ROMA, A CAPITAL DO IMPÉRIO: UM ESTUDO DO CORPO E DO ESPAÇO NA CIDADE ANTIGA (original) (raw)

O corpo contra o Capital: Uma breve estória da Itália de hoje

2019

No inverno de 1992, Gilles Deleuze publicou, no volume 59 da revista October, um breve texto intitulado postscript to societies of control. Nesse curto texto, Deleuze nos apresenta um certo tipo de desenvolvimento nos mecanismos de controle que são colocados em jogo na sociedade contemporanea -para além da sociedade disciplinar proposta anteriormente por Michel Foucault. No momento anterior a propor a analise desse sistema, Deleuze faz uma interessante afirmacao: "Nao há necessidade de temer ou ter esperanca, mas apenas de procurar por novas armas" 1 Existe algo na obra recente do artista italiano Maurizio Cattelan que talvez nos sugira um movimento em direção a essas novas armas. Em 2010, Cattelan propôs uma escultura para a Piazza Affari em Milão. O nome da escultura é L. O. V. E. (Il Dito), um acrônimo que significa Libertà, Odio, Vendeta, Eternità -Liberdade, Ódio, Vingança e Eternidade. A escultura está posta no centro do distrito financeiro de Milão, que é como a Piazza Affari é conhecida, e nada mais é do que um gigantesco dedo do meio em riste. Ora, a mensagem é bastante explícita, mas ainda assim merece um comentário. Feita em 2010 e colocada no coração do capitalismo financeiro italiano, L. O. V. E. coloca em cena um jogo de forças -não atoa, já no título, Cattelan fragmenta o amor ao ponto de este chegar mesmo a ser discriminado em seus opostos tradicionais, "ódio" e "vingança", ao mesmo tempo em que é tensionado entre a "liberdade" e a "eternidade". Uma mão gigante, nada sutil, manda todo o capitalismo financeiro se foder. Essa afirmação é poderosa por causa de onde está inserida. O texto de Deleuze e sua proposta da sociedae de controle como um depois da sociedade disciplinar foucaultiana, a bem da verdade, fala justamente da lógica contemporanea do capitalismo financeiro. A sociedade de controle nada mais é do que a sociedade que se baseia na lógica necropolítica neoliberal que toma como único significante a cifra financeira -no limite: elide o corpo. 1 DELEUZE, Gilles. 1992, pg. 03

O IMPÉRIO ROMANO COMO ESPAÇO DE INTEGRAÇÃO

Resumo A historiografia exige que, além de situarmos nosso objeto de estudo em seu contexto, tenhamos consciência de que nossa escrita da história está estreitamente ligada ao nosso próprio tempo. Reflexões feitas a partir dessa ideia vêm marcando os estudos mais recentes sobre o Império Romano. Esses estudos consideram que a análise do passado não ocorre desvinculada das preocupações do presente, o que exige que o historiador esteja consciente dessa condição sob a qual está submetido para evitar o uso de ideias e conceitos sem o devido exame crítico. Assim, ressaltamos que o debate sobre a globalização atual está interagindo e transformando nosso entendimento sobre a sociedade romana, oferecendo novas formas de entendê-la a partir da crescente consciência do caráter global de nosso mundo. Diante disso, o objetivo dessa comunicação é destacar a forma como tópicos ligados aos estudos da identidade, relações de poder, resistências e trocais culturais e políticas vêm favorecendo o estudo do Império Romano como espaço de integração. Nesse sentido destacamos que a integração do mundo romano tinha uma relação de interdependência com o processo de estabelecimento do sistema imperial, baseado na estabilidade política e territorial, e na melhora do aparato administrativo e tributário, sob o qual estavam submetidos os súditos nas províncias do Império.

Roma e as capitais: o mito e o plano

Oculum Ensaios, 2013

Em geral se crê ser Renascimento noção velha de meio milênio. Não é; mal conta século e meio. Burckhardt cunha o termo por volta de 1860 e dá por pátria ao movimento artístico que lhe corresponde a Península Itálica. Atualmente, estudos mais escrupulosos já não abonam a idéia, interessante, porém interessada, de Idade Média, hiato obscuro sito entre a semente lançada em terras helênicas e que medra até o ocaso do Império Romano e os aurorais ares que se seguem à nova semeadura de Giotto e Petrarca. Segundo o recorrente modelo dual, visando ressaltar o lume de algo, se abisma seu oposto em trevas: e os admiradores da cultura latina, na Toscana dos séculos XIV e XV, luzindo sua filiação às glórias dos antigos, comprazem-se em obnubilar o milenar interstício havido entre aqueles tempos luminares e os correntes. Ora, mesmo nos momentos mais adversos do medievo a venerável Antigüidade nunca esvaecera por completo, aqui e ali seus frutos ainda vivificam: Bizâncio (Constantinopla), até que os turcos a empolgam, é, todavia, Roma; os eruditos do Islã bem conhecem, discutem e difundem Aristóteles e seus coetâneos; nos monastérios, dioceses e, mais tarde, também nas universidades, preserva-se e se cultiva o legado antigo. Não tarda, e também a Igreja Católica constata o proveito que advém de ser e se dizer ela mesma romana. Malgrado a influência clerical se faça sentir por toda parte, é, em princípio, laica a disposição de professar os valores que os escritos latinos propagam: Cícero, Quintiliano, Plínio e outros autores são avidamente copiados, lidos e emulados. Enquanto isso, a alta Bendição de Sixto V na Praça de São Pedro -1585.

