Improvisação livre: Um caminho para a expansão da escuta e da técnica para o performer contemporâneo (original) (raw)
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A improvisação livre como metodologia de iniciação ao instrumento
A improvisação livre como metodologia de iniciação ao instrumento, 2012
Este texto visa apresentar a estrutura de um caderno de iniciação aos instrumentos de cordas dedilhadas tendo como metodologia a livre improvisação. Ele foi desenvolvido por meio da realização de cinco oficinas nos conservatórios estaduais de música do triângulo mineiro, pela análise de partituras de músicas para instrumentos de cordas dedilhadas e do livro "Notação na Música Contemporânea" de Jorge Antunes. Para discussão sobre a livre improvisação serão utilizados alguns conceitos apresentados por Rogério Costa e Harald Stenström.
Perspectivas para o desenvolvimento da interação na livre improvisação musical
Este artigo apresenta algumas das discussões e estratégias que estão sendo desenvolvidas na nossa pesquisa de mestrado. Nosso estudo visa a interação musical num contexto de improvisação contemporânea, observando comportamentos performáticos que se fundamentam na liberdade do ato e no pressuposto de criação colaborativa. O recorte apresentado neste trabalho aciona perspectivas amplas a respeito de risco e liberdade na improvisação. Assim, refletimos sobre o risco inerente à improvisação musical e, na sequência, apresentamos um dos exercícios implementados no grupo laboratório vinculado à nossa pesquisa, que alimentam nossa discussão.
Corpo à Escuta: improvisação livre e desrostificação do músico
O artigo aborda rapidamente a questão da escuta do músico (a partir da discussão tramada pelo filósofo Jean-Luc Nancy e da distinção proposta por Pierre Schaeffer entre escuta musical e musicista) e a potência da improvisação livre em abri-la e retira-la apenas do domínio das notas e escalas musicais.
A improvisação livre, a construção do som e a utilização das novas tecnologias
Resumo: Neste artigo são discutidas as relações entre a prática da livre improvisação e os novos paradigmas da es-cuta e da composição que se fundamentam na ideia de construção da sonoridade a partir da superação da ideia abs-trata de nota musical. Neste contexto a improvisação livre é percebida, não somente como um sintoma, mas também como uma linha de força decisiva que contribui de uma forma específica para significativas mudanças nas práticas musicais contemporâneas que resultam da expansão e da valorização da dimensão sonora e da consequente supera-ção das fronteiras entre som e ruído. Também, dentro deste contexto, são discutidas algumas problemáticas envolvi-das na utilização de processamentos eletrônicos em tempo real com foco na questão da sonoridade, da fisicalidade e na criação de técnicas adequadas à performance. Palavras chave: improvisação livre, música contemporânea, estética da sonoridade, novas tecnologias, live electronics. Free improvisation, sound construction and the use of new technologies Abstract: This article discusses the relationship between the practice of free improvisation and the new paradigms of listening and composition which are based on the idea of constructing sound from the overcoming of the abstract idea of musical note. In this context free improvisation is perceived not only as a symptom, but also as a crucial line of force that contributes in a specific way to significant changes in contemporary musical practices resulting from expansion and valorization of sonorous dimension and consequent overcoming the boundaries between sound and noise. Also, in this context, are reported and discussed issues involved in the use of live electronics focusing on so-nority, physicality and on the creation of appropriate performance techniques. La improvisación libre, la construcción del sonido y la utilización de las nuevas tecnologias Resumen: En este trabajo se analizan las relaciones entre la práctica de la improvisación libre y los nuevos paradig-mas de la escucha y de la composición contemporánea que se basan en la idea la construcción de la sonoridad y de la superación de la idea abstracta de nota musical. En esto contexto la improvisación libre no se percibe sólo como un síntoma, sino también como una línea de fuerza decisiva que contribuye de una manera particular, así como otras tendencias creativas del siglo XX y XXI, a cambios significativos en las prácticas musicales contemporáneas resul-tantes de la expansión y valorización de la dimensión sonora y la consiguiente superación de los límites entre soni-do y ruido. También, en este contexto, son reportados y se discuten algunos problemas relacionados con el uso de procesamientos electrónicos en tiempo real (electrónica en vivo) enfocado en la cuestión de la sonoridad, de la fisi-calidad y en la creación de técnicas apropiadas para la performance. Palabras clave: improvisación libre, música contemporánea, estética de la sonoridad, nuevas tecnologías, electró-nica en vivo.
Livre improvisação: uma investigação por meio da prática de performance
Livre improvisação: uma investigação por meio da prática de performance
This is an ongoing doctoral research. The research studies free improvisation from the creative processes of musicians who have never participated in a free improvisation performance, in order to understand which aspects can limit interactive actions during the practice. The main objective is to analyze the performance of these musicians and how they build interactive actions in real time, as the performance happens. The research is divided into two phases: the first one, called “Pilot”, has already been completed. The material produced in the first phase is still undergoing adjustments and analysis. Transcripts of this material are still being made. However, the research already presents a preliminary analysis of the data from specific points of the "Think Aloud Protocols", interviews and videos and these data will be presented in this article.
Fundamentos técnicos e conceituais da livre improvisação
Resumo. Nos últimos anos, a improvisação livre passou a ser tratada como um tema para discussão cada vez mais presente nos meios acadêmicos e é atualmente considerada um importante campo de pesquisa. O ambiente da improvisação livre é substancialmente diferente de um ambiente de improvisação idiomático e é construído através das ações interativas instrumentais entre os músicos que se relacionam em tempo real de formas múltiplas e imprevisíveis. Esta configuração específica cria condições especiais para o surgimento de soluções criativas. Nosso propósito neste artigo é expor alguns fundamentos conceituais e algumas características dinâmicas deste ambiente, discutindo os requisitos básicos para a realização de performances, tendo como referência nossa prática com o grupo MusicaFicta. Outro aspecto a ser discutido é o uso de técnicas estendidas e o papel das novas tecnologias de interação eletrônica em tempo real.
