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Artigo sobre Racismo no livro didatico

Resumo: Na escola, assim como em toda sociedade brasileira, há uma pluralidade étnica muito grande, sendo esta conseqüência da inserção de negros africanos, portugueses e índios. No entanto, essas etnias são vítimas de imenso preconceito e práticas racistas em todo território brasileiro. Nesse sentido, o presente artigo pretende abordar o racismo que se encontra atualmente nos livros didáticos, a ideologia evidenciada neste recurso, mostrando em especial como os negros são representados nestes livros e como esse problema pode ser combatido. Para isso, foram realizadas pesquisas em textos de diversos teóricos que abordam a temática em questão. Espera-se a partir deste trabalho, que os professores façam uma profunda reflexão sobre o racismo expresso nos livros didáticos, buscando sempre mostrar o valor da raça negra na sala de aula e atenuando as visões distorcidas e equivocadas sobre o negro no Brasil.

Artigo Racismo no Brasil

O desafio de eliminar o racismo no Brasil: a nova institucionalidade no combate à desigualdade racial Alexandre Ciconello O racismo é a chave para se entender e superar a reprodução da pobreza e das desigualdades sociais no Brasil Mário Theodoro 1 Contexto Reconhecendo o racismo existente na sociedade brasileira Quando perguntada como o racismo opera na manutenção das desigualdades raciais no Brasil, Edna Roland2, conhecida militante do movimento negro e relatora da III Conferência das Nações Unidas contra o Racismo, Xenofobia e Intolerância Correlata, realizada, em Durban, na África do Sul, em setembro de 2001, comparou o racismo no Brasil à Hidra de Lerna, ser mitológico de várias cabeças. Quando se arranca uma das cabeças, logo nasce outra e mais outra, em vários lugares e posições. O racismo, para ela, está entranhado nas relações sociais no Brasil. Uma outra característica é que a expressão do racismo se modifica com o tempo, manifestando-se em diferentes e novas formas, gerando e mantendo intacta a perversa estrutura de desigualdade entre a população negra3 e branca no país. O racismo é identificado e reconhecido pela população brasileira. Uma pesquisa de opinião realizada pela Fundação Perseu Abramo em 2003 (Santos & Silva, 2005), demonstra que 87% dos brasileiros/as admitem que há racismo no Brasil, contudo apenas 4% se reconhecem como racista. Podemos extrair duas conseqüências desses dados: a primeira é que o racismo existe não pela consciência de quem o exerce, mas sim pelos efeitos de quem sofre seus efeitos. A segunda conseqüência é que o racismo no Brasil, embora perceptível, se localiza sempre no outro, nunca nas práticas cotidianas de seus agentes, o que torna ainda mais difícil sua superação. Este estudo de caso foi escrito como contribuição ao livro From Poverty to Power: How Active Citizens and Effective States Can Change the World, Oxfam International 2008. Ele foi publicado para compartilhar amplamente os resultados de pesquisa encomendada e experiência de programa. As visões que ele expressa são as do autor e não refletem necessariamente as visões da Oxfam International ou de suas organizações afiliadas.

Racismo na educação

Revista Internacional de Pesquisa em Educação Matemática, 2021

Embora as leis 10.639/03 e 11.645/08, as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica apresentem esforços para combater o racismo na escola, a população negra ainda sofre com suas representações em livros didáticos, em especial, de Matemática. Este artigo apresenta uma análise crítica das representações dessa população em 10 livros didáticos de Matemática, oferecidos no Plano Nacional do Livro didático às escolas públicas de São Paulo a serem trabalhados no Ensino Fundamental II e Ensino Médio, de 2017 a 2019. Os livros apresentaram imagens negativas ao discorrer sopre a população negra, além de não destacar em textos ou imagens as suas contribuições à Matemática. Desse modo, vislumbra-se a importância da reflexão acerca do tema, no âmbito social e educacional, para ocasionarações as quais fortaleçam o combate ao racismo e o preconceito, especialmente, nas escolas.

MATOS, Patrícia Ferraz de, MWEWA, Christian Muleka, 2022, Racismo(s), Educação, e Formação Cultural. Dossiê temático, Poiésis, Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação 16 (29): 1-291.

