MUNDIALIZAÇÃO, MUNDO LUSO E A GLOBALIZAÇÃO (original) (raw)

A INFLAÇÃO MUNDIAL E O COLAPSO DA GLOBALIZAÇÃO

Este artigo tem por objetivo demonstrar que a inflação em curso atualmente na economia mundial pode levar ao colapso da globalização econômica e financeira contemporânea. A inflação é definida como o aumento contínuo, persistente e generalizado nos preços em geral. A globalização econômica e financeira é definida como a interdependência econômica entre os países ao redor do mundo, resultante de um volume e variedade crescentes de transações de bens e serviços através das fronteiras nacionais, bem como de uma maior mobilidade de fatores de produção, incluindo uma ampla difusão internacional de capitais e tecnologia. Com a persistência da inflação, a globalização econômica e financeira será levada ao colapso porque o mundo não conta com uma governança global capaz de coordenar a ação dos países no combate à inflação e a economia mundial ser afetada pela recessão resultante do aumento das taxas de juros adotado pelos governos de todos os países do mundo para controlá-la. Inflação global e recessão global farão com que o mundo se defronte com a estagflação global que levará ao colapso da globalização econômica e financeira quando muitos governos nacionais a abandonarão para não serem levados, também, ao colapso econômico. Os sinais do colapso da globalização econômica e financeira já estavam se apresentando a partir de 2010 quando a relação entre as exportações mundiais e o PIB mundial caiu cerca de 12%, um declínio não visto desde a década de 1970. O fim da globalização econômica e financeira representada pela relação entre as exportações mundiais e o PIB mundial poderá ocorrer, não apenas devido à estagflação mundial, mas também em consequência da queda na relação da taxa de lucratividade global. A última onda de globalização começou a diminuir pouco antes do início dos anos 2000, quando a lucratividade global passou a recuar. Em vez de um desenvolvimento harmonioso e igualitário, a globalização aumentou a desigualdade de riqueza e renda, tanto entre as nações quanto dentro delas. Com o colapso da globalização, é pouco provável que o capitalismo ganhe um novo sopro de vida baseado em lucratividade crescente e sustentada. É improvável que o capitalismo retome a lucratividade do passado diante da perspectiva de aprofundamento da crise atual e talvez de mais guerras no futuro. É inevitável o colapso da globalização econômica e financeira. Isto significa dizer que cada país do mundo deverá promover seu desenvolvimento voltado para seu mercado interno com a adoção de políticas econômicas nacional desenvolvimentistas para não sofrerem o mesmo colapso que terá a globalização econômica e financeira.

GLOBALIZAÇÃO E NEOLIBERALISMO AMEAÇADOS DE COLAPSO NO MUNDO

O inevitável resultado do neoliberalismo foi o aumento do denominado desequilíbrio global no comércio, na poupança e no investimento. Este desequilíbrio foi responsável pela crise que eclodiu nos Estados Unidos em 2008 e se espalhou pelo mundo e comprometeu o sistema financeiro dos Estados Unidos, Reino Unido e Europa com débitos insustentáveis. O desequilíbrio coloca duas questões perigosíssimas: 1) poderia inundar as economias do Ocidente com muito crédito cujo sistema financeiro seria levado ao colapso; e, 2) mais estrategicamente, o risco acumulado e a instabilidade no mundo ficariam centrados em um arranjo entre estados nacionais sobre débitos e taxas de câmbio que então colapsariam. Este perigo ainda existe. Para evitar os problemas da globalização, a financeirização da economia mundial precisaria ser revertida, além de incentivar a volta de indústrias e serviços para o Ocidente para criar empregos de alto salário nos países desenvolvidos. Haveria enormes obstáculos sociais e políticos para executar essas medidas.

Luzes e Sombras da Globalização

Theologica, 2005

Das várias dimensões que tem aquilo que se designa por «globalização», vai referir-se aqui principalmente a de natureza económica. Como já defendi noutras alturas (Mendes, 2001), no plano económico, a globalização é o alargamento, à escala mundial, do predomínio da economia de mercado sobre outras formas de organização económica. Este predomínio tende a acontecer devido àquilo que tenho designado por «natureza expansionista da relação de mercado», expressão cujo significado será esclarecido mais adiante. Esta característica é inerente à relação de mercado e, por isso, existe desde que este tipo de processo de transacção existe, ou seja, desde há muitos anos. No entanto, a modalidade de globalização em desenvolvimento desde finais da década de 60 não é apenas o resultado desta característica da relação de mercado. Está também associada aos dois factores seguintes: a) novas tecnologias da informação; b) expansão da democracia e dos direitos humanos ligados a este tipo de regime político. As relações entre estes três factores de globalização tem áreas de complementaridade, mas também tem áreas de conflitualidade. Como veremos, nestas relações de interacção positiva ou negativa podemos encontrar algumas da «luzes» e «sombras» da globalização.

