Entrevista com Ricardo Lísias (original) (raw)
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Um contraponto ao establishment: entrevista com Ricardo Lísias
A Voz da Literatura, 2019
Na entrevista a seguir, concedida em dezembro de 2017 e revista pelo escritor em janeiro de 2019, Ricardo Lísias avalia criticamente tanto a impossibilidade de uma ética artística, assinalando neste termo um oximoro, como questiona a maneira pela qual artistas contemporâneos têm se valido da imagem de bons moços e esvaziado, por consequência, as possibilidades de uma presença e de uma arte contestatórias o bastante para efetivamente provocarem desconforto ao establishment.
A vista particular, de Ricardo Lísias
ARS, 2017
Nesta resenha de A vista particular (2016), de Ricardo Lísias, concentro-me na manipulação que caracteriza toda arte, para entender como o romance lida com essa questão, politizando-a.
Entrevista com José Gonzalo Armijos Palacios
Dever-se-ia ensinar a filosofar, porque não se ensina nem se pode ensinar filosofia [...]". Afirmações como esta demonstram as idiossincráticas convicções de Gonzalo armijos Palácios e, consequentemente, resumem o teor da entrevista concedida pelo professor, que é titular da Universidade Federal de Goiás, UFG, desde 1992, e diretor do câmpus da Cidade de Goiás, onde instituiu o curso de filosofia no ano de 2008. O professor lamenta que a academia brasileira, além de não conseguir ensinar filosofia, desestimula o próprio "filosofar" que, para ele, é uma atividade de procurar respostas por si mesmo. Daí entende-se sua ênfase em dizer o quanto a maiêutica socrática o marcou em sua prática de docência, segundo ele, na tentativa de ajudar os alunos a desenvolverem caminhos argumentativos próprios diante de diferentes questões filosóficas. Gonzalo Armijos é equatoriano e possui graduação e doutorado em filosofia pela Pontifícia Universidad Católica del Ecuador, PUCE, além de doutorado pela Indiana University, IU, Estados Unidos. Em suas respostas aos alunos Anelito Graciano Rodrigues Mota, Danielle Maruk Nascente e Wagner Vieira Rodrigues Filho, da licenciatura da UFG, Gonzalo Armijos tenta ressaltar a importância do "filosofar", não como algo para "nefelibatas e gente esquisita", mas como algo necessário a qualquer um que se perturbe com as questões que a realidade implica. Assunto presente nos seus últimos escritos, em artigos acadêmicos ou em jornais, bem como em um dos seus livros publicados: De como fazer filosofia sem ser grego, estar morto ou ser gênio, pela editora UFG, de 1997, assim como no livro que está no prelo e que publicará em breve, Ensaios sobre filosofia e filosofar.
Memórias da Imigração: Sírios e Libaneses no Rio de Janeiro, 2005
Victória Chafi Chaia mora em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, desde que nasceu. Seu pai, Chafi Chaia, emigrou do Líbano com a irmã Nazira no início do século XX, foi até Rio Doce, em Minas Gerais, onde ele foi mascate e ela doméstica. Juntou dinheiro e comprou uma pequena loja no centro do bairro carioca de Campo Grande. Hoje, aos 78 anos, Victória que é viúva se dedica às tarefas de Irmã de Maria na comunidade católica da Paróquia de Campo Grande. Victória costuma promover festas no Dia Nacional do Líbano, e se orgulha do nome do local onde mora: Travessa Chafi Chaia, seu pai.
Entrevista com José Ricardo Ayres
Saúde e Sociedade
Resumo Nesta entrevista à revista Saúde e Sociedade, José Ricardo Ayres conta como se aproximou do conceito de vulnerabilidade, das vantagens e perigos presentes em seu emprego, situando-o na saúde coletiva e na conjuntura científica, sanitária e política brasileira. Pensando nos estudos sobre a epidemia de aids, ele destaca diferenças nas ênfases dadas ao conceito no Brasil e nos Estados Unidos da América (EUA). Enquanto nos EUA a ênfase recaiu sobre o eixo da ética e do direito, fomentando ações jurídicas reivindicatórias perante o Estado, no Brasil enfatizou-se uma perspectiva crítica sobre o caráter tecnocrático das políticas públicas e sobre o autoritarismo dos saberes operados pela saúde pública, buscando relações mais dialógicas com os movimentos sociais em um contexto de lutas pela (re)construção de um Estado de direito democrático, em pleno processo de reabertura política no Brasil. A articulação entre vulnerabilidade e aportes específicos da teoria do reconhecimento, segun...