Poiésis – Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação, 2022

Dossiê temático sobre racismo, contextualizando o fenómeno no tempo e no espaço. O volume reúne dezesseis artigos, assinados por trinta autore(a)s de diversas áreas científicas e afiliações institucionais, porque se acredita que tal pluralidade pode dar uma visão abrangente do fenómeno no sentido de trazer mais contributos para o seu estudo, enquadramento e enfrentamento. Quinze artigos são dedicados ao contexto brasileiro (em geral ou a lugares específicos como Curitiba, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Santa Maria [Rio Grande do Sul] e Sergipe) e um artigo debruça-se sobre o contexto argentino (La Plata, Buenos Aires). Alguns textos expõem reflexões teóricas, enquanto outros resultam de pesquisas que analisam o contexto escolar e formativo. O conteúdo deste dossiê será útil para cientistas sociais, educadores e formadores de crianças, jovens e adultos, tanto em meio académico como em meio associativo e/ou engajado com as causas aqui debatidas.

A Dimensão Psíquica do Racismo.pdf

Psicologias em Reflexão, 2017

Este estudo objetivou apresentar a dimensão psíquica da questão do racismo, partindo da hipótese de que a realidade histórico-social determina, para os negros, configurações psíquicas peculiares. O marco teórico deste estudo baseou-se na pesquisa de Nogueira (1998) que, a partir da teoria psicanalítica, procurou determinar o modo como as significações, que o racismo envolve, se inscrevem psiquicamente para o negro e o modo como elas vão produzir a dimensão simbólica do corpo negro e ideal imaginário da brancura.

Racismo, Educação e COVID-19

Momento - Diálogos em Educação

O presente artigo tem por objetivo se inscrever nas disputas políticas em torno de significações de escola/educação pública democrática contribuindo com reflexões acerca das possibilidades e desafios de se pensar e defender um ensino democrático no cenário pandêmico da Covid 19 e de crise política, que tem acentuado de forma exponencial as desigualdades sociais, econômicas e raciais existentes na sociedade brasileira. Devido ao panorama sanitário atual, diversas experiências de ensino remoto têm sido experimentadas pelas escolas, desdobrando-se em novas questões e readaptações para todo o sistema escolar. Neste artigo, analisaremos o ambiente de implementação do ensino remoto na educação básica, bem como delinear alguns dos novos desafios colocados a uma perspectiva de educação como prática libertária. Na primeira parte do texto, nos debruçamos sobre o conceito de democracia em diálogo com autores que o significam para além do campo do liberalismo político. Na segunda parte, apresen...

Racismos ebook (4)