A aventura da improvisação livre e a subversão das formas musicais
Em seu texto O ensaio como forma, Adorno traz-nos uma perspectiva demasiado interessante acerca da relação direta entre o conteúdo que se pretende articular por meio de um texto e a forma a partir da qual a sua escrita deve ser alinhavada. Não seria, por acaso, assim, que sua labiríntica escrita denunciaria o também labiríntico modus operandi de sua forma dialética de pensar. Em linhas gerais, Adorno defende que a particularidade de determinadas ideias só pode ser tratada a partir de uma forma textual tão ou mais particular do que essas.
Livre improvisação e pensamento musical em ação: novas perspectivas
o u n a l i v r e i m p r o v i s a ç ã o n ã o s e d e v e n a d a ) u m l u g a r d e v o n t a d e s l i v r e s A p r op osta d a liv r e im p r ov isaç ão tr ata d a im p lem en taç ão d e u m "lu g ar " (esp aç o-tem p o r al) p r o p íc io a u m flu xo v ital m u sic al p r o d u tiv o .
A improvisação livre não é lugar de práticas interpretativas
Revista Debates - Unirio, 2018
Música enquanto objeto e música enquanto ação As definições usuais colocam a criação e a interpretação musical(execução) em espaços e tempos diferentes. Embora se diga que a interpretação é, quase sempre, um ato criativo que se dá sobre algo previamente estabelecido, é preciso diferenciar. O processo criativo envolvido na interpretação de uma obra de Beethoven, Debussy, Webern ou Ligeti é, certamente, diferente do processo envolvido numa performance de improvisação livre. Principalmente no que diz respeito às relações entre o tempo real e o tempo diferido. Nesse sentido, a improvisação livre 2 não é uma prática interpretativa, pois não há nada consolidado ou definido no passado para ser interpretado no presente. A não ser, é claro, o que pode ser considerado como o conhecimento de base que os músicos trazem para o ambiente da performance – além de seus corpos e seus instrumentos – e que inclui suas biografias, habilidades e ideias de música. Nas práticas interpretativas que ocorrem no contexto da música de concerto de tradição europeia, quase sempre, a música pode ser pensada como uma espécie de objeto preparado em tempo diferido, no passado (comunicado para os performers através de uma partitura, uma proposta, um roteiro ou um conjunto de ideias) que é interpretado em tempo real, no presente, por músicos que não participaram do processo de criação. 1USP 2É importante relativizar este conceito: improvisação livre ou totalmente despreparada não existe. A este respeito afirmo na minha tese de doutorado: " Chegamos, porém à paradoxal conclusão de que a improvisação totalmente livre não existe. Ou melhor, só existe relativamente (...). A improvisação é um ato coletivo dirigido a um certo ambiente territorializável no próprio ato. Pressupõe vários atos de vontade que visam dar consistência a vários elementos e componentes. Estes elementos e componentes-o físico/corpo do músico, os idiomas a que foi submetido, sua biografia musical e pessoal-já delimitam as possibilidades. Os próprios procedimentos (variar, desenvolver, imitar, contrastar, transpor, etc.) que compõem o pensamento musical são ritornelos que traçam caminhos de consolidação. A percepção em suas diversas formas, erigida na relação de configuração entre sujeito e material se soma na tarefa de fazer com que um certo ritmo estabeleça interações entre os músicos agenciando assim um território (em alguns casos, altamente instável) onde se agenciam os discursos de cada músico envolvido na improvisação (COSTA, 2003, p. 169) ". Estou aqui me referindo a um tipo improvisação que se diz " livre " e que é aquela que abre mão de qualquer planejamento anterior e na qual os músicos, equipados apenas com seu conhecimento de base pessoal e seus instrumentos, enfrentam uma situação de jogo interativo em que atuam musicalmente em tempo real. Nesse sentido, eles não interpretam nada (nenhuma peça musical que esteja definida numa partitura ou na tradição de um povo). Como exemplo deste tipo de prática, vale a pena mencionar a atuação da contrabaixista francesa Joëlle Leàndre, da flautista estadunidense Nicolle Mitchell, dos guitarristas ingleses Fred Frith e Derek Bailey, do saxofonista inglês Evan Parker, do percussionista inglês Eddie Prevost entre muitos outros. No Brasil há vários artistas e grupos que se dedicam à prática da improvisação livre dentre os quais cito a Orquestra Errante (coordenada por mim no Departamento de Música da USP) e o Coletivo Improvisado (coordenado pelo professor Manuel Falleiros na Unicamp).
A livre improvisação musical enquanto operação de individuação
Resumo: Neste texto busco relacionar conceitos desenvolvidos por Georges Simondon a respeito dos processos de individuação com as minhas reflexões sobre o plano de consistência da livre improvisação musical. Para fomentar esta reflexão utilizo formulações anteriormente desenvolvidas no âmbito da minha pesquisa de doutorado (2003) em que me apoiei na filosofia de Deleuze e Guattari para investigar o funcionamento dinâmico dos ambientes de livre improvisação musical. O objetivo é afirmar e detalhar o caráter processual e imanente da prática de livre improvisação musical, cujo fluxo se delineia na forma de uma sucessão de estados provisórios. As noções de devir, multiplicidade e transdução serão fundamentais para o desenvolvimento da argumentação.