CONTINUIDADES, RUPTURAS, DESDOBRAMENTOS: conexões entre cinema indígena, pensamento e xamanismo (original) (raw)
Examinando realizações cinematográficas entre ameríndios e a crescente demanda por formação de cineastas e circulação de seus filmes, percebemos que, se a apropriação de instrumentos metodológicos e meios de produção ainda é restrita e controlada, o cinema, de natureza relacional e dinâmica, permite, como tecnologia de produzir e descrever eventos a partir do experiência sensível, que realizadores indígenas o coloquem com mais autonomia à serviço de seus modos coletivos de formular narrativas, produzir relações e experiências sensíveis e fazer circularem saberes. As referências advindas da tradição científica-cristã são acolhidas, mas seu olhar e sua escuta – especialidade dos povos xamânicos – não são capturadas pelo modo de produção de imagens e saberes do cinema e da antropologia advindos desta tradição. Veremos como o exercício rigoroso de olhar sob ângulos distintos para que relações emerjam e se complexifiquem das análises mitológicas de Lévi-Strauss e da Ciência do Concreto é uma habilidade fundamental não só para a antropologia, mas, principalmente, para a realização cinematográfica.