O livro As Estruturas Dissimuladas do Racismo é resultado de um evento realizado no programa anual de extensão da Universidade de Brasília, conhecido como Semana Universitária, em 2020. Normalmente, os eventos de extensão são presenciais, limitando seu público aos que podem estar em Brasília em determinado período do ano. A imprevisível pandemia causada pelo Covid-19 impediu o encontro presencial em 2020, mas criou condições para os encontros virtuais, que romperam com essas limitações. Nesse ano, diante dessas novas condições, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) da Universidade de Brasília pôde realizar, com convidados de diversas regiões do Brasil, América do Sul e África, parcerias as mais diversas e em outras circunstâncias distantes, entre outras atividades uma reunião de seminários virtuais de 21 a 25 de Setembro, que receberam o nome Estados Gerais da Cultura Negra. Aos interessados em assimilar o conhecimento tanto pela leitura quanto pelos vídeos, os debates ainda estão disponíveis no canal de YouTube do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da Universidade de Brasília. O nome, como muitos devem perceber, faz referência ao États Généraux-Estados Gerais, reunião dos três estados da sociedade francesa (clero, nobreza, e burgueses e camponeses), e mais especificamente a convocada por Luís XVI, com diversos representantes das diferentes regiões da França, um ano antes que parte desse États Généraux se rebelasse, e começasse assim, em 1789, a revolução que reconfigurou o mundo moderno. Apostamos, portanto, no poder transformador da diversidade. Nosso Estados Gerais, como o francês, convocou-como já dito-nomes de várias regiões, não somente do Brasil, apresentando uma diversidade de formas de pensar a cultura negra sem nenhuma pretensão de sintetização, homogeneização ou qualquer outra forma de essencialismo. Diversas vozes, diversas perspectivas, resistindo cada uma a seu modo ao racismo e suas expressões. O objetivo era apresentar nas falas e no formato uma diversidade afirmativa de si, sem nostalgia de unidade, seguindo o modelo de saber que a Europa dos séculos XVI ao XX impôs ao mundo. O evento foi pensado para que essas vozes tivessem a chance de produzir não uma consonância eurocêntrica, menos ainda uma dissonância presa à mesma tradição pelo negativo, mas uma nova harmonia, respeitando alguns próprios temas-cinco temas, para ser exato: geopolítica da África e sua relação com Brasil; a economia do racismo; o racismo como doença; racismo, tecnologia e mídia, e o racismo expresso por linguagens. Esse coral de vozes abre com um grande acorde, apresentando o continente africano dentro do contexto mundial, e principalmente em sua relação com o Brasil. O professor de Relações Internacionais Pio Penna Filho, junto a Aninho Mucundramo Irachande, professor de Ciência Política e especializado em Relações Internacionais, apresentaram a complexidade do continente. O Valongo seguiu essa mesa, para demonstrar o especial vínculo entre Brasil e África. Merced Guimarães, a presidente do Instituto dos Pretos Novos no Rio de Janeiro, nos explicou a importância desse museu memorial na disputa política pela memória da relação Brasil-África. Com ela, esteve a professora e coordenadora da pós-graduação do mesmo Instituto, Carla Marques. Em seguida, três pesquisadores brasileiros-ao mesmo tempo líderes do Movimento Negro-que foram membros oficiais da delegação brasileira da Conferência de Durban em 2001, professora Joselina da Silva (coordenadora do Núcleo Brasileiro, Latino-americano e Caribenho de Estudos em Relações Raciais, Gênero e Movimentos Sociais), professor Amauri Mendes Pereira (ex-diretor da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros), e professor Ivair Augusto Alves dos Santos (diretor de relações internacionais da mesma associação), demonstraram como as lutas diplomáticas do passado ainda são estratégicas para as do futuro. Esse grande tema é combinado no segundo dia com a estrutura política e econômica que foi desenvolvida, legitimando e mantendo as relações geopolíticas apresentadas na abertura. A lógica econômica de exclusão foi apresentada pela analista de planejamento e orçamento, Roseli Faria, e pelo professor e economista Mário Lisboa Theodoro. Entre eles, o pesquisador do Neppos (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Políticas Sociais), Eduardo Gomor dos Santos, explicou como os impostos podem ressaltar ou corrigir as desigualdades raciais. A também analista de planejamento e orçamento e especialista em relações internacionais, Elaine de Melo Xavier, descreveu como a nossa política econômica excludente atinge preferencialmente negros por um lado e mulheres por outro, fazendo da mulher negra uma dupla vítima dessa invisível exclusão econômica. Constando isso, precisamos de mudanças. A importância da luta pelas políticas afirmativas foi explicada pela professora Renísia Garcia Filice, que participou do Conselho Nacional para a Promoção de Políticas de Igualdade Racial, e líder do grupo Geppergh (Grupo de Estudos e Pesquisa em Políticas Públicas, História, Educação das Relações Raciais e de Gênero), e pela professora Claudia Ferreira Carvalho, Coordenadora do NEAB da Universidade Federal da Grande Dourados e da regional de NEABs Centro-oeste. As vozes que seguem buscam ajudar a compreender o papel das tecnologias nessa relação de poder. O desenvolvimentismo e o darwinismo social implícito no discurso tecnológico associado aos grandes capitais foi criticado por Ndiakhat Ngom, filósofo e politólogo, ex-membro da Anistia Internacional na Universidade de Dakhar. O jornalista e diretor da revista Raça, Maurício Pestana, que foi secretário adjunto da Secretaria Municipal de Igualdade Racial da cidade de São Paulo, discutiu com a diretora da Faculdade de Comunicação da UnB, Dione Oliveira Moura, sócia fundadora da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo, não somente o papel da mídia, mas da formação do profissional de jornalismo na transformação e denúncia dessa realidade excludente. O impacto na saúde mental e física da população negra é um dos resultados dessa grande trama invisível de opressão. O ex-vice reitor da Universidade de Brasília, médico com pesquisa vasta e ex-secretário de saúde do Governo do Distrito Federal, João Batista de Sousa, descreveu os problemas da saúde da população negra e da relação médico-paciente. Ao seu lado, Luis Eduardo Batista, ex-coordenador da área técnica de saúde da população negra da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, buscou contextualizar historicamente essas questões. Se o adoecimento físico da população negra faz parte da lógica do racismo brasileiro, como descrito, o adoecimento psicológico e seus consequentes encarceramentos também são importantes. Kwame Yonatan, psicólogo e pesquisador do coletivo Margens Clínicas, falou sobre como as violências do Estado geram mais do que doenças, geram também formas de sentir o mundo que apagam os sinais dessa violência. O terapeuta Emiliano de Camargo David, integrante do Instituto Amma Psique e Negritude, relacionou esse adoecimento com o encarceramento dos negros em hospitais psiquiátricos. Andréa Pires Rocha, professora da Universidade de Londrina, líder do grupo Aquilombando a Universidade, apoiada num estudo histórico da exclusão no Brasil, relacionou esse adoecimento ao encarceramento prisional. Como falar dessa exclusão? Como ser entendido quando se fala de racismo? A linguagem-e a metalinguagem-fecha nossa pequena sinfonia para nos alertar de como os preconceitos linguísticos reforçam essa estrutura. O professor Kleber Aparecido da Silva apresentou algumas das novidades da relação linguística e racismo que podem nos proteger de seu uso ingênuo. Por outro lado, o professor Djiby Mané, membro dos grupos de pesquisa Ecolinguística e Soleduc, apresentou a relação das línguas na perspectiva da ecolinguística, ou seja, buscando escapar das concepções eurocêntricas sobre a língua. Assim como a língua, a literatura precisa ser descolonizada, e também suas metáforas. O coordenador do projeto de pesquisa Teseu, o labirinto e seu nome, Alcione Correa Alves, falou sobre as construções identitárias nas literaturas negras com seu colega de pesquisa, o professor especializado em literatura uruguaia, Alejandro Gortazar, que nos proporcionou a chance de entender a importância da literatura negra no Uruguai. Ao lado deles, a psicanalista especialista em Aimé Césaire e Mário de Andrade, Lourdes Teodoro, falou sobre especial relação entre Brasil e o autor do conceito de negritude. A autora Cristiane Sobral mostrou como sua poesia segue de forma sensível e bela essas preocupações, na qual sua trajetória pessoal se mistura com a de sua escrita. Vimos como língua e literatura precisam ser transformadas pari passu à transformação do mundo. Sim, o racismo existe. Não temos dúvida. Não é uma questão, mas uma afirmação que condiciona nossa compreensão de mundo em cada área. Não venham nos adoecer mentalmente negando nossa realidade e sofrimento. Não neguem a nossa fala, poesia e nosso corpo. Não justifiquem o adoecimento e genocídio de nosso povo por discursos midiáticos ou otimismos tecnológicos que nunca chegam de verdade às comunidades negras. Não escondam o privilégio branco atrás de lógicas matemáticas ou econômicas globalizadas num mundo injusto. Apesar de você. Nós temos nossos analistas internacionais. Nós temos nossos médicos e psicólogos. Nós temos nossos economistas. Nós temos nossos historiadores e filósofos. Nós temos nossos linguistas, artistas e poetas. Nós temos nossos educadores. Nós temos nossos jornalistas e analistas de mídia. Nós temos nossos saberes e percepções. Mesmo diversos e diferentes entre nós, nós temos a nós mesmos. Essa é a razão da mesa de José Francisco dos Santos, professor da Universidade do Oeste da Bahia, especialista em história da África, e Sarita Amaro, assistente social, pesquisadora e autora de vários livros, sendo um deles, junto com Francisco Santos, Sim, o racismo...

