A Colecção Colonial da Cinemateca. Campo, contracampo, fora-de-campo. (original) (raw)

Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, 21 de Janeiro 2015, 18:30: COLECÇÃO COLONIAL DA CINEMATECA: CAMPO, CONTRACAMPO, FORA DE CAMPO

STREETS OF EARLY SORROW Caminhos para a Angústia de Graham Parker, Faria de Almeida com Lionel Ngokani, Olivia Farjeon Reino Unido, 1963 – 8 min / sem diálogos MONANGAMBÉE de Sarah Maldoror com Mohamed Zinet Argélia, 1968 – 15 min / falado em francês, sem legendas UM SAFARI FOTOGRÁFICO NAS COUTADAS DA SAFRIQUE de Faria de Almeida Portugal, 1972 – 11 min LE PORTUGAL D’OUTRE MER DANS LE MONDE D’AUJOURD’HUI de Jean Leduc Portugal, 1971 – 50 min / falado em francês, sem legendas duração total da sessão: 84 min | M/12 Sessão apresentada por Maria do Carmo Piçarra (CECS), Sofia Sampaio (CRIA), Paulo Cunha (CEIS XX), Joana Pimentel (CP-MC) Organizada em colaboração com o Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, da Universidade do Minho, esta sessão marca o lançamento de um debate público em que a Cinemateca propõe a criação de uma plataforma de investigação continuada sobre a sua coleção colonial. Ao campo cinematográfico de afirmação propagandista do Lusotropicalismo, em obras como LE PORTUGAL D’OUTRE MER DANS LE MONDE D’AUJOURD’HUI, opõe-se aqui o contracampo de filmes de resistência como CAMINHOS PARA A ANGÚSTIA, que aborda o Massacre de Sharpeville, e MONANGAMBÉE, que fixa o desconhecimento da cultura africana e a brutalidade da polícia portuguesa. UM SAFARI FOTOGRÁFICO NAS COUTADAS DA SAFRIQUE mostra como o Estado Novo se quis impor, através da promoção turística das colónias, como “paraíso perdido”. Após a projeção, Maria do Carmo Piçarra, Sofia Sampaio e Paulo Cunha abordarão a política colonial do Estado Novo tal como imaginada no cinema de propaganda, as reações a essa política em filmes de resistência, e, finalmente, o que ficou “fora de campo”. Joana Pimentel fará uma breve apresentação da coleção colonial entendida em sentido lato. Os primeiros dois títulos são apresentados em cópias vídeo. Primeiras exibições na Cinemateca. > QUA. [21 Jan 2015] 18:30

Portugal Olhado Pelo Cinema Como Centro Imaginário De Um Império: Campo/Contracampo

Observatorio (OBS*), 2009

Visamos contribuir para a análise do memorial fílmico do colonialismo português através da crítica das “visões do cinema” sobre Portugal como centro imaginário de um império, patentes nas actualidades cinematográficas de propaganda do Estado Novo tendo, em contracampo, o olhar disruptivo e censurado que atravessa “Catembe”, de Faria de Almeida. Após a caracterização do memorial fílmico, pomos “em campo” as evidências empíricas resultantes da análise do “Jornal Português” e de “Imagens de Portugal” e damos o “contracampo” pela abordagem da censura a “Catembe” e sua contextualização na emergência do Novo Cinema. Questionam-se os limites da história feita do cinema português enquanto não for analisado o olhar censurado dos filmes por projectar, depositado no interior das “latas dos filmes”. Our goal is to contribute to the memorial film analysis of Portuguese colonialism through the criticism of "visions of the cinema" on Portugal as center of an imaginary empire. These “visions” are reflected in propaganda newsreel of Estado Novo, and, in “reverse shot”, in the disruptive and censured gaze of "Catembe," by Faria de Almeida. After characterizing this filmic memorial made by propaganda, one shows the empirical evidence from the analysis of the “Jornal Português” and "Imagens de Portugal" and gives the "reverse shot "approach to censorship by Catembe" and its context in the emergence of New Cinema. What are the limitations of portuguese cinema history, as long as the censored gaze of unprojected films, deposited in their can, is not analysed?

