O pós-humanismo (original) (raw)

Pós-humanismo na Máquina Anímica

Semiótica: desordem e incertezas.1 ed.São Paulo : Kazuá, 2018, v.1, p. 257-280. (http://www.editorakazua.net/academico/semiotica-desordem-e-incertezas-vol-1-de-alexandre-rocha-da-silva-regiane-m-de-o-nakagawa-lisete-dias-de-oliveira-orgs), 2018

O reposicionamento pós-humanista busca demonstrar como a co-presença evolucionária de outros seres — técnicos e animais — potencializa outras compreensões sobre o humano. Esse é o posicionamento base para a compreensão do anime japonês como uma máquina, tal qual se apresenta na teoria de Thomas Lamarre (2009) em conjunto às teorizações de Gilbert Simondon, Félix Guattari e Gilles Deleuze. Nesse artigo, iremos analisar três aspectos constitutivos da animação — intervalo, perspectiva e composição — na segunda animação Evangerion Shin Gekijōban: Ha da tetralogia Evangerion Shin Gekijōban (Rebuild of Evangelion). Nossa hipótese é demonstrar como a máquina anímica poderia permitir uma heterogênese pós-humana através da dobra comunicacional do intervalo anímico.

A questão do humano: entre o humanismo e o pós-humanismo

Griot : Revista de Filosofia

No registro do contexto tecnocientífico contemporâneo o outrora insuspeito antropocentrismo ontológico que embasou a concepção humanista de homem parece vacilar. O objetivo deste artigo é expor alguns elementos e direcionamentos importantes para a compreensão do modo como o pensamento pós-humanista, que reúne intérpretes deste contexto, rearticula os termos da pergunta antropológico-filosófica acerca do entendimento das noções de humanidade e de ser humano.

Pós-humanismo e o humanum: tensão e caminhos possíveis

Revista Pistis Praxis, 2015

Objetiva-se neste artigo analisar filosoficamente as tensões causadas pelos pós-humanismo, em que se manifesta intensa e densamente a tecnociência como uma antropotécnica para compreender o homem, apontando perspectiva que levam a caminhos distintos para tornar o humanum digno de seu ser em sua cultura, simbologia e linguagem. Justifica-se este objetivo na necessidade apontada pela carta encíclica Evangelium Vitae de se pensar a vida, a partir da tensão entre o pós-humanismo presente na tecnociência e a visão filosófica referente à essência do homem. Para atingir este objetivo, apresentar-se-á a tensão fundamental referente ao homem, causada pela antropotécnica. Em seguida, serão discutidas as características do homem pós-humano ou propriamente a antropotécnica. Por fim, serão apresentadas três perspectivas que apontam o modo de refletir sobre a tecnociência ou o estado do pós-humanismo, a saber: a articulação entre antropologia ontoteológica e antropotécnica, a metafísica do ser e ...

Marshall McLuhan e o pós-humanismo

Para entender mais profundamente o sentido da nossa relação com as máquinas precisamos refletir um pouco mais sobre conceitos basilares, como nossa ideia sobre o que é humanidade, o que é natureza, o que é cultura, o que é natural, o que é artificial. Também precisamos voltar-nos à origem de alguns desses conceitos para, em seguida, tentar entender como eles se desenvolveram e, em alguns casos, se transformaram em opostos. Boa parte dos conceitos que ainda nos dias atuais usamos para compreender nossa relação com a tecnologia está descrita na obra do canadense Marshall McLuhan (1911-1980). Em algumas de suas principais obras, McLuhan conseguiu sintetizar de forma bastante controversa algumas dessas imagens ou conceitos, como a famosa compreensão da tecnologia como extensão humana.

Repensando os letramentos pela perspectiva pós-humanista

Trabalhos em Linguística Aplicada, 2019

O pós-humanismo não apenas convida a repensar a unidade básica de referência para o ser humano e as ciências humanas, como expande o conceito de (prática) social para abranger os seres humanos e os agentes não-humanos interagindo socialmente de forma mais horizontal e simétrica. A pesquisa sobre letramentos, diante dessa nova forma de olhar para o mundo, exige uma nova proposta teórica que supere binarismos usuais nesse campo de estudo tais como digital/analógico e múltiplos/único, entre outros. Portanto, este trabalho objetiva propor uma reflexão sobre o conceito de letramentos como práticas sociais sob uma perspectiva pós-humanista, considerando novas ideias vigentes na literatura sobre pós-humanismo, agência, cognição e subjetividade. Utiliza-se como método a pesquisa bibliográfica, tendo como principais referenciais os trabalhos da filósofa Rosi Braidotti sobre o pós-humanismo crítico, da crítica literária Nancy Hayles sobre a condição pós-humana, da física e teórica feminista Karen Barad acerca do realismo agencial e do linguista aplicado Alastair Pennycook acerca especificamente de sua proposta de uma linguística aplicada pós-humanista. O resultado dessa reflexão teórica indica que uma concepção pós-humanista de letramentos demanda que essas práticas sejam entendidas como práticas materiais-discursivas, isto é, práticas em que matéria e discurso emergem conjuntamente por intra-ação, o que implica um outro olhar para o que seriam os contextos, os sujeitos e os objetos dos letramentos. Por consequência, é também necessário considerar que os significados constitutivos dos letramentos não são isolados em unidades como palavras ou ideias de significantes, mas sim na rede material-discursiva construída por intra-ação. Palavras-chave: letramentos; pós-humanismo; realismo agencial.

