Reminiscências dos Quilombos: territórios da memória em uma comunidade negra rural (original) (raw)
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Quilombo, território e memória
Este artigo analisa a autoidentificação do quilombo por comunidades rurais no vale do Ribeira, na luta pelo acesso à terra, ancorada no artigo 68 da Constituição Brasileira, que garante o direito às terras de quilombos, no Brasil. A análise se estende ao fato de que comunidades de rappers, bem como outros moradores da periferia de Capão Redondo, em São Paulo, também vêm chamando para si a auto-identidade de quilombolas e para esses espaços da cidade, de quilombos. Procura-se entender que essa representação expressa, tanto a exclusão da terra no campo, como a segregação social, espacial e racial na cidade.
RURIS (Campinas, Online)
Em tempos de desqualificação da reivindicação de direitos por comunidades quilombolas no Brasil e na América Latina, uma obra que ressalta a dimensão criativa da memória é meritória. Em diversos pontos da diáspora africana, comunidades negras lutam pela garantia de territórios ancestrais. Nesses enfrentamentos, as estratégias contrárias vão desde ameaças e ações de violência explícita direcionadas aos quilombolas a construções retóricas que desvalorizam a dimensão oral, plataforma primordial de registro da trajetória de tais comunidades, ao questionar os procedimentos jurídicolegais para a identificação, o reconhecimento e a regularização dos territórios de remanescentes das comunidades de quilombos.
Lembranças e esquecimentos nas políticas de memória para comunidades de terreiros de matriz africana
Anais do XVIII Enecult, 2022
Nossa apresentação se propõe a um mapeamento crítico das políticas de memória, em especial no âmbito do patrimônio cultural, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Atentando para um silêncio inicial nas políticas de memória para as comunidades de terreiros de matriz africana, percebemos ao longo das últimas décadas um avanço no sentido de reconhecimento dos espaços sagrados dessas comunidades, não obstante os limites no que toca a sua variedade de experiências e atual recuo dessas políticas nos últimos anos. Nos colocamos nesse momento a verificar continuidades, limites e potencialidades dessas políticas, inseridos em uma agenda de pesquisa em andamento onde buscamos compreender a participação das comunidades de terreiro na construção de uma memória coletiva mais plural e inclusiva.
O presente trabalho investiga o papel desempenhado pela memória em uma dinâmica identitária em curso na comunidade negra rural de Cambará, localizada na região central do estado do Rio Grande do Sul. Desde o início desta década, a referida comunidade vem reivindicando a identidade de remanescente de quilombo e o cumprimento das garantias constitucionais previstas, em legislação, a tais grupos, especialmente a titulação de suas terras. Para além da questão da mobilização da memória em contextos de reivindicações identitárias, busca-se perceber as dimensões de justiça presentes nas narrativas sobre o passado. Situam-se essas narrativas por meio da descrição dos diferentes contextos onde se deu a expressão de experiências, sem, contudo, reduzi-las a meras adequações ao contexto político contemporâneo.
Quilombolas no Sapê do Norte-ES: a territorialidade revivida pela memória
Anais do Seminário de Pós Graduação em Ciências Sociais - UFES, 2011
O presente trabalho busca enfocar a importância da memória histórica e territorial das comunidades negras rurais no Norte do Espírito Santo, que vêm adquirindo nova valorização na conformação da identidade étnica quilombola e os direitos dela decorrentes. Adquirindo novo sentido, a memória das gerações mais antigas torna-se fundamental para a afirmação da territorialidade destas comunidades, alimentando o processo de reconquista de seus territórios, expropriados a partir dos anos de 1960 pelos monocultivos de eucalipto destinados à produção e exportação de celulose. Este processo vem evidenciando a importância central da memória das comunidades negras locais no reconhecimento de seu território de direito, conquistado pelo movimento negro a partir do Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (1988). Palavras-chave: territorialidade, quilombos, memória, identidade Introdução Os agrupamentos negros e camponeses que constituem este estudo distribuem-se ao longo dos vales dos rios Cricaré e Itaúnas, majoritariamente nos municípios de Conceição da Barra e São Mateus, no Norte do Espírito Santo. Territorialmente, estão organizados em sítios familiares que mantêm entre si laços de parentesco e compadrio, efetivando redes de trocas, religiosidade, festa, solidariedade e outras práticas que remontam a uma história comum. A memória dos mais antigos alcança os "tempos do cativeiro", quando seus ancestrais chegavam de algum lugar da África ao Porto de São Mateus, para trabalhar como escravos nas fazendas produtoras de farinha de mandioca. Esta memória também transita pela grande região denominada "Sapê do Norte", que cobria grandes extensões de terras planas cobertas por matas, capoeiras e sapezais, entrecortadas por caudalosos rios e lagoas. O Sapê do Norte configurava este espaço apropriado pelos antigos escravos, que passaram a se constituir enquanto campesinato após o fim da escravidão e a desagregação econômica das fazendas
Quilombo Tapuio (PI): Terra de memória e identidade
2006
População geral Tapuio Casamentos entre as sub-regiões de parentesco antropológicos-peritos nos processos de reconhecimento e demarcação desses territórios (Leite & Oliven, 2002: 10). Acompanhando os debates, vários trabalhos foram realizados sobre as comunidades quilombolas. Como exemplo os estudos de Eliane Cantarino O'Dwyer
2015
The Maroon question today comes with new looks, especially in rural black communities in which the term "remnant" is sustained by new significations. The relevance of this study, therefore, in providing reflections the new identities that were built through the Quilomboressemantizações term, arising from a discussion that bringsin relation to this concept, not as waste from old runaway slave with historical remnants, from as the Quilombo its updated form, contemporary styled runaway slave. Therefore the Lord of Bonfim Black Community located in Areia-PB falls within that framework, there is residue of historical runaway slave, but residents who worked in the heyday of Ingenuity, provided residents settling in the region, through generations. Thus this work aimed to analyze about building an identity, a maroon identity, based on relations with memory and policies implemented in communities, after recognition. Having a general analyze how identities are constructed amid certain contexts, showing in this way that identity is mobile. The problem with this issue, arose from concerns about how this community built a new identity, before realizing these social subjects did not perceive themselves while remaining Maroons. As a theoretical contribution we Fredrich Barth (1998), VerenaAlberti (2005), Tomas Thaddeus (2012), Roger Chartier (1988) and Maurice Halbacwhs (1990), so we can discuss the maroon identity, walking through the collective memory bias grounded by the speeches delivered by community residents. For this, we made use of oral history, with structured questionnaires and semi-structured with the community, trying to realize the construction of a new identity that emerged from the struggle for territory. In our search for answers to the problems that we propose will use some historiographical sources, such as oral reports and bibliographic texts. Thus we can state that from the struggle for territory, they took the maroon identity galgam and when desired, ie, the recognition comes the public policies that consequently contribute to an assertion of this identity, that were conquered the benefits as the maroon community.