O engenheiro Eusébio Stevaux e a arquitetura paulistana (original) (raw)

A ideia de uma identidade paulista na historiografia de arquitetura brasileira

Pós. Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, 2013

Este artigo buscará traçar, de maneira breve, o percurso de formulação, pela historiografia brasileira, da ideia de uma identidade paulista em arquitetura, desde a década de 1940. A análise de um amplo universo pesquisado orienta-se por um recorte que busca compreender aproximações e diferenças entre as chaves de interpretação de diversas leituras históricas, quando abordam, mesmo que de passagem, o tema das convergências e afastamentos entre os arquitetos locais.

Clássicos da Arquitetura: Pavilhão de São Cristóvão / Sérgio Bernardes

Quatro parábolas determinam o perímetro do edifício. Estão dispostas em pares perpendiculares de parábolas idênticas e espelhadas: duas mais extensas, mais altas, e semi-permeáveis à luz, ao vento e ao passo, determinam as frentes opostas do edifício; e duas menores, completamente sólidas e opacas, suas laterais. Definem em planta uma curva fechada que, sob um olhar pouco cuidadoso, se assemelharia a uma elipse.

São Bernardo: 'Apologia' e arte arquitetural

TRANS/FORM/AÇÃO: Revista de Filosofia, 2012

Este artigo busca expor as críticas de Bernardo de Claraval às superfluidades humanas no texto da 'Apologia', especialmente aquelas referentes à arte arquitetural. Em segundo lugar, procura analisar as implicações estéticas do ascetismo cisterciense e bernardiano. As críticas de Bernardo exercem uma influência decisiva na ornamentação e fazem nascer uma nova arquitetura.

Destinos da arquitetura, segundo Vitrúvio

2020

de serviço. O magistrado romano, com ou sem imperium, é sempre investido da cura, da completa responsabilidade por uma ou mais construções públicas no curso de sua carreira, e este encargo lhe impõe o dever de informar-se ao menos de modo superficial sobre a arte de construir. [...] Nesse objetivo há a necessidade de ser ajudado por expertos do setor" 15. É possível ler no Livro I que a filosofia é uma das nove disciplinas que devem fazer parte da formação do arquiteto 16. Diferente do entendimento moderno quanto à circunscrição do campo da filosofia, em Vitrúvio, esse termo abarca declaradamente dois territórios de reflexão que designaríamos hoje como ética e física. Para o autor latino, conforme a primeira acepção, a filosofia orienta a ação do arquiteto, tornando-o "magnânimo" 17 , isto é, possuidor de um caráter elevado, de modo a evitar a má-fé e a improbidade que prejudicam a realização da obra 18. Philippe Fleury identifica na acepção ética da filosofia, em Vitrúvio, uma conexão ao estoicismo: "reencontramos nele as teses transmitidas por Panécio no livro II do De Officiis de Cícero, notadamente a definição de magnitudo animi" 19. De fato, certos termos empregados no Livro I do De Architectura coincidem com a doutrina apresentada no De Officiis, e Fleury coteja passagens de ambos os escritos para demonstrar a afinidade 20. Ademais, o próprio Cícero deixa explícito que recorre ao estoico, ainda que provendo ajustes: "foi, pois, Panécio quem, sem controvérsia possível, dissertou com mais acuidade sobre os deveres; por isso, fazendo as devidas correções, nós o estamos seguindo de preferência" 21. Em Vitrúvio, a filosofia também se encarrega das questões naturais 22 , como aquelas envolvidas na adução das águasconforme se lê no Livro I 23. Tais questões são associadas ao