Pensar o Cinema Colonial Português

Aniki, 2024

Recensão de Pimentel, Joana. 2020. A Coleção Colonial da Cinemateca | The Colonial Collection of Cinemateca (edição bilíngue). Lisboa: Cinemateca Portuguesa-Museu do cinema, 335 pp., 115 ilustr (p/b e cor). ISBN 978-972-619-291-6. * Em fevereiro de 2024, a Cinemateca lançou uma versão inicial de catálogo digital, FELIX.

Entre o paraíso e o remorso colonial. As colónias na ficção cinematográfica portuguesa (1945-1974)

África Nossa. O Império colonial na ficção cinematográfica portuguesa (1945-1974), 2014

Uma missão, um império Tivemos já oportunidade de salientar que o império colonial português deve ser inserido na vaga de fundo que existe desde os tempos mais recuados e que tem conduzido diversos povos a estabelecerem impérios e relações coloniais com outros, durante períodos de tempo mais ou menos longos. Assim, o império colonial português enquadra-se na tendência que caracterizou a Europa, a partir de finais do século XIX, para estabelecer um domínio sobre zonas que se situavam essencialmente em África e na Ásia, o que conduziu, invariavelmente, ao desenvolvimento de relações de dominação económica, política, administrativa, cultural e rácica. De igual modo, para além dessa unidade estruturante, enfatizámos também que, na configuração imperial desenvolvida pelo Estado Novo deveriam ser acrescentadas algumas particularidades, que se situam essencialmente ao nível do discurso ideológico, incidindo na vertente pretensamente constitucional do povo português para estabelecer relações com outros povos, aspecto que, segundo a ideologia do regime, elevava a colonização portuguesa acima das relações de mera dominação económico-política, para se situar a um nível essencialmente civilizacional. A filmografia que agora vamos ter sob escuta permitirá, em primeira instância, perceber em que medida a colonização se afasta ou se aproxima desta perspectiva. Na verdade, o lastro comum a todas as narrativas é precisamente a colonização, nomeadamente as concepções de colono e indígena, bem como as relações sociais que entre eles se estabelecem, aspectos que, assim o esperamos, permitirão definir com clareza o conceito de colonização que delas emerge. A começar, mais uma vez, surgirá Chaimite. Somos de opinião que o tema colonial tem, no filme de Brum do Canto, uma função determinante ao nível dos sentidos da narrativa. A variedade de abordagens-que vão desde as relações familiares, passando pelo ideal de sociedade, pela defesa da terra, pelas relações

“Colonizar é civilizar”: o cinema e a Exposição Colonial Internacional (Vincennes, 1931)

História: questões e debates, 2014

O artigo trata da participação do cinema na Exposition Coloniale Internationale et des Pays d’Outre-Mer, que ocorreu na cidade de Vincennes, vizinha a Paris, entre maio e novembro de 1931. Dentro de uma perspectiva de valorização do Império Colonial, o cinema teve papel decisivo na construção e no reforço de um imaginário voltado à afirmação da França como nação condutora da civilização. Recuperando as contradições presentes nestas ações, pretendemos situar historicamente tanto a exposição quanto o cinema, pensando-os de forma articulada.

Memórias e Contra-Memórias Do Império e Do Colonialismo No Espaço Público De Lisboa

MOARA – Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Letras ISSN: 0104-0944

Focando-se no caso de Lisboa, este artigo aborda a forma como a experiência do imperialismo moderno deixou fortes marcas sociais e materiais no espaço urbano das antigas capitais dos centros imperiais europeus. Apesar do fim formal do colonialismo, estas marcas continuam ativas, e permanentemente ativadas, em tempos pós-coloniais, mantendo-se geralmente um sentido apologético relativamente à experiência imperial europeia e adaptando-o às novas exigências das cidades globais do mundo contemporâneo. Neste processo, as “heranças difíceis” do colonialismo, a escravatura, o trabalho forçado, a violência racial e de género, são relegadas ao esquecimento. Contudo, em tempos recentes, tem-se verificado um questionamento de fundo sobre os legados da experiência colonial, dinamizando-se o debate e a intervenção no espaço público através da ação do movimento anti-racista global e também através de várias ações de memorialização dos legados problemáticos do colonialismo. O objetivo deste artigo...