EQUOTERAPIA : NOVO CAMPO DE TRABALHO PARA O PSICÓLOGO (original) (raw)

Psicólogo, CRP/5 2269 O objetivo do presente artigo é apresentar a equoterapia aos psicólogos, como campo de trabalho, pesquisa e participação no grave problema do tratamento das pessoas portadoras de necessidades especiais. A equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo como instrumento de reabilitação e desenvolvimento para portadores de deficiência ou de necessidades especiais, com a participação de uma equipe multidisciplinar composta por fisioterapeuta, psicólogo, fonoaudiólogo e professor de equitação. Ela pode também ser de grande valor para crianças não portadoras de deficiências físicas, mas que poderiam se beneficiar de melhoras em seu desenvolvimento psicomotor, sua capacidade de relacionamento e aprendizagem, sua auto-estima. Por isso, podemos também chamar a equoterapia de " equitação terapêutica " , possibilitando uma introdução à equitação simultaneamente a um processo de estimulação ao desenvolvimento global da criança. A base da equoterapia é, resumidamente, a seguinte: quando um ser humano está montado a cavalo, seu corpo é permanentemente solicitado a fazer ajustes posturais para responder aos desequilíbrios provocados pelos movimentos do animal. Na realidade, o cavalo nunca está totalmente parado. Ele troca o apoio das patas, desloca a cabeça ao olhar para os lados, flexiona a coluna, abaixa e alonga o pescoço etc. O ajuste tônico, movimento automático de adaptação, torna-se rítmico com o deslocamento do cavalo ao passo, sendo esse ritmo um dos pontos centrais da equoterapia. O cavalo ao passo, andamento natural em que é conduzida a equoterapia, provoca movimentos tridimensionais no corpo de quem está montado: para a frente e para trás, para um lado e para o outro, para cima e para baixo. No aspecto psicológico, há um grande reforço da auto-estima. Uma criança, que vê o mundo de baixo para cima, quando montada a cavalo tem o seu ângulo de visão alçado para cerca de dois metros e meio de altura, mais elevado que o olhar de um adulto. Somam-se a isso o prazer e a sensação de força e liberdade por estar conduzindo um animal de grande porte e significativa carga simbólica. O cavalo e a equipe interdisciplinar funcionam como poderosa ferramenta terapêutica e de desenvolvimento. O Conselho Federal de Medicina, através do Parecer 06/97, reconheceu a equoterapia como método a ser incorporado ao arsenal de métodos e técnicas direcionados aos programas de reabilitação de pessoas com necessidades especiais, quer sejam de natureza física, educacional ou social. A equoterapia foi introduzida no Brasil na década de 70. Em 1989 foi fundada a Ande Brasil – Associação Nacional de Equoterapia (www.equoterapia.org.br), instituição filantrópica com sede em Brasília/DF, cujas finalidades precípuas são o incentivo e o controle das atividades de equoterapia em âmbito nacional. Segundo a Ande Brasil, existem hoje no Brasil cerca de 210 centros de equoterapia, sendo 58,7% localizados na região Sudeste, 21% na região Sul, 11,2% na região Centro-Oeste, 8,4% na região Nordeste e 0,9% na região Norte. Já foram realizados quatro congressos nacionais de equoterapia, o primeiro em Brasília/DF em 1999, o segundo em Jaguariúna/SP em 2002, o terceiro em Salvador/BA em 2004 e o quarto em Curitiba/Paraná em setembro de 2008. O autor apresentou no II