Um estrangeiro lê Machado: uma crítica inoperante da instituição literária nacional (original) (raw)

Notas sobre a crítica-escritura de Haroldo Maranhão, um leitor de Machado

MOARA – Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Letras ISSN: 0104-0944

Tendo em vista a noção de crítica-escritura a partir dos estudos dos teóricos pós-estruturalistas, sobretudo os de Roland Barthes, de Jacques Derrida e de Gilles Deleuze, este artigo apresenta uma leitura do romance Memorial do fim: a morte de Machado de Assis, do escritor paraense Haroldo Maranhão, publicado em 1991. Valendo-se de dados biográficos, ficcionais e teórico-críticos de Machado de Assis, Haroldo Maranhão mesclou, em um mesmo texto, discursos diversos. Para isso, veremos como a narrativa ficcional de Maranhão se serviu dos preceitos pós-estruturalistas para criar, no texto ficcional, uma crítica-escritura a partir da releitura dos textos ficcionais, biográficos e críticos de Machado de Assis.

A internacionalização de Machado de Assis

Scientia Traductionis, 2013

ste número monográfico de Scientia Traductionis, examina, como sugere o título, a rica relação entre Machado de Assis e a tradução. Essa relação é múltipla e está tanto no papel da tradução na formação do Machado leitor e escritor como na progressiva internacionalização do Machado escritor via tradução. Abre o número o ensaio "Translating Machado de Assis / Traduzindo Machado de Assis", de John Gledson. Redigido quando o autor esteve como professor visitante na PGET, Pós-graduação em Estudos da Tradução, da UFSC, ensaio que foi premiado no I Concurso Internacional Machado de Assis, promovido pelo Itamaraty em 2006. Fiel ao espírito da revista, publicamos o original em inglês, inédito, e sua tradução, que consta do volume A obra de Machado de Assis, publicada pelo Ministério de Relações Exteriores, e é republicada aqui com autorização do autor. Ao longo do ensaio, Gledson dá conta da limitada produção intelectual sobre o estilo, a prosa e o ritmo de Machado e sustenta que a reflexão sobre o texto traduzido pode iluminar essas questões. Em um primeiro momento, Gledson faz um exame das escolhas tradutórias em fragmentos das traduções de Memórias póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro para o inglês, e, em seguida, analisa sua tradução do conto "Singular ocorrência". O segundo bloco de textos, intitulado Machado de Assis tradutor, trata uma faceta ainda pouco estudada de nosso maior escritor, e que vem despertando um interesse crescente entre os pesquisadores, a de tradutor. O papel da tradução na consolidação da literatura brasileira é ressaltado por Helena Tornquist em "Tradução e recepção: textos dramáticos traduzidos por Machado de Assis". Para ela, a atividade tradutória de Machado reflete uma prática geral entre os escritores do período e recorda a atividade tradutória de, entre outros, Olavo Bilac, Rui Barbosa, Carlos de Laet, sobretudo de textos de difusão da cultura francesa. A autora assinala que a tradução e a crítica de teatro francês, assim como a elaboração de pareceres sobre peças traduzidas para o Consultório Dramático, constituiu "o marco inicial da carreira do escritor" Machado de Assis. Chama a atenção também para o impacto da prática machadiana da tradução, que incluiu um amplo leque de autores com distintas posições no cânone francês, na elaboração de E

Machado de Assis, leitor e crítico de teatro

PRESTÍGIO INTELECTUAL que Machado de Assis conquistou em sua juventude literária não se deveu aos textos de ficção. Ele já estava com 31 anos de idade quando iniciou a publicação de seus volumes de contos e romances. Como se sabe, Contos Fluminenses é de 1870 e Ressurreição, de 1871. Essas duas obras são o ponto de partida de sua extraordinária produção ficcional, que só foi interrompida no ano de sua morte, em 1908.