A cidade como discurso ideológico - monumentalidade nas moedas do Império Romano

Anais do I Simpósio do Laboratório de Arqueologia Romana Provincial “Representações da romanização no mundo provincial romano”, 2014

Resumo: É nosso objetivo neste trabalho introduzir e discutir a cidade como discurso ideológico evidenciando a monumentalidade presente nas moedas do Império Romano. A iconografia monetária será o veículo pelo qual pretendemos, neste espaço que nos é dedicado, identificar o monumento como suporte da memória, a cidade como suporte de um discurso construído. Também dedicaremos nossa atenção à forma como as moedas foram empregadas para fortalecer o culto imperial no contexto da ideologia imperial romana. Palavras-chave: Monumentalidade – Império Romano – Iconografia monetária.

CORPOS PRECÁRIOS: apontamentos para a relação entre corpo e cidade

REVISTA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - POLÍTICA & TRABALHO, 2018

O presente artigo parte da inter-relação analítica entre corpo e mundo social para se debruçar sobre a articulação entre o corpo e a cidade, duas dimensões materiais, geográficas, sociais e políticas que se perpassam e se influenciam como territórios físicos e culturais de produção e enunciação de processos sociais e políticos. Enfocando, sobretudo, as vidas e os corpos das pessoas que vivem ou trabalham em situação precária nas ruas, pontuamos que a produção e a reprodução da vida diária têm o espaço físico e as redefinições contínuas sofridas por ele como sua base e condição cotidiana de existência. Nesse sentido, o corpo aparece não apenas como presença imagética e material ou como metáfora de projetos urbanos, mas como uma experiência concreta, múltipla e influente na própria constituição da cidade. Nessa relação específica de escala entre corpo e cidade, portanto, a condição de precariedade aparece como fundamental, pondo a nu e de forma conflitiva como as condições socioeconôm...

A CIDADE ROMANA DE BEJA Percursos e debates acerca da "civitas" de PAX IVLIA

A CIDADE ROMANA DE BEJA Percursos e debates acerca da "civitas" de PAX IVLIA, 2003

O território da colónia romana de Pax Iulia, fundada por César encontra nesta obra um estudo de análise aprofundada. The territory of the Roman colony of Pax Iulia, founded by César, finds in this work a strong and detailed analysis.

Armadura do corpo: estrutura da urbe

Eliane Prolik: da matéria do mundo. Curitiba: Museu Oscar Niemeyer, 2014

Texto publicado: PROLIK, Eliane et al. Eliane Prolik: da matéria do mundo. Curitiba: Museu Oscar Niemeyer, 2014. P. 57-59 (CDD - 730.981)

CULTURA E PODER EM ROMA: O MODELO DA ANTIGUIDADE TARDIA

This paper aims at studying a specific moment of Roman History: the period immediately prior to Valentinian I rule of the Empire. Scholars are usually mostly interested in social and economic aspects, relegating to a secondary role the raw material and even the ideological concerns, so important.

O CORPO NO ESPAÇO URBANO: ENTRE O VIGIAR, O PUNIR E O SIGNIFICAR

Maria Cleci Venturini, 2016

Resumo: O corpo, como objeto discursivo, é uma materialidade significante, pela qual retornam e ressoam memórias e discursos, instaurando processos de identificação. Neste sentido, pensa-se nas formas como o corpo vem sendo representado e lido, no espaço urbano, como uma textualidade. Faz-se isso por meio de dois olhares teóricos: o de Foucault e o de Pêcheux, ressaltando que o discurso constitui o ponto de encontro entre os dois. De um lado, atenta-se para o corpo vigiado e punido e para uma sociedade coercitiva, que se autoriza a fazer justiça e, de outro, para a ideologia que naturaliza o vigiar, o punir e as memórias que significam as práticas discursivas em torno do "fazer" justiça, do julgar e do condenar. Para isso, recorta-se a capa da revista Veja (fevereiro de 2014), tendo em vista o corpo vigiado e punido e o corpo que significa pela memória e pela ideologia em uma sociedade que se representa como justiceira, mas nem sempre justa.