Dois anti-humanismos

À guisa de uma reflexão em torno da atualidade do anti-humanismo teórico como problemática para o pensamento social contemporâneo, contrapomos as formulações do Marxismo Althusseriano com a Teoria dos Sistemas de Niklas Luhmannaquela considerada periférica, esta reconhecida como legítima no campo sociológicoa respeito do modo como ambas, ancoradas nessa posição epistemológica, encaminham suas formulações e propostas teóricas no que se refere à questão sociológica clássica da diferenciação/integração social. Fugindo de uma necessária síntese entre elas, destacamos suas diferenças para, a partir do realce dessa pluralidade, lançar luz sobre as várias possibilidades, ao contrário do que as críticas provenientes da defesa do (inter) subjetivismo fazem crer, que tal posicionamento abre para a teorização e compreensão das sociedades complexas. Por fim, cumpre apontar a impertinência da marginalização do pensamento de Louis Althusser, resgatando-o em seu potencial crítico.

Entre o Ciborgue e o Zumbi: dois modelos de pós-humanismo

Cadernos PET Filosofia UFPR, 2023

Donna Haraway inaugura em “O Manifesto Ciborgue” (1985) uma tradição no estudo do pós-humanismo, desafiando noções relacionadas ao capitalismo, colonialismo, feminismo e ao significado do que é ser humano. Em 2008, Sarah Juliet Lauro & Karen Embry propõem “A Zombie Manifesto” (2008), texto importante para o chamado “zombie studies”, emprestando o espírito e alguns princípios do texto de Haraway. Pretendo estabelecer uma comparação entre os modelos de pós-humanismo estabelecidos por Donna Haraway em “O Manifesto Ciborgue” e Sarah Juliet Lauro & Karen Embry em “A Zombie Manifesto”. Ambos os textos usam da ironia, da análise da realidade social e da ideia de fraturar fronteiras para construir modelos opostos. Enquanto Haraway trata da necessidade de permeabilidade das fronteiras corporais, negociando hibridismos com máquinas, Lauro & Embry defendem que o corpo é a prisão do sujeito e defendem que o pós-humanismo só pode se iniciar na morte do sujeito individual, usando os zumbis haitianos e cinematográficos como metáforas para a coletivização do antissujeito pós-humano.

O Pós-Humano É Agora: Uma Apresentação

Trabalhos em Linguística Aplicada

A chamada que trouxe a este dossiê os doze trabalhos aqui reunidos-vindos do Brasil, de Portugal, da Austrália e da Índia e oriundos não só dos estudos literários e da linguagem, mas também das áreas de comunicação social, educação, ciência política e antropologia-partia da constatação de que vivemos um ponto de inflexão nas ciências humanas e sociais: a falência da crença na excepcionalidade da espécie humana, que acarreta a fé do humanismo liberal na racionalidade e autodeterminação humanas como fundamento ético, estético e político da relação do homo sapiens com os seus outros "naturais" e "artificiais". A face mais evidente da relação entre pós-humanismo e Linguística Aplicada talvez seja, justamente, a ameaça à ideia de que a língua(gem) seja o fiel da balança do autojuízo que fazemos acerca do que somos, tema abordado nesta coletânea. Mas também interessa ao linguista aplicado interpretar, a seu modo, os sinais crescentes de esgotamento de todas as dicotomias sobre as quais fundamentamos, e pelas quais justificamos, a arrogância que nos tornou reféns de nossa própria insensatez, "cientificamente comprovada" pela nossa inscrição na historicidade do planeta, decretada como Antropoceno, e constantemente renovada pelo negacionismo de nossas faltas com uma natureza que nos cobra, materialmente, um compromisso ético que não somos capazes de estabelecer e talvez já não adiante intentar (LATOUR, 2015). Tudo isso pretendemos abarcar com o conceito de "pós-humano", sem que saibamos, assim como no caso dos outros "pós-" (moderno, social, colonial etc.), o que está por vir exatamente, se é que o que há agora já é, de fato, o pós do que aí estava e ainda não havíamos admitido. De um lado, uma biopolítica (FOUCAULT, 1978) que se ocupa não mais apenas da normalização, do controle, do ajustamento e da gestão da sexualidade, saúde, higiene, natalidade e alimentação, mas também dos potenciais biológicos, afetivos e comportamentais humanos registrados em textos que não podemos ler a olho nu, tais como sequências genômicas extraídas por amadores que se pretendem coautores de sua própria biologia, ou árvores probabilísticas que permitem às máquinas aprender a fazer, tão bem como nós, coisas que nós mesmos

Modernidade e humanismo

Pensamento Realidade Revista Do Programa De Estudos Pos Graduados Em Administracao Fea Issn 2237 4418, 2002