Livros do Brasil Limitada (Lisboa, 1944- ) [publishing house] (original) (raw)

Livros do Brasil: uma editora portuguesa para a literatura brasileira (1940-1970)

Convergência Lusíada, 2020

O artigo analisa a trajetória do editor Sousa Pinto e suas relações com o Brasil, em especial a partir da organização da Quinzena do Livro Portu­guês realizada no Rio de Janeiro, em 1941, e da sua editora, a Livros do Brasil. Interessa-nos, sobretudo, compreender como os trânsitos de su­jeitos e livros por além-mar projetou a literatura brasileira em Portugal.

Livros do Brasil e a edição de romances brasileiros em Portugal nos anos 1940

FronteiraZ : Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária

Enquanto esforço de historiografia literária e editorial, o presente artigo tem como objetivo lançar luz sobre as edições portuguesas de romances brasileiros realizadas pela editora Livros do Brasil, casa fundada em Lisboa, em 1944, por António de Sousa Pinto. A partir da recuperação de fontes primárias (com destaque para cartas e contratos), examinam-se, sobretudo, as negociações travadas entre Sousa Pinto e José Olympio no que diz respeito à edição, em Portugal, de títulos de dois importantes autores de nossa chamada geração de 1930: José Lins do Rego e Rachel de Queiroz. Mais especificamente, recupera-se o embate travado entre a atitude interventiva do editor luso, que defendia a necessidade de se ajustar o texto das obras de ambos os escritores à variante europeia do idioma, de modo a aproximá-las do leitorado português, e a recusa inicial dos romancistas, que exigiam o respeito estrito aos “brasileirismos” por eles empregados.

Termas dos Cássios. Lisboa Romana volume IV (2020)

A capital urbana de um município de cidadãos romanos. Espaços de representação da cidadania, 2020

Descobertas pela primeira vez em 1771-1772, as Termas dos Cássios são um dos mais monumentais edifícios da parte propriamente urbana de Felicitas Iulia Olisipo e contudo um dos menos conhecidos da cidade actual. Expressão da plena romanidade, os autores avançam com leituras novas sobre novos e velhos dados sobre este edifício, o único no momento do qual conhecemos o nome original romano.

Edição e Editores: o mundo do livro em Portugal, 1940-1970

O livro procura analisar os modos plurais em que se sustentou a edição de livros em Portugal num período marcado por uma matriz autoritária na relação do poder com a sociedade, o Estado Novo. Pretendeu-se, com a pesquisa efectuada, chegar às múltiplas formas de como a edição e o editor se foram construindo num cenário à partida adverso. O estudo assumiu como objectivo essencial a interpretação da vitalidade e complexidade demonstradas pela persona do editor português e pelo sector de actividade em que este se posiciona, demonstrando como foi no período explorado que se foram constituindo paulatinamente as bases da moderna cultura tipográfica portuguesa, caracterizada pela existência de aspectos tensionais e contraditórios. Registou-se uma transformação do campo editorial que, durante os anos observados (princípio dos anos 1940 a finais dos 1960, três décadas de particular importância para a edição) se distancia do que se pode considerar um antigo regime tipográfico. A adopção de alguns traços de contemporaneidade da edição coexistem com a persistência de atributos que a ancoram a um mercado acanhado, estruturalmente frágil e habitado por personagens cujo sentimento de identidade tende a mitificar o editor como personalidade abnegada, heróica e amante do mundo das letras e das ideias. Eivado de paradoxos, o acanhado mercado do livro no século XX parece sempre ter guardado lugar ao aparecimento de novos editores e de novos projectos editoriais que, por vezes, parecem irromper em revoada, como no decurso dos anos 1940. Os actores deste dinamismo cunharam o mundo social da edição portuguesa, projectando uma identidade que remanesce actualmente e que durante o lapso temporal em que vigora grande parte do Estado Novo estava alinhada com a que prevalecia, ou havia prevalecido pouco tempo antes, em amplos segmentos daqueles que se dedicavam ao ofício de editar noutras paragens. Ser editor em Portugal durante o período autoritário era, a julgar pelas práticas discursivas de muitos dos seus agentes, em grande medida, aderir à noção de apostolado, sobrelevando a cultura ao negócio, assumindo mais a posição intelectual do que a função gestora. Discrepantes apenas à superfície, as lógicas de manutenção de um ethos editorial ancorado num espírito de devoção cultural – embora de modo progressivamente menos entrincheirado e com maior hibridação à medida que os anos finais da ditadura se aproximam – e de capacidade de uma certa vanguarda dos métodos, géneros e materiais de produção e disseminação do livro, ganham coerência quando observadas em várias durações e escalas. Longe de optarem por uma lógica confrontacional assumida, método que os conduziria inevitavelmente ao reduto da clandestinidade, os editores portugueses recorreram a estratégias de relação não aquiescente à matriz política e ideológica do regime que não deixaram de passar por escolhas de coexistência (exemplo da tranquilidade relativa do percurso do grémio do sector) e mesmo de uma certa colaboração (caso dos livros escolares, em que editores e livreiros não deixavam de participar activamente nos concursos de adjudicação governamental), logrando assim alguma pacificação nas relações com um poder repressivo e censório que, se nunca terá conseguido ou querido edificar e aprofundar uma política do livro consistente, também não singrou pela prática totalitária do aniquilamento dos agentes que o trabalhavam. Assumir um discurso eminentemente cultural não foi apenas uma forma de elaborar um sentido de si dos editores num contexto de supressão da liberdade e de baixíssimos índices de alfabetização, constituindo, porventura, uma dimensão identitária fundamental na gestão dos processos contraditórios na edição portuguesa, essenciais à sua sobrevivência e transfiguração. No quadro de uma mudança lenta, mas observável na oferta e métodos editoriais portugueses do período estudado, em domínios como a modernização gráfica, a inovação e arrojo nas capas, muito maior actualidade internacional na literatura e no pensamento, maior qualidade na impressão e mais rigor na tradução, dá-se a permanência de um campo suportado até bastante tarde por elementos tradicionais e até por algum paroquialismo associado à exclusão da indústria do livro português dos processos em que os sistemas editoriais mais avançados se foram vendo envolvidos, perceptível, por exemplo, nas dinâmicas de internacionalização da produção e comercialização. Se, por um lado, este dado estrutural poupou a realidade nacional de alguma redução best-sellerizante que se desenvolveu mais precocemente noutros países, permitindo à generalidade dos editores portugueses um certo sentido de militância na sua intervenção e, portanto, de uma saliente consciência de não abdicação perante as contingências do mercado e do aparelho repressivo sobre o livre pensamento, por outro, manteve-a afastada de soluções com curso consolidado nos sistemas centrais.

