Escrever sob o fascínio da imagem -ressonâncias entre o pensamento de Maurice Blanchot e Georges Didi- Huberman (original) (raw)
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Escrever sob o fascínio da imagem - ressonâncias entre o pensamento de
Revista Visualidades, 2017
Resumo O artigo problematiza o conceito de imagem a partir do pensamento de Maurice Blanchot e Georges Didi-Huberman. Explorando especialmente os conceitos de duplicidade da imagem em Blanchot e dupla distância do olhar em Didi-Huberman, pretende-se verificar os pontos em que se faz convergir nesses autores um modo de operar o pensamento e a escrita sobre a arte em sua relação com a imagem. Nesse jogo, sujeito e objeto são lançados a uma instabilidade, movimento em que o sujeito se desfaz de si mesmo pela imagem, se desfaz de si no encontro com uma obra. Momento em que a imagem solicita a palavra e em que a língua torna-se o lugar desde onde podemos nos aproximar dela. Palavras-chave: Blanchot, Didi-Huberman, imagem
O cadáver como inquietante – Sobre imagem e imaginação no pensamento de Maurice Blanchot
Imerso no cenário do imediato pós-guerra europeu, o crítico literário, romancista e ensaísta francês Maurice Blanchot declarava nos anos 1950 que, para nós, a morte permanecia um instante crucial, mas tornara-se desprovida de verdade ou sentido. A emergência dessa tendência no mundo ocidental é difusa, mas podemos concentrá-la de modo satisfatório nas poéticas da alta modernidade, especialmente as poéticas de Baudelaire e Mallarmé, que, em sua exploração e expansão radical da linguagem relacionaram a imagem da morte à experiência de inadequação que passa a conduzir o processo de autodelimitação e autocompreensão da subjetividade na Alta modernidade. Na esteira dessa tradição, a centralidade da imagem da morte na compreensão da literatura e de mundo de Maurice Blanchot encontra suas raízes imersas no horizonte compartilhado de expectativas em que se conjuga um desejo por unidade e sentido, e a fragmentação inevitável daquilo que ele anseia por reconhecer como “notre monde”. Para Blanchot, a tarefa intelectual e artística na contemporaneidade seria reencontrar a vocação humana de poder-morrer.
A escrita e o olhar filosófico: ressonâncias do pensamento de Maurice Blanchot
Agora Papeles De Filosofia, 2010
Una explícita tendencia a la exteriorización marca el tono de la filosofía contemporánea, en un movimiento caracterizado por una aproximación cada vez más nítida entre literatura y filosofía. La escritura de Blanchot porta singularmente la señal de esa exteriorización, llevada al límite en la idea de lo Neutro. En este artículo, intentamos analizar la idea de lo Neutro como interrupción del rumbo unificador y totalizador de toda una tradición filosófica, poniendo en tela de juicio el acto teórico como acto de visibilidad y de apropiación, y poniendo bajo sospecha la unificación subyacente en la construcción tradicional de la "identidad".
Georges Didi-Huberman: “... O que torna o tempo legível, é a imagem”
Artefilosofia, 2011
Por ocasião da sua passagem por Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, para a conferência "Peuples Exposés", integrada no ciclo de conferências A República por virarte, política e pensamento para o século XXI, encontrámos Georges Didi-Huberman para a entrevista que se segue, em torno do seu livro Remontages du temps Subi. L'oeil de l'histoire, 2 (Éditions de Minuit, 2010). CINEMA (C): Podemos dizer que Remontages du temps Subi. L'oeil de l'histoire, 2, prolonga aquilo que Georges Didi-Huberman tem procurado pensar ao longo de toda a sua obra, ou seja, "as condições do pensamento das imagens". O livro traduz esta preocupação ao nível particular do que designa por "questionamento do papel das imagens na legibilidade da história". Neste sentido, ele integra o mesmo universo problemático de seu trabalho mais recente, Survivances des lucioles (2009) e, sobretudo, Images malgré tout (2004) e Quand les images prennent position. L'oeil de l'histoire, 1 (2009). Quer comentar estes dois contextos, o mais global e o mais local, da relação do seu livro com o resto de sua obra?
Maurice Blanchot: a comparação como iluminação
RESUMO: O ensaio "O infinito e o infinito", do escritor, filósofo e teórico da literatura Maurice Blanchot, apresenta um exercício de literatura comparada entre Jorge Luis Borges e a poesia de Henry Michaux, produzida quando este último se submeteu a testes científicos de uso da mescalina. Blanchot une distintos universos, e no contato entre as diferenças do escritor latino-americano e do francês, irrompe a iluminação. A partir do estudo do conto de Borges, "Tlön, Uqbar, Orbis Tertius", de Ficções, e de dois fragmentos poéticos de Miserável Milagre, foi possível visualizar o que Blanchot denominou "poder de reversão da literatura". PALAVRAS-CHAVE: Maurice Blanchot. Literatura comparada. Jorge Luis Borges. Henry Michaux. "Para o homem mesurado e de mesura, o quarto, o deserto e o mundo são lugares estritamente determinados. Para o homem desértico e labiríntico, votado ao erro de uma conduta necessariamente um pouco mais longa do que sua vida, o mesmo espaço será verdadeiramente infinito, mesmo se ele sabe que não o é e tanto mais se ele souber." Maurice Blanchot [2013?] 1 .
Escrita e Outro em Maurice Blanchot: Disrupções na obra, na identidade e no pensamento (filosófico)
A Sombra dos Demónios: Para uma História da Cultura em Negativo, coord. José Eduardo Franco e Ricardo Ventura, Edições Esgotadas, 2019
Sendo uma questão primacial do pensamento filosófico, a questão radical do Outro, pensado como (in)condição e limite de todo o pensamento e discurso, constitui uma das maiores tarefas e exigências da filosofia contemporânea. Maurice Blanchot (1907-2003) surge, neste contexto, como um autor incontornável pelo papel crucial que teve na emergência e radicalização de tal questão no âmbito da literatura. Recusando qualquer tentativa de categorização do pensamento e da escrita — o que implicou a recusa do título de filósofo —, Blanchot deixou-nos uma vasta, invulgar e exigente obra na qual descobrimos um claro movimento no sentido da desconstrução das fronteiras entre o literário, o crítico e o filosófico.
Georges Didi Huberman e Walter Benjamin história da arte e o tempo das imagens
Revista de Teoria da História · Journal of Theory of History, 2021
Determined to show that the humanist model of art history hierarchizes and excludes the subject’s matter, Georges Didi-Huberman resorts to the ideas about history presented by Walter Benjamin. The German thinker distrusts the purpose of the historian who rationalizes the facts, explaining them through causality and motivations, and often emphasizing the progressive character of the historical process. The possibilities of reading the past are based, here, on the perception of an afterlife of the past, and not on historical continuity, the conception rethink, in our text, the relationship between the German thinker and the french art historian