Nagini, Quesintuu e Umantuu: apropriações iconográficas do “barroco colonizador” (original) (raw)
2018, Memoria del 56.º Congreso Internacional de Americanistas. Volumen III. Arte y patrimonio cultural
Nagini, Quesintuu e Umantuu: apropriações iconográficas do "barroco colonizador". Nagin é o nome dado às figuras híbridas-parte mulher, parte cobra-que, segundo as mitologias hindu e budista, habitam o mundo submarino. Quesintuu e Umantuu são sereias-com cauda pisciforme-do lago Titicaca. Apesar de geograficamente distantes, ambos os seres mitológicos têm a particularidade de terem sido apropriados pelos Jesuítas e utilizados nas suas igrejas. No caso das nagini, mais concretamente na antiga colónia portuguesa de Goa estas surgem esculpidas em madeira, nos púlpitos, adoptando por vezes uma cauda de peixe. Por sua vez, naquele que foi outrora território espanhol, as sereias andinas surgem esculpidas em pedra, nomeadamente nas fachadas das igrejas. É precisamente esta similaridade improvável, que tem lugar em geografias tão distantes-unidas pela Companhia de Jesus e pelos colonizadores ibéricos-, que a apresentação visa tratar. Introdução. A ideia de comparar dois mundos aparentemente tão distantes, como são o subcontinente indiano e a América do Sul, surgiu de uma conversa inesperada num hotel de Coimbra. Foi aí que conheci a Professora Doutora Renata Martins e descobrimos que entre as sereias andinas e as nagini indianas haveriam semelhanças acima do espectável, merecedoras de estudo. É, portanto, com este tópico improvável «Nagini, Quesintuu e Umantuu: apropriações iconográficas do "barroco colonizador"» que me apresento nesta conferência. Espero, essencialmente, contribuir para a construção de pontes de conhecimento entre os dois continentes. Este artigo visa dar um pequeno passo no ambicioso caminho das histórias conectadas. Seguindo a pisada de dois grandes investigadores que dedicaram parte dos seus trabalhos à análise das acções europeias tidas durante os períodos de ocupação, na América e na Ásia, assim como a sua relação com as comunidades locais-Gruzinski, Subramanyam 1. É proposta uma análise conjunta de geografias apartadas. Por esta razão, o artigo visa simplesmente comparar as já mencionadas figuras híbridas femininas, entre si, ao mesmo tempo que são lançados pontos de discussão, se colocam hipóteses e se abre espaço para debate de ideias. Ao mesmo tempo, a tecnologia existente, potencia este tipo de trabalhos dinâmicos, baseados nas trocas e relações, sobre os vários aspectos de um mesmo tema a nível global, que anteriormente apresentariam maior dificuldade.