Arquitetura Ecletica na Cidade de Piracicaba

Arquitetura Ecletica na Cidade de Piracicaba, 2002

Constata-se, pois, que há um evidente predomínio da grande propriedade, sendo tão pequena a área ocupada pelos médios e pequenos fazendeiros que toda ela, na realidade, caberia dentro das terras de um dos grandes proprietários" (Torres, 1975). A elevação de Piracicaba à Vila Nova da Constituição em 1822, foi justificada pela economia açucareira, pois a alegação principal para a emancipação foi o bom número de 'engenhos e fábricas de açúcar', salientando a extrema fertilidade das terras. Durante a primeira metade do século XIX, o açúcar ocupava o primeiro lugar na produção piracicabana, mas a indústria açucareira estava longe de ser comparada à do Nordeste brasileiro no chamado ciclo do açúcar da História Colonial. Torres (1975) considera que a produção piracicabana situava-se dentro do que o prof. Alfredo Ellis Jr. denomina 'pequeno ciclo do açúcar'. "A lavoura de cana é a principal atividade econômica e estende-se particularmente pelas grandes propriedades, salvo em Araraquara e Primeira Fazenda, onde os campos não atraem ainda os lavradores. E a necessidade de grandes recursos para a montagem dos engenhos parece afastar o pequeno proprietário da indústria açucareira". No 'Rio Abaixo' não se encontra engenho dentro da categoria da pequena propriedade. Entre as que têm menos de 100 alqueires apenas duas têm engenho e, entre as grandes fazendas há oito engenhos. Aí, dois sítios, cuja área desconhecemos, não têm escravos, pois apenas 4 dos pequenos, 3 dos médios e 8 dos grandes os possuem, e dos oito engenhos, apenas um, com área de 180 alqueires, não tem escravos" (Torres, 1975). Evidentemente, Vila Nova da Constituição seria rodeada de engenhos e canaviais. Nos três primeiros bairros arrolados no Tombamento de 1818, 'Rio Abaixo', 'Estrada de Itu e Porto Feliz' e 'Lambari e Estrada de São Carlos' os engenhos e canaviais estavam presentes, mas à medida que se afastavam da Vila, seus sítios não possuíam engenhos ou por serem, de fato, pequenas propriedades sem grandes recursos, ou por serem 'campos e matas', formando extensas áreas de criação de gado, ou, ainda, em virtude da precariedade dos meios de comunicação e transporte, o que levava os sitiantes a cultivarem apenas 'mantimentos' para o consumo. Assim, diminuídas as características que distinguem as zonas de monocultura, o período se caracteriza como de economia mista (Torres, 1975). Não são precisas as divisas da Vila, mas documentos apontam que eram do lado de Mogi-Mirim (fundada em 1650), pelo Ribeirão Barcelos, mais adiante com Casa Branca. Estavam em território piracicabano as atuais cidades de Rio Claro (fundada em 1822), Limeira, que teve origem em 1824, Araras, cujas referências aparecem em Piracicaba em princípios de 1832 (Atas da Pref. de Piracicaba em 1832), quando seus habitantes pediram a subordinação civil a Piracicaba e não a Mogi Mirim. Mais além, Pirassununga (fundada em

A descoberta do viver periférico: Articulações do popular na arquitetura paulista (1960-1980)

Novos Estudos Cebrap

Este trabalho trata da relação entre arquitetos paulistas e as questões do “povo” e da “habitação popular” — tanto enquanto construções discursivas quanto como realidades urbanas na São Paulo entre os anos 1960 e 1980. Nos anos 1970, em meio ao refluxo das tentativas iniciais de meados da década de 1960 de colocar a habitação popular no centro da agenda de arquitetos no campo amplo das esquerdas, a relação entre arquitetos e as populações pobres periféricas passa por uma primeira virada paradigmática.

A arquitetura no “largo tempo do manuelino” - Síntese pragmática e eficiente

Genius Loci: Lugares e Significados | Places and Meanings, 2017

As viagens dos Descobrimentos portugueses, nos séculos XV e XVI, são um dos atos fundadores de uma sociedade globalizada. Ao promoverem trocas de experiências e o conhecimento de outras realidades, potenciaram a confrontação ideológica e a circulação do saber. Pelo surto construtivo sem precedentes que então ocorreu, esta época consubstanciou-se como uma das mais fecundas na História da Arte em Portugal, legando-nos uma arquitetura plena de simbolismo e significados. Neste contexto, torna-se essencial perceber de que modo estas construções, fruto de uma matriz dinâmica, se concretizam numa desejável síntese: pragmática e eficiente. É fundamental indagar acerca da sua capacidade de questionar a importação de modelos e de que modo problematizam a origem e o sentido das suas «formas e ideias».

As casas projetadas por J.B. Vilanova Artigas na cidade de São Paulo e a liberdade de sua pesquisa pelos caminhos para a arquitetura

Risco: Revista de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo (Online), 2016

Este artigo comenta a liberdade projetual do Arquiteto João Batista Vilanova Artigas aplicada aos seus projetos de casas construídas na cidade de São Paulo. Apresenta situações da pesquisa pragmática de Artigas na execução dos projetos e obras de “residências unifamiliares” representantes dessa forma de projetar. Ela deve ser entendida como um campo de investigação na prática profissional do arquiteto para essa tipologia de projeto. Analisamos exemplos de obras que poderiam comprovar essa ação projetual, seguindo uma linha de atuação do exercício da arquitetura, numa ordem cronológica do repertório de Artigas e sua busca de possíveis caminhos para a arquitetura.