Novos Projetos Velhas Praticas os impasses entre agricultura camponesa e agronegocio do dende em terra (original) (raw)

Novos Projetos, Velhas Práticas: os impasses entre agricultura camponesa e agronegócio do dendê em terras amazônicas Resumo Desvendar os impasses entre o agronegócio do dendê e o campesinato no nordeste paraense é o que procuramos neste artigo. Entre os anos de 2011 e 2013, percorremos seis comunidades rurais nos Munícipios de Bujaru e Concórdia do Pará. Para a coleta de dados analisamos relatórios e documentos institucionais (INCRA, EMBRAPA). Porém, a etapa primordial da pesquisa foi a realização dos trabalhos de campo, quando pudemos nos aproximar e vivenciar o cotidiano desse campesinato em disputa com o agronegócio. As observações em campo, a realização das entrevistas e as conversas informais constituíram-se nos elementos basilares do exercício reflexivo desenvolvido neste artigo. Nossa imersão no cotidiano das comunidades nos sinaliza que a expansão do cultivo do dendê no Nordeste Paraense e a mobilização que esta atividade promoveu na região exigem um olhar atento, vigilante e audacioso, que atravesse a rodovia e alcance os rincões da vida camponesa. Se não, correremos o risco de enxergar apenas o aparente-visível, ou seja, os trabalhadores do campo do dendê. A negação dos camponeses em introduzirem o dendê em seus lotes, bem como a dupla jornada de trabalho, nos campos do dendê e nas roças nos indicam que se o capital tem pressionado os camponeses para garantir a sujeição da renda da terra ao capital, os camponeses, por sua vez têm reagido e lutado para permanecerem vivendo da terra e construindo sua autonomia. Abstract New Projects, Old Ways: the conflicts between peasant agriculture and dendê palm agribusiness in Amazonian lands We seek in this article to unveil the obstacles concerning dendê palm agribusiness and the peasantry from northeast Pará State. Between the years 2011 and 2013, we visited six rural communities in the towns of Bujaru and Concórdia do Pará. The data were collected in reports and other official papers (INCRA, EMBRAPA). Nonetheless, the major step in this research were the fieldworks, when we were able to approach and apprehend the peasants' daily life and their clash with agribusiness. The field observations, the interviews recorded and the unplanned conversations became the key elements for the analytical approach developed in this article. Our presence in the daily lives of the communities made it possible to realize the way in which an attentive, watchful and bold gaze is required to comprehend the dendê sowing expansion in northeast Pará and the engagement derived by it. The research must go across the road and reach the farthest corners of the peasant life. Otherwise, we risk ourselves just attaining the visible and apparent, namely, the dendê field workers. The peasants' opposition to the planting of dendê in their plots, as well as the double working periods in dendê fields and their lands, suggest that whereas the capital exerted pressure on the peasants promoting land revenues subjugation, the peasants have countered it and fought for their remaining on land and their autonomy construction.