Luciano Carlos Cunha - Tese de doutorado - Vítimas da natureza: implicações éticas dos danos que os animais não humanos padecem em decorrência dos processos naturais (original) (raw)

A presente tese visa discutir qual deveria ser nossa atitude diante dos danos (por exemplo, sofrimento e morte) que os animais não humanos selvagens que se encontram na natureza (por exemplo, selvas e oceanos) padecem em decorrência de processos não antropogênicos (por exemplo, morte por inanição, sede, parasitismo, doenças, predação, acidentes, deformidades etc.). Deveríamos, nesse caso, não intervir e deixar a natureza seguir o seu curso? Deveríamos intervir apenas visando alcançar metas ecologistas (por exemplo, a preservação de espécies ou o equilíbrio ecológico) e fomentar interesses humanos (por exemplo, vacinar tais animais com vistas a prevenir o contágio de humanos)? Ou, deveríamos prevenir/minimizar tais danos por preocupação com o próprio bem dos animais afetados? A hipótese defendida será a de que existem fortes razões para prevenirmos/minimizarmos tais danos por preocupação com o próprio bem dos animais toda fez que fazê-lo tiver melhores consequências do que não fazê-lo, e também para aumentarmos nossa gama de intervenções seguras e eficientes ao longo do tempo. Será defendido também que tal atitude não é meramente louvável, mas, requerida moralmente, e que, dada a gigantesca magnitude de dano envolvida, tal problema deveria receber grande atenção. Palavras-chave: Sofrimento dos animais selvagens. Danos naturais. Intervenção na natureza. Especismo. Consideração moral dos animais não humanos. Senciência. Argumento da relevância.