Conferência: Oliveira Lima: o antiamericano que não foi Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin USP 12 de Junho de 2018 (original) (raw)
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Revista BBM (Revista da Biblioteca Guita e José Mindlin), 2018
O texto aqui apresentado é um desdobramento de pesquisa realizada no Fundo Rubens Borba de Moraesda Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, com apoio do Programa Institucional de Pesquisa nos Acervos da USP. Tendo como fio condutor a relação entre Rubens Borba de Moraes, José Mindlin e o livreiro português António Tavares de Carvalho, este texto procura gerar subsídios para compreender a formação da coleção que originou a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, inserindo sua trajetória em um horizonte em mutação das coleções “brasilianas” na segunda metade do século XX. Esse quadro complexo inclui o desenvolvimento dos “estudos brasileiros” no exterior nas décadas de 1940 e 1950, que levou a uma corrida para a constituição de acervos sobre o país, mas também, num quadro doméstico, a consolidação de instituições de produção de conhecimento, como a USP e a UNB, bem como a conversão de coleções privadas em acervos públicos.
Resumo: A partir das circunstâncias de repressão policial narrados no romance Desde que o samba é samba, de Paulo Lins, identificaremos como essa prática estava associada a um pensamento pautado na ideia de hierarquia social e cultural, vigente à época no Brasil. Como oposição à tentativa de disciplina imposta pela elite, destacaremos, a partir de dados da obra ficcional, o papel das casas de Candomblé como espaços de resistência de vital importância para o nascimento do Samba (e da Umbanda), construindo elos de convivência e solidariedade entre os negros. Palavras-chave: Racismo; violência policial, samba, candomblé, Desde que o samba é samba.
Contratraduções latino-americanas e leituras coletivas na Ilha-Brasil
Beoiberística : Revista de Estudios Ibéricos, Latinoamericanos y Comparativos, 2021
In this text, contributing with a possible inspiration for the didactics of Hispanic studies in the world, I present a form of work that we are accomplishing in the countryside of Brazil, in a city called Tangara da Serra, located in the State of Mato Grosso – a border state with Bolivia. As we have previously studied (Krauss 2016) the literary-editorial work carried out by the Cartonera Publishers – collectives that manufacture books with cardboard covers and that have gained more and more literary expression in Latin America – we understand that their catalog is a privileged gateway for a linguistic and literary work that strives to be counter-hegemonic (Palmeiro 2010, Navarro 2020). For this reason, I contacted a Bolivian Cartonera Publisher and proposed to coordinate a group of students willing to translate some of their titles for later publication in Brazil. When I realized that the students were engaged in the translation process, but did not relate much to each other, I made...
A Esquerda Antipunitiva - Sabrina Fernandes e Samuel Silva Borges - 2017 - Justificando
Por mais que a esquerda tenha aprendido tão bem a denunciar o punitivismo quando se trata da violência estatal contra os grupos oprimidos, especialmente quanto ao encarceramento de pessoas negras e pobres em sua maioria, o ambiente de debate se altera drasticamente quando a violência racista, misógina e LGBTfóbica vem não diretamente do estado, mas de pessoas que por sua vez deveriam ser punidas como indivíduos. O contexto se torna mais complexo, bastante complexo, especialmente porque a tendência binarista sob a ótica punitiva não lida bem com o pano de fundo interseccional que revela que mesmo nesses casos de violência opressora, quem será punido novamente em maioria seria o mesmo grupo do parágrafo anterior – pois, pasmem, os grupos oprimidos se violentam entre si também! A inspiração marxista de alguns abolicionistas penais aponta então que se algo é complexo é porque está inserido em mil contradições, especialmente sob a lente da interseccionalidade e da possibilidade de oprimir e ser oprimido ao mesmo tempo. O importante então seria demonstrar que essas contradições tendem a se multiplicarem pela sociedade se colocadas sob o punho do sistema penal, pois essa mesma lógica binarista impede que este sistema avance para concepções de justiça também mais amplas e complexas e, portanto, mais capazes de lidar com violências contra pessoas e de cunho opressor de forma solidária.
Oliveira Lima e o Imperialismo Meiji
2021
Vários intelectuais ocidentais escreveram sobre o Japão após a abertura dos postos em 1854; Oliveira Lima, o historiador pernambucano, escreveu em língua portuguesa No Japão, impressões da terra e da gente em 1903, livro que nos permite vislumbrar detalhes da perspectiva de Lima sobre o país asiático, especialmente sobre a modernização e expansão imperialista do Japão Meiji. O objetivo do presente trabalho é perscrutar na escrita de Lima sobre o Japão seu posicionamento acerca do imperialismo japonês. Para isso, analisamos No Japão relacionando as informações trazidas por Lima há mais de um século com a historiografia recente e historicizando suas ideias e posições. Concluímos que a escrita de Lima é permeada de teses de caráter nacionalista japonês e que, em associação com os pressupostos analíticos do seu tempo e com suas próprias convicções, impactaram diretamente sua descrição do fenômeno do imperialismo japonês, caracterizando-o como uma espécie de “missão civilizadora” na Ásia.