Uma história de santos, ovos e maçãs... e de um carneiro que ostenta um enfeite de cobre (A Palavra de Saussure).PDF (original) (raw)

“À descoberta de um 'alimento sadio e saboroso' ou a presença da batata na obra do Visconde de Vilarinho de São Romão". DIAITA: Food & Heritage, nº 1, 2024, pp. 1-23.

DIAITA: Food & Heritage, 2024

António Lobo Barbosa Teixeira Ferreira Girão, 1º Visconde de Vilarinho de São Romão, foi um político e académico com destaque no panorama cultural português e a sua atividade literária e científica esteve em consonância com a conduta de um típico 'gentleman farmer' oitocentista: acompanhou e adiantou novidades científicas no campo da agricultura e participou no debate cultural, ideológico e político do seu tempo. Entre a sua bibliografia, um produto teve singular relevo: a batata. Apesar da sua lenta difusão, situada a partir de meados do século XVIII, este tubérculo começou a ganhar proeminência nas décadas seguintes. Na confluência entre os escritos sobre a batata deste nobre transmontano e o contexto sociocultural em que se inseriu, este artigo centrar-se-á na análise dos mencionados livros, em articulação com a produção coeva na Europa e, nesse sentido, conclui-se que este legado foi sintoma das novas formas de se encarar as artes agrícola e culinária em Portugal.

Comida, religião e outras histórias em “Dona Flor e seus dois maridos”, de Jorge Amado

Mosaico

Esse artigo aborda a trajetória gastronômica de Dona Flor, cozinheira literária construída pelo romancista baiano Jorge Amado (1912-2001). O trabalho se utiliza do conceito de “Fato Social Total” elaborado pelo sociólogo francês Marcel Mauss como fio condutor para articular outros campos do saber com as referências gastronômicas presentes no romance Dona Flor e seus dois maridos. O objetivo foi perscrutar novas leituras para a relação estabelecida entre a mulher e a comida no romance, propondo novos caminhos para além da “ferramenta de sedução” discorrida por pesquisas anteriores com foco nas manifestações religiosas.