CONTRATO, GLOBALIZAÇÃO E LEX MERCATORIA

2014

O presente texto parte da proposição de que é possível que os costumes sejam fontes de obrigações contratuais. Para tanto, se buscou demonstrar esta premissa a partir de pesquisa jurisprudencial (arbitral e judicial) e do método comparado. Concluiu-se que, dada à internacionalização do Direito contratual, as fontes consuetudinárias internacionais devem ser objeto de tratamento doméstico, pois criam obrigações contratuais e não se limitam à interpretação do negócio jurídico. Não se pode, no entanto, negligenciar a necessidade de controle de seu conteúdo. Em termos detalhados, então, se pode afirmar que o papel reservado ao costume como fonte normativa do Direito contratual sempre foi residual no Direito brasileiro. Acompanhando a experiência moderna europeia, a doutrina e a legislação brasileiras enfatizam o papel secundário, quando não meramente interpretativo, do costume contratual. A jurisprudência brasileira, ao seu turno, em poucos casos dá tratamento geral para a figura. Por outro lado, o processo de redução de distâncias e aproximação cultural, social e econômica usualmente conceituada como globalização, fez sentir seu peso sobre os contratos por meio da incorporação de uma série de soluções saídas da prática comercial internacional. Embora pudessem ser justificados pelo vetusto princípio da liberdade, de alguma forma esses “usos” internacionais se insinuam para dentro do Ordenamento brasileiro ao ponto de exigirem que os próprios Tribunais lhe deem tratamento e guarida. De um lado, portanto, se nega a existência de papel normativo criativo ao costume contratual, por outro, ainda que de forma indireta, se reconhece não só sua existência, mas a possibilidade de que sua origem seja externa. Este tratamento paradoxal reflete, em alguma medida, outra consequência: o Direito contratual brasileiro está em processo de internacionalização. Eis, então, que um novo embate se anuncia: a ampla liberdade criativa (tributária da chamada Lex mercatoria) e o controle da incorporação do ato estrangeiro (ordem pública). Ao contrário de outrora, contudo, nenhuma resposta simplista será viável especialmente em razão da complexidade da contemporaneidade contratual e das características regulatórias do Direito contratual brasileiro.

Globalismo e globalizacao: os bastidores do mundo

Globalizacao e Globalismo, 2017

[Objetivo: notas para entrevista em vídeo; finalidade: programa Brasil Paralelo] Globalismo e globalização: qual a diferença? A globalização é fenômeno bem conhecido, e praticamente secular, ou mesmo milenar, tendo se acelerado em diversas ondas desde os grandes descobrimentos e aventuras marítimas do século XVI, que realmente unificaram o mundo pela primeira vez; trata-se de um processo impessoal, objetivo, independente de quaisquer outras forças políticas e sociais, pois ela é conduzida essencialmente ao nível micro, ou seja, por iniciativa de indivíduos e empresas, inventores, inovadores, empresários, aventureiros, missionários, intelectuais ou quaisquer outros atores, de quaisquer países e origens sociais, que transcendem suas circunstâncias locais ou nacionais, para projetar-se além fronteiras, mundialmente e até universalmente, graças aos instrumentos, processos e mecanismos criados, deliberadamente ou não, para justamente ultrapassar barreiras nacionais, limites fronteiriços graças às ferramentas de informação e de comunicação desenvolvidos por esses mesmos agentes privados ou institucionais, com tais objetivos universalistas, transmitindo, transferindo, vendendo, oferecendo os mais diferentes tipos de bens e serviços, mas sobretudo ideias, conceitos, propostas para uma maior integração entre pessoas, empresas, instituições públicas e privadas. Já o globalismo é um conceito novo, criado com motivações deliberadamente políticas, para caracterizar um movimento, ou processo, equivalente a outros ismos existentes no cenário intelectual ou conceitual do mundo moderno: por exemplo, o socialismo, o feminismo, o altermundialismo, o nacionalismo, quem sabe até o próprio capitalismo, ainda que este seja também um fenômeno econômico e social totalmente objetivo, impessoal, incontrolável, correspondendo apenas a uma determinada forma de organização das forças produtivas (baseada em empresas privadas produzindo bens e serviços para mercados de massa) e das relações de produção (baseadas no trabalho assalariado e no contratualismo direto entre trabalhadores e empresários). Como eu vejo o globalismo? Como uma tentativa de forças conservadoras ou de direita, para rejeitar a sensação de perda de soberania nacional em prol da globalização, justamente, como se estivesse ocorrendo uma conspiração de forças globalistas para reduzir a soberania dos Estados em favor de um fantasmagórico "governo mundial".