Entrevista com Carlos Fiolhais
2006
Estamos no ano de 2005 a celebrar o centenário dos artigos mais importantes de Einstein. Que diziam esses artigos? Como evoluiram os resultados de Einstein? CF: Só o facto de estarmos a comemorar a obra de Einstein a nível mundial-as Nações Unidas proclamaram 2005 o Ano Mundial da Física-diz-nos que, de facto, 1905 foi um "ano milagroso". Foi para ele um ano de uma produção científica excelente, um ano vintage... Os resultados permanecem actuais. Podiam ter sido ultrapassados, mas não foram. Passados cem anos continuam válidos. Não há uma única experiência, e em física é a experiência que manda, que tenha invalidado o que Einstein afirmou há cem anos. Em primeiro lugar, explicou a natureza da luz. Foi um artigo revolucionário e importantíssimo para a teoria quântica. Propôs que a luz é formada por partículas, o que permitiu explicar o efeito fotoeléctrico. A luz ao embater num metal arranca electrões e esse fenómeno só pode ser compreendido se a luz existir sobre a forma de "pacotes" ou "quanta". Já se sabia que a luz era emitida e absorvida sob a forma de "quanta", mas Einstein disse mais: que existia nessa forma. Parece um pequeno passo para o homem mas foi um grande passo para a física. O prémio Nobel foi-lhe dado precisamente pela teoria do efeito fotoeléctrico. Em segundo lugar, Einstein revelou alguns segredos da
O trauma da morte do autor em Ricardo Lísias
Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea
Nos séculos XX e XXI, desfez-se a ideia de que a “boa consciência” de um narrador em terceira pessoa serviria como amenização das tensões nas incoerências narrativas. A ficção moderna voltou-se à indagação do próprio sentido de narrar, dado que a incoerência da própria realidade levaria à rejeição das convenções realistas, que enfatizam o caráter referencial da linguagem, sendo que a enunciação passa a tomar o centro da cena, diluindo as fronteiras entre narrativa e discurso. Essas colocações abrem diálogo com Roland Barthes (2004), para quem “é a linguagem que fala, não é o autor; escrever é [...] atingir aquele ponto em que só a linguagem atua, ‘performa’, e não ‘eu” (Barthes: 2004). O ato de narração, em Ricardo Lísias, parece encarar tal desafio levantando questões como as diferentes possibilidades da voz narrativa, bem como a intangibilidade do real. De uma forma ou de outra, as construções narrativas em Lísias parecem se empenhar ao redor das questões: como narrar o inenarráve...
Presença do autor: autoficções de Ricardo Lísias e de Lúcia Murat
Itinerarios Revista De Literatura, 2013
RESUMO: O presente artigo é parte de uma investigação sobre as formas como autoficções literárias e fílmicas promovem processos de subjetividade e jogos conceituais estimulados pela duplicação do autor e de fatos de sua vida em sua obra artística, os quais resultam, no caso específico do escritor Ricardo Lísias e da cineasta Lúcia Murat, em novas formas de trabalho com a imagem, a palavra, e com outras mídias. Esse tipo de relação entre autor e obra, tão comum nos dias de hoje, alimenta uma política da memória, o que por sua vez também impulsiona novas formas de trabalho com espaço e tempo, dentro e fora da obra, seja no cinema, seja na literatura. Esta investigação insere-se no âmbito das pesquisas em intermedialidade, que consideram o cinema e a literatura como mídias dominantes na sociedade e, assim, abrem espaço para o exame das formas como ambas representam (ou deixam de representar) a realidade e se relacionam entre si.