo a qual o esoterismo que cercava as coisas do espírito era uma bruma obsoleta e antidemocrática, a dissipar, fraudulenta no fundo. Quando Lenin dizia que o Estado, uma vez revolu-cionado, se poderia administrar com os conhecimentos de uma cozinheira, manifestava uma convicção de mesma or-dem: não desmerecia as antidões populares, e sim afirmava que a irracionalidade e complicação do capitalismo se es-tavam tornando supérfluas; brevemente seriam substituídas por uma organização social sem segredo e conforme ao bom senso. Igual confiança no potencial materialista e rebelde da obviedade bem escolhida se encontra na poética de Brecht. Este proclamava a intenção de reduzir o seu vocabulário à di-mensão' chã do Basic English, 1 defendia a oportunidade do pensamento sem requinte (plumpes Denken), e, sobretudo, elaborava protótipos artísticos, fáceis de imitar e variar pro-dutivamente, os quais, como é sabido, figuram no centro de (1) A comparação entre os laconismos objetivantes de Oswald e Brecht foi lem-brada por Haroldo de Campos. Cf. "Uma poética da radicalidade", in Oswald de Andrade, Poesias reunidas, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1974, p. 21. 11
A DISCUSSÃO FILOSÓFICA DA MODERNIDADE E DA PÓS – MODERNIDADE
Resumo:Este trabalho faz uma reflexão filosófica sobre a modernidade e pós-modernidade e os seus impactos sobre o sujeito. Em primeiro instante, será abordado como a idéia de modernidade e sujeito foram forjadas a partir de Descartes. Em seguida, discorre-se acerca do sujeito e a pós-modernidade na concepção de Lipovetsky e como o esvaziamento do sujeito na sociedade do prazer e bem-estar dissolve os valores deixados pela modernidade ocasionando um universo sem referenciais, sem sentido e sem objetivo. Abstract: This work is a philosophical reflection on modernity and postmodernity and their impacts on the subject. In the first moment, we shall discuss how the idea of modernity and subject were forged from Descartes. Then talks about the subject itself and postmodernity in designing and Lipovetsky as emptying into the subject in society of pleasure and well-being dissolves the values left by modernity causing a universe without references, without meaning or purpose. A Modernidade e a Descoberta do Sujeito difícil definir a modernidade, pois se trata de um período histórico que é ao mesmo tempo passado e presente. No geral, ela é um processo de transformações do pensamento ocidental iniciado no século XVI onde há uma ruptura com a tradição medieval. Michel Focault (1984) no seu É
Tese de Doutorado - UMA POÉTICA DA NINFA: APARIÇÕES NA POESIA BRASILEIRA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
Repositório da Produção Científica e Intelectual da Unicamp, 2019
Este trabalho tem como objetivo pensar as figurações da Ninfa na poesia moderna e contemporânea brasileira. Estudada por nomes como Giorgio Agamben, Georges Didi-Huberman e Aby Warburg, a Ninfa é, antes de tudo, um personagem teórico que encarna ou representa os conceitos fundamentais formulados pelo historiador da arte alemão Aby Warburg. Entre eles, estão a ideia de Pathosformel (fórmula de pathos) e a de Nachleben, a vida póstuma das imagens, pensada por Warburg a partir da sobrevivência dos gestos da antiguidade ao longo da cultura ocidental e expressa em um dos seus projetos principais, o atlas de imagens que ele chamou "Mnemosyne". A partir da complexidade estética e temporal de uma imagem como a da Ninfa, buscamos pensar o quanto essa figura mítica desarranja as narrativas usuais da história da literatura moderna brasileira, nos permitindo ver vínculos insuspeitados entre os momentos moderno e contemporâneo, de um lado, e momentos anteriores, sobretudo aquele período que ficou conhecido, por falta de nome melhor, como "pré-modernismo". Ou seja, ali onde os historiadores literários marcados pelo discurso do modernismo veem (ou esperam ver) sobretudo rupturas (entre a cultura literária do século XIX - que talvez possamos chamar uma cultura literária fin de siècle - e a do século XX), podemos ver antes reaparições, continuidades intermitentes, enlaces de tempos, que apontam para uma historiografia poética menos linear e mais sintomática. A Ninfa nos propõe, neste sentido, um modelo trans-histórico que implode os muros, os esquemas, os estilos, as identidades. No lugar de obras bem resolvidas, acabadas em si mesmas, propomos compreender obras como a de Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, e, em direção ao momento contemporâneo, obras como a de Donizete Galvão e Carlito Azevedo, como obras complexas, errantes, convulsivas, que perturbam o tempo cronológico e criam uma outra temporalidade feita de anacronismos e sobrevivências. Vale ainda dizer que o que chamamos uma cultura literária fin de siècle é recuperada neste trabalho por reconhecermos no art nouveau e em sua estética do desejo o momento no qual a Ninfa, entendida enquanto forma feminina em movimento, acorre novamente à superfície, chegando ao início do século XX como uma forma sobrevivente do passado e, ao mesmo tempo, um índice histórico de sua época. A presença sintomática da Ninfa na poesia brasileira também nos permite pensar o quanto essa imagem ambígua, inapreensível, que se constitui de uma montagem e uma tensão de potências opostas, sendo ao mesmo tempo evanescente e corpórea, inocente e mortífera, impassível e erótica, tem a nos dizer sobre as próprias tensões que atravessam nossa historiografia poética. Da mesma forma, enquanto "imagem sobrevivente" que não cessa de fluir e refluir, encenando inúmeras metamorfoses (serva florentina, Salomé dançante, anjo protetor, mênade delirante, Vitória romana, Vênus impassível), a Ninfa encarna em si mesma a capacidade da poesia em resistir e reinventar-se nessa época hostil; em ser, como a Ninfa, aquela que vive depois de morta, uma espécie de fantasma do tempo.