Lisboa e os Ballets Russes. ISBN 978-989-98998-1-0

(Coord. and Co-author) Lisboa e os Ballets Russes, Lisboa: FCSH, 2014

O primeiro centenário da apresentação dos Ballets Russes em Paris (1909-2009), foi pretexto para comemorações um pouco por todo o mundo. O presente volume está associado a essas celebrações, considerando a atenção que tiveram no nosso meio artístico os espectáculos dados em Lisboa, pela trupe russa. Em 1913, no âmbito da primeira digressão americana, a Companhia passou por Portugal, para uma digressão americana, mas só em 1917/18 se apresentou nos palcos do Coliseu dos Recreios e do Teatro Nacional S. Carlos. Esta estada seduziu os futuristas e entusiasmou os baletómanos, sendo pretexto para Almada Negreiros escrever o seu “Manifesto aos Ballets Russes”. A passagem dos Bailados Russos por Lisboa coincidiu com um dos períodos mais sombrios da sua história e os espectáculos na capital ocorreram em condições difíceis. Entre aplausos e críticas, perpetuou-se um gérmen de desassossego plástico e coreográfico que viria a estimular alguns dos nossos melhores artistas. A memória dos espectáculos de Lisboa e as notícias que chegavam das sucessivas temporadas da companhia diaghileviana, reflectiu-se nos quadros do teatro de revista e constituiu, para António Ferro e Francis Graça, um ponto de referência para o lançamento do “Verde Gaio”, a primeira companhia de dança portuguesa, em 1940. Mais tarde, com a criação do Ballet Gulbenkian e da Companhia Nacional de Bailado, algumas das obras do reportório diaghileviano vieram a ser dançadas por bailarinos portugueses, tendo sido favoravelmente recebidos.

Produção e circulação de livros no Brasil: os best-sellers de iniciação da Editora Brasiliense (1890-1905)

Revista Extraprensa

Fundada em 1943, a Brasiliense atuou como uma das editoras mais proeminentes do Brasil, com destaque em dois diferentes momentos históricos: o período da República Populista (1945-1964), marcado pelo florescimento de editoras de posições progressistas, e a reabertura política, com o enfraquecimento da ditadura militar na década de 1980. É nessa segunda fase que a Brasiliense investe em coleções voltadas ao público jovem, fornecendo uma série de leituras organizadas que dão origem a improváveis best-sellers de iniciação cultural, como a coleção “Primeiros Passos”. Neste artigo, adotaremos as noções de História Cultural de Roger Chartier (2002) e as conceituações de best-seller propostas por Muniz Sodré (1988), Sandra Reimão (1996) e Umberto Eco (1970) para refletir sobre a formação de catálogo da editora, os processos produtivos e o circuito ideológico literário com o objetivo de problematizar possíveis contribuições do mercado editorial para a instituição de visões críticas do mundo...