APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ENTRE A VILLA SAVOYE DE LE CORBUSIER E A HOUSE VI DE PETER EISENMAN: TENSÕES DO HABITAR NO SÉCULO XX 1 (original) (raw)

Para além de um discurso formal, a arquitetura do século XX desenvolveu importantes narrativas que permearam diversas ciências e disciplinas. Muito se tem refletido sobre os paradigmas eclodidos nesse período, principalmente no que tange às possíveis relações interdisciplinares da arquitetura com a antropologia, as artes, a filosofia, a sociologia etc., cujo principal objetivo é entender suas origens, concepções e produções. Nesse contexto, diversos campos destes diálogos interdisciplinares estão focados em entender as possíveis relações entre os objetos e seus respectivos produtores e espectadores. Ou seja, parcela considerável das associações disciplinares parte do pressuposto que a tríade produtor-objeto-espectador sofreu alterações estruturais em todo o transcorrer do referido século, devido suas céleres transformações. Como exemplo, citamos os infinitos sintomas da própria Revolução Industrial, que de fato ampliou as possibilidades de associações disciplinares. Não obstante, valores perpetuados pelos ideais Iluministas como positivismo, tecnocentrismo, racionalismo e progresso contínuo e linear, fundamentados para um homem universal ideal, geraram um ser apartado, individual, isolado. Esse sonho perfeito do Projeto da Modernidade descrito e refletido por Habermas em 1983 tem seu fim na segunda guerra mundial, onde os avanços científicos se mostraram sem limites, colocando em xeque a hegemonia do racionalismo científico em detrimento da própria sobrevivência da espécie humana. A arquitetura, assim como as outras expressões culturais que, respaldadas pelo Iluminismo propuseram uma ruptura com a história precedente, reinventaram suas possibilidades plásticas e estruturas internas. Segundo Argan (2006), a arquitetura até a primeira guerra mundial somente absorvia as transformações tecnológicas que alcançavam a construção civil, no entanto, posterior a esse momento, ela assumiu um caráter sociocultural que afetava diretamente no comportamento e execução das atividades cotidianas. A arquitetura nada mais fez que cumprir sua primordial função de fazer com que o homem se sentisse inserido no mundo novo. Como resposta, se adequou aos modos frenéticos de produção, foi projetada para o homem ideal iluminista e assumiu as formas puras, buscando referencia nos sólidos platônicos, a sua essência. 1 Este trabalho é fruto da pesquisa desenvolvida nas disciplinas,