O centro, o século XIX e a cidade em Portugal, vistos desde o Porto (original) (raw)
Related papers
O Porto visto pelo Doutor João de Barros em meados do século XVI
História: Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2021
In the middle of the 16thcentury, Doutor João de Barros wrote Geographia d'Entre Douro e Minho e Tras-os-Montes, a book that represented an important geographic and chorographic account of those regions, with interesting details that include not only urban and architectural descriptions, but also elements related to economic activities, social relationships, devotions, and legends, among many others. The city of Porto stands out for the detailed descriptionin this book, recently republished. The analysis ofother contemporarysources and recent historiographic studies will enlighten us about the historical rigor of this 16thcentury account
" Lisboas operárias " no final do século XIX
2016
Ciclicamente acontecem transformações no perfil populacional e ocupacional das cidades. É por exemplo o caso do processo atual de reconfiguração do centro de Lisboa, motivados pelo crescimento do turismo e pelas políticas de rendas. Também, no período final do século XIX, sobrevieram transformações económicas e sociais, dessa feita, impulsionadas pelo desenvolvimento industrial e urbanístico da cidade. Este jogo de adaptações e mudanças a que se assisteatualmente e no passadono espaço da cidade depende da intervenção de atores públicos e privados e da sua capacidade para mudar formas de vivência e moldar aproveitamento dos espaços urbanos. Em Lisboa, tal como em Barcelona, Bilbao, Lyon, Turim ou Estocolmo, viveu-se uma intensa transformação demográfica e urbana no final do século XIX. As áreas centrais destas cidades eram dotados de uma grande diversidade social. Já nos novos bairros, que foram surgindo nas periferias da cidade tradicional, vivenciou-se uma crescente homogeneidade no que toca aos seus habitantes, constituídos fundamentalmente por operário/as, artífices, mulheres empregadas no serviço doméstico e pequenos comerciantes. Na última década do século XIX, a cidade de Lisboa 1 passou por alterações estruturais -económicas, sociais e urbanísticasque implicaram mudanças nas vivências quotidianas dos seus habitantes. Este foi o momento em que o crescimento demográfico da cidade de Lisboa, onde em 1890 se concentrava mais de 7% da população portuguesa 2 , se passa a fazer à custa dos migrantes que vão em larga medida engrossar as classes trabalhadoras, nomeadamente a operária, e se inicia uma nova segregação social da cidade. Muitos destes habitantes eram «novos lisboetas» vindos a sua maioria dos distritos de Coimbra, Viseu e Leiria, que provocaram um aumento significativo dos efetivos populacionais, resultado de uma forte migração proveniente do país rural em direção à capital. É, também, o momento da publicação das primeiras normas legislativas de cariz laboral 3 e da legalização do associativismo de classe, sendo que o Estado obriga, ainda assim, ao registo e aprovação dos respetivos estatutos no Governo Civil 4 . Aliando estes dois exemplos ao crescimento demográfico efetivo e ao facto do Censo de 1890 indicar que 34% dos habitantes da cidade tinham uma atividade profissional, relacionada
IX Congresso da Geografia Portuguesa – Geografia: Espaço, Natureza, Sociedade e Ciência, 2013
Nas últimas décadas, face às incertezas do planeamento, à maior imprevisibilidade da evolução dos territórios e ao recuo do Estado assistimos à expansão e consolidação de abordagens integradas de base local que procuram mediar conflitos e regular a totalidade das dinâmicas urbanas, afirmando-se cada vez mais como alternativa, de curto prazo e espaço restrito, à intervenção setorial ou ao planeamento e ordenamento (no sentido mais físico) de um espaço urbano mais alargado. Sobre este pano de fundo, aborda-se o caso do Porto, em especial a ação para o “centro” e as intervenções mais recentes, lembrando alguns dos princípios, planos e projetos do Porto Oitocentista.
Natureza e cultura no Porto do século XIX
Revista Convergência Crítica, 2012
A estruturação social de uma cidade pode inferir-se da morfologia e estrutura dos espaços verdes. Partindo de uma carta da cidade do Porto (Portugal), de 1892, procedeu-se ao reconhecimento dos contextos tipológicos e espaciais da estrutura verde em finais do século XIX: i) cidade intramuros; ii) a área de expansão extramuros, de forte ampliação nos séculos XVIII e XIX iii) anel periférico rural, suporte do desenvolvimento urbanístico ao longo do século XX. A modernização da cidade resulta no encontro e conflito entre a produção do espaço e da natureza, a representação das suas paisagens e a prática concreta dos seus lugares.
A Porto Alegre do século XIX sob o olhar dos viajantes
Nau Literária
Este trabalho tem por objetivo analisar a forma de olhar dos viajantes sobre a cidade de Porto Alegre no século XIX. Os viajantes que aqui estiveram enxergavam a cidade sob o influxo da nova sensibilidade a que estavam submetidos, e, por isto mesmo, a percebiam sob a ótica do estranhamento, vinculada à barbárie e, portanto, distante da preconizada modernidade. A partir da análise dos recortes de crônicas de viagem contidos no livro intitulado: Os viajantes olham Porto Alegre, de Valter Noal Filho e Sérgio Franco, pretende-se entender o olhar singular lançado pelos viajantes sobre esta cidade que se encontrava em plena formação no período, bem como perceber o processo de construção das imagens de Porto Alegre em diferentes relatos de viagem. Como base teórica recorremos às obras: Fisiognomia da Metrópole Moderna, de Willi Bolle e O Imaginário da Cidade: visões literárias do urbano – Paris, Rio de Janeiro, Porto Alegre, de Sandra Pesavento. Palavras-chave: cidade, alteridade, viagem.
Trajetos da arquitetura civil na cidade do Porto do século XIX à primeira metade do século XX
2018
1. A ProCurA dE uM ESTILo PArA A ArQuITETurA dA CIdAdE do PorTo ATÉ AoS PrIMEIroS AnoS do SÉCuLo XX O Porto no início do século XIX mantinha ainda uma imagem de cidade amuralhada, densa e voltada para o rio, mas já há muito se tinha expandido em direção a zonas rurais, como Massarelos, o Campo de Santo Ovídio (hoje Praça da República) e à freguesia de Santo Ildefonso. A expansão e adensamento do núcleo medieval ocorreram em grande parte no século XIX, tendo por base a malha urbana preexistente, ou seja, os eixos de acesso à cidade criados no século XVIII, os loteamentos de muitas quintas, e o alinhamento de caminhos antigos1. Algumas das maiores alterações na fisionomia da cidade verificaram-se nos anos 30, quando houve uma redefinição do território urbano com a anexação das freguesias periurbanas de Lordelo, Paranhos e Campanhã2. Para as alterações fisionómicas da cidade contribuiu também, e como consequência do Cerco do Porto (1832-1833), o abandono da zona baixa da cidade por par...