«Os votos de além-mar na revolução vintista», in História Jornal de Notícias 14, junho 2018, pp. 39-47. (original) (raw)

A política ultramarina no reinado de Filipe III no Brasil e em Angola: o governo do gentio e o comércio de escravos (1607-1621). In: Trabalho forçado africano - articulações com o poder político. Porto : Campo das Letras, 2007, p. 83-99.

Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto, novembro de 2006. Resumo: No reinado de Filipe III, particularmente entre 1607 e 1611, a Coroa atua conjuntamente no Brasil e em Angola, transformando a política em relação aos indígenas e aos africanos e reforçando o aparato político-administrativo. No Brasil, determina-se a liberdade dos indígenas, que deve ser garantida pela Relação da Bahia; em Angola, os chefes locais devem estar diretamente subordinados ao poder real, pagando seus tributos em escravos. Essas medidas representam uma tentativa de refundação da colonização baseada no escravismo e na complementaridade entre Brasil e Angola. A Coroa procura se apropriar dessa conexão em detrimento dos jesuítas e dos conquistadores. Palavras-chave: Governo-geral, governo do gentio, comércio de escravos, Atlântico Sul, colonização, escravismo. * Artigo publicado em CENTRO DE ESTUDOS AFRICANOS DA UNIVERSIDADE DO PORTO (coord.). Trabalho forçado africano -articulações com o poder político. Porto, Campo das Letras, 2007. Introdução No reinado de Filipe III, particularmente entre 1607 e 1611, a Coroa procura romper com o dominium 1 dos conquistadores e dos jesuítas sobre os indígenas e os africanos, reforçando o governo-geral e criando novas leis para o comércio de escravos. A Coroa atua conjuntamente no Brasil e em Angola, as medidas de maior relevo são: a interrupção do processo de conquista em Angola e a subordinação das autoridades locais diretamente à Coroa; 2 no Brasil, é decretada a liberdade dos índios, 3 que deve ser garantida por um novo tribunal de justiça, a Relação da Bahia. 4 Essas medidas representam uma tentativa de refundação da colonização baseada no escravismo e na complementaridade entre Brasil e Angola; a Coroa procura se apropriar dessa conexão em detrimento dos jesuítas e dos conquistadores.

OLIVEIRA, Pedro Aires – “O Flanco Sul sob Tensão. A NATO e a Revolução Portuguesa, 1974-1975”, Relações Internacionais, No. 21 (Março 2009), pp. 61-78.

Durante as primeiras décadas da Guerra Fria, a maior parte das potências da nato coexistiram sem grandes problemas com o carácter não-democrático do regime português. Após a queda de Caetano, contudo, o predomínio alcançado pela esquerda marxista na nova situação política em Portugal, e do Partido Comunista em especial, colocou uma série de dilemas aos responsáveis ocidentais. Este artigo procura descrever e interpretar a atitude da NATO relativamente às implicações que um triunfo das forças alinhadas com a URSS poderia trazer para a coesão da Aliança. Argumenta-se que a atitude mais moderada assumida pelos parceiros europeus foi determinante para persuadir a Administração Ford a seguir uma política que combinasse pressões e incentivos para com as autoridades portuguesas. No fim, sublinha-se como esta política foi um dos factores internacionais que contribuiu para a consolidação da democracia em Portugal.

Cardoso, Diogo Andrade. "Só ou acompanhado? A emigração para os territórios ultramarinos nos séculos XVI e XVII." História. Revista da FLUP IV série, 7 (2017): 12-34. http://ojs.letras.up.pt/index.php/historia.

Using Vila do Conde parish and notary records, this article seeks to determine the marital status of migrants who left Portugal between 1560 and 1651 to Overseas Empire, such as the Atlantic archipelagos, Africa, Asia and America. We try to understand the family structure, in order to understand if this emigration was done individually or if the relatives were involved, either in a joint departure or through a later union in the destination territory. Finally, we will verify the family composition of migrants and the influence that this may have on the choice of a destination, due to their characteristics, such as the weather and the distance to the kingdom.

Viana e o acesso ao mar nos finais do Antigo Regime

Com uma localização geográfica estratégica, as cidades do litoral sempre vislumbraram o mar como uma fonte de oportunidades: a pesca, o sal, o transporte, o comércio, para além da própria necessidade de comunicações intercivilizacionais. No entanto, é óbvio que não basta a presença do mar para que surja uma cidade junto à costa. Geralmente é preciso mais do que isso: a existência de um porto, lugar de intercâmbio entre um meio marítimo e outro terrestre.

A arenga naval na historiografia ultramarina portuguesa do século XVI

Talia Dixit: revista interdisciplinar de retórica e …, 2009

This paper deals with the harangue used in a naval context, as presented in 16 th-century Portuguese overseas historical writing. The first part of the article analyses the way in which such speeches can be integrated-by means of settings-in the narrative discourse. The second part identifies in the harangues different rhetorical topoi and their functions. In short, the intention of this work is to characterize the standard harangue used by captains and Portuguese governors before a naval battle in the Indian Ocean.

AGATA BŁOCH, LIVRES E ESCRAVIZADOS: AS VOZES DOS SUBALTERNOS NA HISTÓRIA DO IMPÉRIO COLONIAL PORTUGUÊS NA PERSPECTIVA DE REDES

Itinerarios, 2022

Agata Błoch, a autora da monografi a L ivres e escravizados: As Vozes dos Subalternos na História do Império Colonial Português na perspectiva de redes, formou-se na Polónia e em Portugal. É mestre e doutora na área da história do império português, mas os seus interesses académicos abrangem também, entre outros, as humanidades digitais. No seu livro Błoch evoca a Escola Polaca sobre a história do Império Português com três nomes particularmente destacados: Marian Małowist, Jan Kieniewicz e Michał Tymowski. Sendo Błoch uma de poucas pesquisadoras polacas cujos interesses decaem nestes particulares contextos académicos, podemos ver o seu trabalho como continuação e desenvolvimento dos trabalhos da dita escola. Ela própria, aliás sugere, esta relação (pp. 21-22). Note-se que a monografi a é fruto duma tese de doutoramento premiada no concurso do Prof. An drzej Dembicz como a melhor tese de doutoramento defendida em 2021 na Europa sobre a América Latina. O livro foi também publicado em polaco, já que a própria tese de doutoramento contou com duas versões linguísticas. Já a nível do título, manifesta-se o desejo de recuperar a voz desses que fi caram subordinados. Para cumprir com este expediente em Livres e escravizados: As Vozes dos Subalternos na História do Império Colonial Português na perspectiva de redes Błoch usa as pesquisas dedicadas aos subalternos (Spivak 2000, 2010), o conceito do "lugar de fala" (Ribeiro 2017) e combina a Análise de Redes Sociais com a pesquisa historiográfi ca endividada na leitura crítica e atenta das fontes e na perspetiva egodocumental. Ela trabalha, portanto, com várias ferramentas metodológicas, formando, no entanto, uma perspetiva clara e poderosa sobre os subalternos e deixando-nos literalmente ouvir as suas vozes fi ltradas, por uma pesquisa histórica. Ora podemos afi rmar que a autora conciliou 'o inovador' e 'o tradicional' criando um arcabouço muito fi rme para a sua pesquisa. Como já se disse, o trabalho baseia-se nas fontes. Błoch consultou a documentação do Arquivo Histórico Ultramarino, mas também da Biblioteca Nacional de Portugal, da Biblioteca Nacional do Brasil e da Torre do Tombo e a respetiva legislação. Seguiu-se a criação