A EDUCAÇÃO NO COMBATE AO RACISMO E AXENOFOBIA NO BRASIL

v. 7 n. 1 (2024): Edição Jan/Abr, 2024

Refletir sobre os processos de educação e analisá-los envolve compreender as demandas sociais vigentes. Assim, as instituições de educação escolar e acadêmica, bem como as instituições de educação não-formal, não podem estar alheias às questões sociais e devem promover práticas de transformação da sociedade por um viés da ética, da justiça e da equidade. Ao aproximar esse debate das questões migratórias, argumenta-se que é necessário promover um espaço educacional de escuta e acolhida de diversas questões que estão ao redor das demandas dos(as) migrantes. A partir disso, anuncia-se que o objetivo deste artigo é discutir os preconceitos enfrentados por migrantes negros(as) no Brasil e promover uma discussão acerca da importância de uma educação antixenorracista. Trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico e justifica-se pela necessidade e urgência do debate acerca da educação para pessoas migrantes no Brasil, assim como a importância do protagonismo migratório na sociedade. Tal protagonismo deve estar presente nas instituições educacionais para garantir a promoção de uma transformação social, com a inclusão dessas pessoas e a redução dos preconceitos enfrentados. Como principais conclusões, defende-se uma educação que mantenha uma práxis de combate ao racismo por meio da compreensão da diversidade cultural, das diversas identidades e da importância da valorização das narrativas migratórias enquanto protagonistas de suas histórias.