Machado De Assis: Um Escritor Além De Seu Tempo E De Seu País

Journal of Lusophone Studies, 2018

Machado de Assis é acusado por muitos críticos, particularmente por seus contemporâneos, de se manter alheio à sociedade brasileira e aos problemas sociais e econômicos de seu tempo, como o da escravidão. Paralelamente, releituras atuais de suas obras nelas identificam um posicionamento aberto e franco contra o status quo, criando a imagem de um escritor combativo, que teria se valido da literatura para denunciar a condição sub-humana a que os escravos eram submetidos. Machado de Assis inscreve, em sua obra, uma crítica às injustiças sociais e, ao interpretar a sociedade brasileira, expressa suas posições com sutileza, inoculando-lhes uma perspectiva irônica. Todavia, distinguindo-se dos escritores a ele contemporâneos, não se restringe à representação de problemas locais, mas focaliza a existência humana, transcendendo, por sua arte, seu tempo e seu país.

MACHADO DE ASSIS E A LITERATURA AFRO-BRASILEIRA: UMA LEITURA SOB O VIÉS DA CRÍTICA LITERÁRIA

Fólio , 2016

Iremos, neste artigo, abordar a literatura de Machado de Assis, no que se refere à discussão sobre literatura afro-brasileira, com base nos estudos de Eduardo de Assis Duarte, expostos no livro “Machado de Assis: afro-descendente”. Consideramos ser pertinente relacionar a literatura machadiana da literatura afro-brasileira. Nosso maior interesse será refletir sobre o destaque do negro na escrita machadiana. Conforme aponta o crítico Eduardo de Assis Duarte, o escravo, em Machado, não é protagonista, e sim, figurante, apesar de na juventude, em alguns textos, ter colocado, mesmo que de forma trágica, a mulher como protagonista. Avaliaremos, assim, que a escrita de Machado não defende o racismo, através da estereotipação negra. Contrariamente, sua narrativa realiza uma denúncia ao racismo, ao relatar as relações dissonantes entre senhores e escravos, e as tiranias cometidas contra os negros, permitindo uma visão crítica sobre o choque sócio-histórico e a relação subalterna dos descendentes de africanos no Brasil.