CULTURA e GLOBALIZAÇÃO

Repensar Portugal, a Europa e a Globalização , 2022

Na sociedade actual, dominada pela globalização das comunicações, pela massificação da informação e pela mediatização da cultura, haverá, ainda, lugar para uma cultura humanística? A dimensão universal da cultura tem sido restringida, ao longo dos séculos, devido a factores de diversa natureza: ideológicos, políticos, sociais e religiosos. Pode perguntar-se o que se entende por «democratização» da cultura, ou das culturas, pois há uma pluralidade de domínios que são abrangidos por esta designação. Nas páginas que se seguem irão ser abordados alguns aspectos relacionados com a evolução do conceito de «cultura», desde a Antiguidade, passando pelo «Século das Luzes», até à chamada «revolução digital» dos nossos dias.

A DESSECULARIZAÇÃO DO MUNDO: UMA VISÃO GLOBAL

Há alguns anos, o primeiro volume resultado do assim chamado Projeto Fundamentalismo aterrisou em minha mesa. O Projeto Fundamentalismo era generosamente financiado pela Fundação MacArthur, e dirigido por Martin Marty, o famoso historiador do campo eclesial da Universidade de Chicago. Alguns intelectuais dos mais respeitados participaram do projeto, e de modo geral os resultados publicados são de excelente nível. Mas deparar-se com aquele primeiro volume proporcionou-me a tal "experiência aha!". O volume sobre minha mesa era muito grande, um "livro bomba", do tipo que podia causar grandes danos. E perguntei-me por que a Fundação MacArthur dedicaria vários milhões de dólares para apoiar uma pesquisa internacional sobre fundamentalistas religiosos.

NOS EXTREMOS: O CAMINHO PARA A GLOBALIZAÇÃO

Com o fim da Segunda Guerra o equilíbrio de forças internas passa a depender de uma política de blocos rivais encabeçados por duas grandes potências União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e dos Estados Unidos da América. Mal acabou o conflito, os aliados se tornaram inimigos. Quando Harry Truman 1 lança a bomba atômica sobre um Japão vencido, tinha acima de tudo a finalidade de exibir aos comunistas seu poderio militar e preservar a hegemonia do Estados Unidos. Os planejadores soviéticos não tinham dúvida de que o capitalismo continuaria por um longo tempo sob a hegemonia do Estados Unidos, que sai da guerra ainda mais poderoso. Isso era na verdade o que a URSS 2 suspeitava e receava. Sua postura básica não era agressiva, mas defensiva. Era inevitável não intensificar a intervenção em assuntos internos de países com posição estratégica, sendo que sua segurança havia sido posta em "xeque". Em suma, enquanto os Estados Unidos se preocupavam com o perigo de uma possível supremacia mundial soviética no futuro, Moscou se preocupava com a hegemonia concreta dos Estados Unidos, então exercida sobre todas as partes do mundo não ocupadas pelo Exército Vermelho. O verdadeiro perigo de uma Terceira Guerra Mundial ocorreu entre a enunciação formal da Doutrina Truman 3 , em março de 1947, onde foi anunciada pelo secretário de Estado General Marshall 4 e idealizada pelo secretário Dean Acheson 5 . A doutrina dava

Identidade lusófona e globalização

Sinopse -Refletiremos, neste trabalho, sobre a problemática da identidade, que tem suscitado interesse crescente e mobilizado estudiosos de diferentes campos das ciências humanas e sociais, oferecendo-se de forma privilegiada à interdisciplinaridade. Por estar a noção de identidade sob questão, passa-se a convergir os estudos para a identidade lusófona abrangente e ligada ao tão propalado processo de globalização. Neste contexto turbulento de quebra dos sistemas culturais, a identidade, transformada continuamente em relação às maneiras pelas quais somos representados nos sistemas culturais que nos circundam, apresenta-se ainda mais aberta e provisória. Os sentidos de espaço e tempo se encontram de tal forma alterados que se trabalha com a idéia da desterritorialização das realidades simbólicas tanto no que tange à hibridização cultural em sentido "lato", voltando o olhar para o mundo, quanto em sentido "strictu", voltando o olhar para os falantes de Língua Portuguesa.

Medo existencial e globalização

Synesis, 2010

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