Parentelas de escravos em Porto Alegre, últimas décadas do século XVIIII (original) (raw)
A família escrava é um dos temas mais recorrentes no estudo da escravidão, atualmente. Autores como Stuart Schwartz, Robert Slenes, Iraci del Nero da Costa, Francisco Vidal Luna, Manolo Florentino e Roberto Góes demonstraram a extensão dessa instituição no Brasil escravista e as particularidades de sua formação nos mais diferentes contextos. Um momento importante na formação das famílias e que permitia a ampliação dos laços parentais era o batismo, quando se escolhiam padrinhos para as crianças cativas, que poderiam ser pessoas livres, forros ou, mesmo, escravos. Neste artigo, abordaremos o apadrinhamento e o compadrio em Porto Alegre, entre 1772 e 1800. Analisaremos, particularmente, as ligações entre escravarias resultantes da escolha de cativos como padrinhos/madrinhas e compadres/comadres de outros escravos. Nosso interesse é o de apreender algumas tendências gerais pertinentes ao processo de vinculação dos escravos entre si por meio da criação do laço espiritual e lançar algumas hipóteses sobre alguns dos elementos presentes no ato de escolha dos padrinhos.