Criação literária no outono do escravismo : Machado de Assis

2013

Ao longo dos quatro anos de doutoramento fui desempregado, garçom, professor universitário, bolsista, bolsista de doutorado-sanduíche, garçom outra vez, bolsista outra vez. A instabilidade material e as constantes mudanças ocorridas nesse período foram minoradas pelo trabalho de diversas pessoas e instituições, que ajudaram no bom andamento da pesquisa e na realização desta tese. Como acontece com todo o trabalho intelectual, ela é resultado de um trabalho coletivo, do qual me sinto orgulhoso de fazer parte. Agradeço aos professores Antônio Marcos Vieira Sanseverino e Rejane Pivetta, pela preciosa banca de qualificação; aos professores José Pertille e Cláudia Caymmi, que me receberam em seus grupos de estudo sobre Hegel e Walter Benjamin; aos professores Homero Viseu Araújo e Maria da Glória Bordini, que leram artigos e discutiram ideias; à professora Gínia Maria Gomes, há tantos anos doando seu generoso e inestimável incentivo; a José Canísio Sher, pela diligência com que trabalha na secretaria da pós-graduação em Letras. Além de Antônio, Homero e Gínia, agradeço a Luis Augusto Fischer, Paulo Seben e Sergius Gonzaga pelas sugestões, colaborações e trocas do período de um ano como colegas de departamento (e pelas aulas ao longo da graduação e pós-graduação), bem como aos meus alunos na graduação em Letras da UFRGS, com quem tanto aprendi. Agradeço a K. David Jackson e sua família, que me receberam em New Haven com gentileza e humanidade. A interlocução humanista de Jackson contribuiu para a concepção do Capítulo I e para o planejamento do Capítulo II. Bella Grigorian, Paul Franks, Paulo Moreira e Moira Fradinger, professores da Yale University, receberam-me como ouvinte em disciplinas ou dialogaram comigo sobre a literatura brasileira. Em New Haven, contei ainda com a convivência e a amizade de Eva Kästle, Larissa Costa da Matta, Lazarre Seymor Simckes e Letícia Guterrez, que deixaram nas memórias deste amigo um sem número de sorrisos e boas histórias. Quero remarcar Larissa e Lazarre, pela paciência e amor com que me ensinaram e ouviram. Devo tanto à inteligência prática e generosa de Ana Flávia Souto de Oliveira, que se tornou impossível agradecer a tudo. Até mesmo o computador no qual boa parte dessa tese foi escrita é parte da sua generosidade. Alexandre Kuciak, Ana Flávia de Oliveira, Fabrício Santos da Costa e Janaína Tatim, em Porto Alegre, e Mateus Bruschi, em Bento Gonçalves, foram em toda a trajetória grandes companheiros. Fabrício Santos da Costa discutiu as linhas gerais da tese em diversas ocasiões. Janaína Tatim fez centenas de preciosos comentários machadófilos, além de me ajudar com a nova ortografia. A ela também devo diálogos, perguntas, incentivos e indicações impossíveis de indicar em notas de rodapé, de tão onipresentes. Os colegas Alexandre Nell, Carla Vianna, Gisélle Razera e Guto Leite, em momentos diferentes, por razões diversas, colaboraram no fazer da tese. No mesmo sentido, deixo referência aos colegas da Associação de Pós-Graduandos da UFRGS, que compreenderam minhas ausências sempre que precisei me dedicar à escrita. A professora Regina Zilberman orientou-me com máxima competência. Foi um enorme privilégio ter contado com sua interlocução. A ela também devo ajudas sem fim em dificuldades junto à burocracia dos órgãos públicos. Gostaria de assinalar ainda o exemplo de trabalho e seriedade que ela dá aos que enfrentam o desafio de fazer da universidade uma instituição consequente e responsável. Em parte do período de pesquisas no Brasil, fui contemplado com bolsa CNPq. Por nove meses, a mesma instituição contemplou-me com bolsa de doutorado-sanduíche na Yale University, em New Haven, Estados Unidos. Ao agradecer ao CNPq, espero contemplar os funcionários que se ocuparam dos meus processos durante o doutorado, todos eles pacientes e amáveis, na tarefa de amparar pesquisadores. Contei sempre com o amor e o apoio de

Machado fragmentado, ou Machado de Assis e as histórias da literatura

2009

Este artigo analisa, em tres historias da Literatura Brasileira, como se processa a representacao do escritor Machado de Assis e de sua obra, com o objetivo de vislumbrar, por meio de uma teoria sistemica, novos aportes para a escrita de historias da literatura. Privilegia-se a investigacao das relacoes entre os diversos sistemas sociais e a literatura na construcao da narrativa historica.

Machado de Assis e o olhar irônico no país dos bacharéis

No artigo, estuda-se a visão crítica de Machado de Assis sobre a cultura jurídica brasileira do seu tempo, tal como expressa em alguns contos e crônicas do autor. Para tanto, apontam-se a relação entre bacharelismo e a figura do medalhão, bem como os problemas de eficácia social do direito, que chegavam à produção legal da ilegalidade em benefício das oligarquias. A ambiguidade entre legalidade e ilegalidade nessa cultura jurídica foi apropriada para fins privados, tendo em vista as dificuldades de aplicação da norma nos diferentes contextos políticos e sociais do Brasil no final da monarquia e início da república.

Resenha de Machado de Assis: crítica literária e textos diversos

Machado de Assis em Linha, 2014

Nas últimas duas décadas a comunidade acadêmica e os leitores de Machado de Assis vêm, pouco a pouco, sendo presenteados com cuidadosas edições das suas crônicas, correspondências, contos e textos de críticas literária e teatral. O esmero com