A ESCRITA DA HISTÓRIA NA PÓS-MODERNIDADE
Influenciado pelas abordagens intituladas pós-estruturalistas, desconstrucionistas e ainda pós-modernistas utilizadas em recentes debates filosóficos sobre a teoria literária, podemos localizar o retorno da narrativa histórica no contexto da linguistic turn, termo usado pela primeira vez no início do século XX pelo filósofo do Círculo de Viena, Gustav Bergamann, que propôs uma espécie de paradigma que mantém o "ponto de vista de que os problemas filosóficos podem ser resolvidos (ou dissolvidos) pela reforma da linguagem, ou por uma melhor compreensão da linguagem que usamos no presente" (RORTY, 1998, p.50). Foi sobretudo no período contemporâneo que a Filosofia da Linguagem adquiriu uma importância central com a assim chamada "virada linguística". A expressão foi retomada por Richard Rorty, que a consagrou, em uma coletânea intitulada precisamente The Linguistic Turn, de 1967. Algumas das principais teorias desenvolvidas pelo pensamento contemporâneo, nesse contexto da "virada lingüística", buscam uma forma de tratamento da linguagem enquanto estrutura lógica ou sistema de signos com regras internas, independentes do sujeito linguístico, tal como encontramos, por exemplo, embora em perspectivas muito diferentes, em Ferdinand Saussure e Roland Barthes. Na verdade esse debate ultrapassou os limites do campo filosófico. Assim, na História se travam importantes discussões que envolvem desde a possibilidade de utilização de certas fontes na pesquisa histórica, até as questões da narrativa histórica como ficção ligada à tropos pré-determinados pela linguagem, colocando em debate inclusive os limites do conhecimento histórico (MENDONÇA; ALVES, 2003).
NUANCES DO HUMOR NA MODERNA LITERATURA BRASILEIRA
Sylvia H elena Tel arolli de Almeida LEITE (Univ ersidade Estadual Paulista) Débora FERRI (Univ ersidade Estadu al Paulista) Juliana SANTINI (Universidade Estadual Paulista) Rau er Ribeiro RODRIGUES (Universidade Estadual Paulista) Rejan e Cristina RO CHA (Univ ersidade Estadual Paulista) ABSTRA CT: This article presents readings of humour in modern Brazilian literature, approaching to Moa cyr S cliar and Luiz Vilela's short-stories, Guimarães Rosa's "A volta do marido pródigo" and O coronel e o lobisomem, by José Cândido de Carvalho. The readings explore formal, structural, stylistic and thematic elements of humour in literature.
Por uma teoria da modernidade em Poesia Ingênua e Sentimental
Resumo Poesia Ingênua e Sentimental figura atualmente como uma das reflexões mais instigantes do poeta alemão Friedrich Schiller. Embora o dramaturgo tivesse como interesse imediato ponderar acerca das formas de sentir e produzir o belo, sobretudo, na poesia e na dramaturgia, o impacto que o texto causou em sua própria comunidade intelectual e a recepção destas ideias ao longo dos séculos XIX e XX o tornaram significativo para investigar o conceito de história que permeava o debate estético, bem como analisar a construção da identidade moderna no bojo deste processo histórico. O objetivo deste trabalho consiste em analisar o tratado estético de Schiller tencionando compreender como sua proposta é constituinte de uma experiência temporal notadamente moderna; assim como ponderar acerca de sua contribuição para a construção da identidade do homem moderno e investigar sua relação e influência em um ambiente cultural no qual a criação intelectual era cada vez mais associada a um procedimento reflexivo.
A FUGA NA REALIDADE COMO PARADIGMA DA PÓS- MODERNIDADE
RESUMO: No presente artigo, propomos analisar a situação atual da cultura ocidental através de um percurso em três etapas. Na primeira, buscamos analisar como se moldou o modelo de identidade pessoal, que se estruturou a partir do século V a.C. no Ocidente. Procuramos observar de perto a interligação entre os valores propostos e a exigência de uma identidade forte, que deve se tornar fiel a estes valores. Na segunda parte, através dos estudos de Vattimo e Bauman, buscaremos entender não apenas os motivos do fracasso da proposta da modernidade ocidental, mas também as características salientes do novo estilo de vida que está se configurando. Na última parte, tentaremos esboçar algumas propostas de reflexão, que visam aprofundar o discurso de um estilo de vida que desfruta ao máximo a realidade presente. A nossa ideia é que, longe de ser uma fuga da realidade, como muitas vezes vem sendo apontada a cultura pós-moderna, é uma fuga no presente que, aliás, é o único ponto onde seja possível captar a novidade da realidade. PALAVRAS-CHAVE: cultura, pós-moderno, realidade, presente, fuga. THE ESCAPE IN REALITY AS A PARADIGM OF POST-MODERNITY ABSTRACT: In this article, we propose to analyse the current situation of Western culture through a three-step path. In the first, we seek to analyse how the model of personal identity was shaped, which was structured from the 5th century BC in the West. We seek to closely observe the interconnection between the proposed values and the requirement for a strong identity, which must become loyal to these values. In the second part, through the studies of Vattimo and Bauman, we will seek to understand not only the reasons for the failure of the proposal of Western modernity, but also the salient characteristics of the new lifestyle that is taking shape. In the last part, we will try to outline some proposals for reflection, which aim to deepen the discourse of a lifestyle that makes the most of the present reality. Our idea is that, far from being an escape from reality, as postmodern culture has often pointed out, it is an escape in the present that, by the way, is the only one where it is possible to capture the novelty of reality.