Prefácio: Fake-news num jornalismo dependente (original) (raw)
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Prefácio: O poder da propaganda sobre o jornalismo
Revista Portuguesa de História da Comunicação, 2019
Michael Schudson, num corpulento artigo publicado na revista Journalism (2001) intitulado 'The objectivity norm in American Journalism', refere, a propósito da impiedosa força da propaganda, que "nunca nada tinha sido tão ameaçador [para o jornalismo] como o trabalho dos relações públicas", mas também que "a Pulitzer School of Journalism at Columbia University foi formando mais graduados para a indústria das relações públicas do que para o jornalismo" (p.162). Uma evidência demonstrada anteriormente por um conjunto de autores que marcaram este combate entre o jornalismo e propaganda e onde se destacam as obras como Ballyhoo: The voice of the journalism (1927) de Silas Bent, Freedom of The Press (1937) de George Seldes, The Disappearing daily (1944) de Oswald Garrison Yillard, But We Were Born Free (1952) de Elmer Davis, The Hidden Persuaders (1957) de Vance Packard, The Fourth Branch of Government de Douglas Cater, Life in the Crystal Palace de Alan Harrington ou, ainda, o muito badalado The Image (1961) de Daniel Boorstin. Tudo trabalhos que evidenciam teorias sobre como a propaganda usa a comunicação social para moldar a opinião pública para fins políticos e comerciais. Aliás, o pioneiro dos estudos da propaganda, Harold D. Lasswell, e o próprio fundador das relações públicas, Edward Bernays, reconhecem a capacidade que a propaganda tem para mudar até os comportamentos individuais. Correntes teóricas que hoje têm expressão em autores de como Noam Chomnsky, Ignácio Ramonet e David Miller, pois continua a ser premente estudar a "orquestra de persuasão" principalmente numa altura em que o Jornalismo atravessa uma das maiores crises de sempre.
Comunicação & Sociedade, 2022
O artigo apresenta questões sobre as contradições do recrudescimento da retórica de autolegitimação da prática jornalística com a crise do estatuto histórico da concepção de verdade no contexto de disseminação das chamadas "fake news". Considera-se no artigo a hipótese de que a resposta do campo jornalístico ao fenômeno tem buscado amparo em elementos deontológicos ancorados em uma releitura do “realismo ingênuo” (GOMES, 2009), o que fragiliza o argumento de autolegitimação e aproxima a retórica do campo de uma espécie de paralaxe que projeto luz em elementos estruturais semelhantes ao do fenômeno que combate (as próprias “fake news”), eclipsando a compreensão da complexidade do fenômeno cultural mais amplo: a disseminação social de modelos narrativos respaldados por padrões culturais aderentes pavimentados na vida cotidiana.
Hiperjornalismo: Uma visada sobre fake news a partir da autoridade jornalística
Revista FAMECOS
Neste artigo, procuramos contribuir para o debate sobre fake news a partir da noção de era do “hiperjornalismo”. Com essa proposta, deslocamos o ponto de vista das ferramentas ou soluções disponíveis para evitar a propagação de notícias falsas em sites de redes sociais para uma reflexão sobre as condições de emergência desse fenômeno. Nossa hipótese é de que as notícias falsas também são consequência de um movimento a partir do qual o campo jornalístico consegue impor suas regras internas para outros campos de produção. Com base nisso, questionamos se é em torno das oposições entre verdade e mentira, entre investigação jornalística ou falta dela, que poderemos avançar nessa discussão e sugerimos que a discussão da veracidade não pode ser separada da discussão da autoridade e do pacto de credibilidade entre meios de comunicação e cidadãos
Fake News: Ética e Credibilidade Jornalística em Risco
Anais Intercom Nacional, 2017
Alinhado a produção de fatos reais nas redações está o crescimento do Fake News . Esse tipo de conteúdo prejudica o trabalho jornalístico e coloca o repórter em um dilema: ser veloz e acreditar nas informações que chegam nas redações ou perder a oportunidade do furo e investir um tempo maior para checar os materiais. O presente artigo tem por objetivo discutir como o Fake News afeta as redações jornalísticas e como o jornalista deve se posicionar para produzir um conteúdo ético, de qualidade e de credibilidade.
Edição 520 - Fake news. Ambiência digital e os novos modos de ser
O mundo contemporâneo e as sociedades hiperconectadas nos jogam diante de inúmeros desafios. Se por um lado o fenômeno das fake news é efeito desse novo ethos das sociedades em midiatização, a produção desse tipo de conteúdo não se restringe a ele. Trata-se de uma dimensão mais ampla da comunicação mediada não somente pelos usuários das redes, mas por tecnologias de inteligência artificial, sofisticados levantamentos de dados e emulações do comportamento humano por robôs. Toda essa ambiência produz um novo modo de ser e estar no mundo, que exige pensar quais tipos de valores estão sendo propostos. Não parece, contudo, haver dúvida de que estamos diante da necessidade de construirmos uma rede e uma sociedade que não sejam entrópicas e que tenham, como horizonte, o respeito à diversidade e a preservação dos valores da pessoa humana. Para pensar essa problemática, a revista IHU On-Line desta semana reúne uma série de pesquisadores, de diferentes áreas, para pensar a emergência das fake news.
Características jornalísticas nos sites de Fake News
XXIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste, 2018
O presente artigo tem por objetivo analisar as semelhanças entre sites que divulgam fake news e portais ou sites jornalísticos. Neste século, as mentiras ganharam formato de notícia e estão cada vez mais próximos do cidadão. O artigo apresenta a origem dos boatos com Kapferer (1993) e os conceito de Cultura da Mídia desenvolvidas por Kellner (2001) para análise de notícias falsas que circularam sobre o caso “La Bête”.
Jota, 2023
Enquanto não se institucionaliza a aprendizagem regulatória, o direito e o poder se retroalimentam negativamente, em um círculo vicioso de anomia e impotência, de desautorização e deslegitimação de qualquer estratégia de decodificação e gerenciamento de riscos, enquanto crescem, em um “estado de natureza” virtual, os perigos da comunicação digital, com seu potencial exponencial de viralização e de produção de danos reais, massivos e difusos.